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Opinião - "Namorados para Sempre" não é mais uma comédia romântica

Jornalista faz critica de filme lançado próximo ao Dia dos Namorados

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11/06/2011 às 8:43 • Atualizada em 26/08/2022 às 20:27 - há XX semanas
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Não, o filme Namorados para Sempre não é uma comédia romântica. A péssima tradução do poético título original em inglês, Blue Valentine, é uma armadilha das distribuidoras brasileiras para atrair casais desavisados ao cinema, no 12 de junho. Portanto, se você pensa em ter um domingo de Dia dos Namorados do tipo ‘felizes para sempre’, evite-o. Adendo feito, vale ressaltar que o longa independente, dirigido pelo ainda pouco conhecido Derek Cianfrance, acostumado a realizar documentários, é um primor. Não à toa, este ano, somou indicações nos mais importantes festivais de cinema do mundo, incluindo o de Sundance, na categoria Grande Prêmio do Júri. Protagonizado pelos super-talentosos Michelle Williams e Ryan Gosling, 30 anos, a produção narra a história de Cindy e Dean, um casal que se conhece, se apaixona, se casa e, após um determinado tempo, passa a lutar contra a rotina de um casamento e de vidas sem expectativas. A interpretação da pequena notável Michelle Williams contagia pela densidade e entrega (vide as cenas de sexo). Revelada ao mundo em Brokeback Mountain (2005), a viúva de Heath Ledger vive uma jovem que engravida e, inconscientemente, acaba abrindo mão do sonho de ser médica e das loucuras da juventude, para se casar com o namorado por quem está perdidamente apaixonada. Passado o encantamento, a moça começa a ter repulsa pelo marido, que, por mais contraditório que possa parecer, ela ainda ama. Pelo papel, Michelle foi indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar de melhor atriz. E se a interpretação da atriz americana é contagiante, a atuação de Ryan Gosling impressiona. O belíssimo ator canadense é Dean, um romântico inveterado, que continua apaixonado pela esposa, é um pai amoroso e um exemplo de integridade. O problema é que sua vida resume-se à família, a pintar casas e a uma dúzia de cervejas por dia. Sua passividade é um dos maiores motivos de desentendimentos entre o casal. O personagem rendeu a Gosling a indicação ao Globo de Ouro de melhor ator de drama, além do título de herói romântico da vez nos Estados Unidos. Mesclando belas e delicadas cenas de amor e outras de sofrimento intenso, Namorados para Sempre, modesta produção de US$ 1milhão, é, basicamente, uma fita sobre corações partidos. “Cianfrance queria realizar um filme que fosse à imagem e semelhança do homem, espelhando nossas fraquezas”, resume Gosling. Ele conseguiu. Com louvor.

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