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Fã de The Walking Dead? Confira crítica da temporada 6.1

A sexta temporada mostrou-se sem coesão ao mesmo tempo que negligencia a inteligência do espectador

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01/12/2015 às 16:24 • Atualizada em 01/09/2022 às 5:43 - há XX semanas
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Cinemáticos Redação Cinemáticos
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The Walking Dead é a prova de que o respeito não voltou, parodiando a cínica frase de Eurico Miranda sobre o time do Vasco; futebol e cartolas a parte, mesmo com um episódio inicial que mostrou-se um dos melhores de toda a série, a primeira parte da sexta temporada mostrou-se sem coesão ao mesmo tempo que negligencia a inteligência do espectador, criando um mistério cuja resposta está aquém da realidade imposta no universo da série.

Mas como dito, não foi de todo mal: com um crescendo em sua direção e parte técnica com raccords, rimas entre outros recursos, TWD começou bem pela tensão criada através de momentos picotados e uso de uma fotografia preto e branco (que lembra não só os quadrinhos mas a primeira obra de George Romero) mostrando o mar de zumbis pastoreado por Rick (Andrew Lincoln) e seu grupo, auxiliados pelos moradores de Alexandria. Vejo aquele momento como uma trilha de miolos de pão que nos auxilia a trafegar pelos caminhos tortos da calmaria necessários à série – e que está muito mais presente nos quadrinhos. A urgência criada pelas cenas de fotografia em preto e branco no episódio First Time Again é o que nos faz trilhar todo o episódio. É um recurso honesto.

JSS, o segundo episódio, segue a linha do primeiro sem o recurso alternado de cores: não seria ruim se os dois fossem um episódio único de estreia, mas começam os mistérios desnecessários dessa temporada, iniciados pelo nome do episódio (que significa “Just Survive Somehow”), litania que Enid (Katelyn Nacon) deixa em uma carta para Carl (o cada vez mais alto Chandler Riggs).

Percebe-se a escolha dos roteiristas em trabalharem com personagens menos populares, onde não fica explicado se por conveniência ou por serem desinteressantes, apenas sobrando a justificativa de equilibrar as relações entre o espectador e o grupo que torna-se cada vez maior (ou criar empatia com possíveis mortes). O trio Carol (Norman Reedus), Daryl (Norman Reedus) e Michonne (Danai Gurira) sai do holofote, dando espaço para Morgan (Lennie James), Glenn (Steven Yeun, que embora presente desde o início, não tem mais função específica), entre outros que aderiram ao grupo posteriormente.

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Obrigado Glenn. Por Nada.

O começo dos problemas aparece em Thank You. Claro, estou falando da suposta morte de Glenn que mostrou-se um dos pontos mais baixos da série pelos motivos intelectuais citados acima – a série ainda brincou com a retirada do nome do personagem dos créditos. É como se o programa precisasse de um Jon Snow (ainda preciso de espaço para destilar meu ódio por Game of Thrones), mas assim como a série da HBO está no Low Magic (termo para designar as fantasias com pouca ou nenhuma interferência de mágica), The Walking Dead tem que trabalhar no “morreu, morreu”. E isso não é ruim a partir do momento que as mortes são dignificadas ou não, pois o significado da vida é efêmero em ambos os universos; o problema é quando o potencial da morte é subestimado, e isso enfraquece a trama e as de outros personagens que venham a ocorrer.

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Fillers: o que são, onde vivem e do que se alimentam.

O que é um filler? São aqueles episódios em que “teoricamente” nada acontece, usados para encher linguiça ou “segurar a onda” para desenvolver um personagem. E TWD conseguiu fazer o bom e o ruim. O exemplo bom, vimos em Here’s Not Here, onde o personagem Morgan, mesmo que por um processo filosófico meio torto e rápido demais para ele virar um exímio praticante de Aikidô, tem justificada sua mudança e visão perante o mundo em que vive.

Porém, temos o exemplo oposto em Always Accountable, evento que poderia ser tranquilamente retirado do grupo de episódios e que deixaria perguntas ínfimas no decorrer dos demais episódios: ao utilizar Daryl, um dos melhores personagens em uma situação que não acrescenta nada ao personagem (era de se esperar a entrega da mochila pelo personagem, uma vez que ele já agiu várias vezes dessa forma), a relação entre Abraham (Michael Cudlitz) e Sasha (Sonequa Martin-Green) poderia ser firmada de forma que não soasse tão forçada, e mais: que a manipulação não fosse tão direta, uma vez que no penúltimo episódio, Heads Up,Rosita (Christian Serratos), a atual affair do militar, é exposta de forma antipática ao chamar a atenção de Eugene (Josh McDermitt) – e por que raios ele ainda está vivo?


E começa o fim.
Start to Finish
, o último episódio desta mid-season, começa com uma metáfora presente nos créditos de Guerra Mundial Z, onde “hordas” de insetos destroem um prato de comida. E o que de fato acontece em Alexandria após a queda de uma torre devido aos danos causados pelos Wolves à muralha. Sei que a obra dos quadrinhos e a série tem suas diferenças, mas confesso que nos minutos finais do episódio eu não gostaria de ter lido a HQ, pois existia um fim muito melhor que aquele e que o mesmo ainda pode estar comprometido – tiveram misericórdia de Judith (finada desde os eventos da prisão nos quadrinhos). Infelizmente, para o espectador, resta um final morno e a pergunta: quem é Negan? Porém é uma pergunta que ainda não tem força o bastante para incitar curiosidade.

PS: Acho “engraçadas”as tretas raciais nos EUA, como no episódio 4, onde Morgan tem uma cena de ação com um “wolf” e um zumbi negros.

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