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Jogos Vorazes - A Esperança: Parte 2, confira crítica

Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) continua sua luta com a Capital

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26/11/2015 às 15:02 • Atualizada em 01/09/2022 às 6:08 - há XX semanas
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Cinemáticos Redação Cinemáticos
Entre tantas funções do Cinema, duas são das mais interessantes: retratar a situação política e social de sua geração e imaginar o futuro lógico da sociedade em que vivemos. A franquia “Jogos Vorazes” conquistou público e crítica ao unir com sabedoria esses dois elementos em um futuro distópico criativo, digno das ficções científicas dos anos 70, porém sem o peso de urgência e sentido de perigo que essas tinham de sobra.
Essa segunda metade do último terço da história de Katniss Everdeen (ou seja, um sexto da história total extraída de seus livros adaptados), finaliza o arco da camponesa vencedora do reality show mortífero Jogos Vorazes e sua luta contra o sistema desigual de seu país.
A ideia de um governo que, para enfraquecer a luta do povo pelos seus direitos, constrói anualmente um campo de batalha em que seus próprios servos se encontrem uns contra os outros, é uma representação interessante para o tipo de ignorância absolutamente atual em que vivem diversos países. Uma mirabolante reflexão alegórica sobre a sequência lógica de eventos que esse posicionamento levará.
O ponto alto de “A Esperança – O Final”, talvez seja o próprio peso acumulado por sua protagonista, que apresenta características agregadas que comprovam seu amadurecimento, seja para o bem ou para o mau. Aliás, é importante deixar bem claro que o próprio filme repudia essa noção maniqueísta, entregando um caráter tridimensional à Katniss, a garota que não mata, em uma máquina obcecada pela missão de assassinar o Presidente Snow (Donald Sutherland em uma interpretação deliciosamente maquiavélica). A gradação no peso dos olhares e o enrijecimento dos movimentos da atriz Jeniffer Lawrence facilitam ao espectador a experiência de compreensão do drama da personagem sem a necessidade de um didatismo maior.
As relações amorosas do longa, assim como em toda sua franquia, se apresentam de maneira extremamente imatura, o que se harmoniza com a idade de seus personagens, mas não com a inteligência proposta pelo roteiro. O maniqueísmo repudiado pelo universo proposto é abraçado profundamente no momento em que identificamos certos elementos de julgamento moral para a decisão do triângulo amoroso protagonista. O pano da ilusão cai, e todo aquele mundo estilizado e pretensiosamente perspicaz se reduz à um emaranhado de situações convenientemente estruturadas para agradar e emocionar um público mais vulnerável.
“A Esperança – O Final”, tem alguns dos momentos mais interessantes no que diz respeito as suas cenas de ação. A escolha de câmera na mão e a dessaturação de sua fotografia dão credibilidade ao realismo proposto pelo filme em detrimento de um possível tratamento fantasioso frequentemente elaborado para filmes infanto-juvenis. Essa “fantasia espalhafatosa” é reservada aos momentos de cinismo e ironia, onde seu design de produção aposta em cores berrantes e futuristas para tingir os vestidos e paletós vindos diretamente da França pré-revolução.
Esse anacronismo é talvez um dos pontos mais bem resolvidos da franquia, algo já usado em outra distopia (talvez uma das mais interessantes da História do Cinema): “Laranja Mecânica”. A pomposidade pré-revolucionária da classe alta da Capital é um lembrete histórico para a sequência lógica de eventos que se sucedem após uma pequena parte de um todo reter toda a riqueza de uma sociedade.
Contendo talvez uma ou duas cenas efetivamente memoráveis, “Jogos Vorazes – A Esperança – O Final” (ufa!), cumpre bem a meta medíocre que estabeleceu para si mesmo: a de pegar uma proposta de potencial incrível e realizar um filme de estúdio correto e pouco corajoso. Todo o discurso dissertado sobre audácia e bravura tornam-se hipócritas quando o próprio meio de transporte para a mensagem dita se apresenta como um equilibrista que não passa de um palmo da altura do chão.E com rede de segurança.

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