Acompanho a carreira de Nicole Kidman no cinema e na TV americana há alguns anos e sempre me deparo com uma atriz entregue ao papel, dando o melhor de si na frente das câmeras. Mas o que ela faz dando vida à detetive Erin Bell em 'O Peso do Passado' é simplesmente inacreditável. Basta olhar o cartaz de divulgação do filme para ver a transformação pela qual Kidman passou, o que se confirma logo nos primeiros minutos do longa.
Completamente desfigurada, ela interpreta uma policial bêbada, arrependida do resultado de uma investigação feita anos atrás, quando se infiltrou em uma gangue formada por assaltantes de banco. O filme é repleto de flashbacks que explicam os motivos que levaram a protagonista ao estado deplorável que se encontra nos dias atuais, incluindo seu péssimo relacionamento com a filha adolescente.
'O Peso do Passado' é sombrio, fala de arrependimento, de vingança a qualquer custo e termina do jeito que eu gosto: sem final feliz, como pede uma boa tragédia. Apesar disso, as relações construídas entre os personagens não saem do lugar comum e os conflitos vividos pela detetive são rasos, o que faz o filme parecer um pouco clichê. A verdade é que o longa foi feito com dois objetivos claros: agradar a Academia de Hollywood e fazer Nicole Kidman brilhar.
Vencedora do Oscar de melhor atriz em 2003, por interpretar a escritora Virginia Woolf em 'As Horas', Kidman deve ser uma das indicadas neste ano, embora suas chances de faturar a estatueta sejam pequenas. De todo modo, a ida ao cinema está mais do que recomendada para apreciar o show de interpretação dessa atriz, que nos surpreende como a mãe do Aquaman, a esposa maltratada da série 'Big Little Lies' ou como a sofrida detetive Erin Bell.
*Heyder Mustafá é jornalista e produtor cultural formado pela UFBA, editor de conteúdo da GFM e Bahia FM, apresentador do Fala Bahia e apaixonado por cinema, literatura e viagens.
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Redação iBahia
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