Realizador de sucessos como “O sexto sentido” e “A vila”, com seus finais surpreendentes, M. Night Shyamalan se diz “um provocador”.
"Vidro", que chega aos cinemas brasileiros amanhã (17), é a terceira parte de sua trilogia de super-heróis: “Corpo fechado” (2000), com Bruce Willis e Samuel L. Jackson, e “Fragmentado” (2016), em que James McAvoy interpreta 24 personalidades de um mesmo sujeito são os primeiros capítulos. “Vidro” une os personagens.
— Quando escrevi “Corpo fechado”, pensei: como seria criar um ponto de vista mais humanista dos heróis dos quadrinhos? — diz Shyamalan. — Como seria se eles existissem em um plano humano? Não vai ter lasers saindo dos olhos deles, ninguém voa, não há uniforme, nada disso.
“Vidro” é, portanto, não apenas o fechamento de uma saga, mas, como diz o personagem Mr. Glass (Vidro) de Jackson, o capítulo inicial de um novo universo de personagens com superpoderes.
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Uma publicação compartilhada por Samuel L Jackson (@samuelljackson) em 1 de Dez, 2018 às 5:06 PST
— Vocês podem esperar um novo universo, mas eu não acho que vá fazer isso. Apenas joguei a ideia. Faço filmes autorais. Gosto de criar histórias originais. E curto a provocação — diz o diretor.
A seguir, leia o que pensa Mr. Jackson sobre Mr. Glass.
O que o fez querer interpretar o personagem?
Li o roteiro e vi que era um indivíduo complexo, com uma história pregressa interessante. Gostei da ideia de interpretar um cara com aquela mente. Temos em comum o fato de acreditarmos que o universo das histórias em quadrinhos fala da nossa realidade. A história dele é triste e única. Mas o mais interessante dele é ser alguém tão frágil e, ao mesmo tempo, tão forte.
Como foi contracenar com James McAvoy mudando de personalidade? Você se perdia às vezes?
Em alguns momentos eu parava para assisti-lo e via que havia um pequeno sinal físico que precedia a entrada de um novo personagem. Na cena em que eu fico mudando a luz, de costas para ele, eu sentia uma nuance na voz, na caracterização, que me dizia que outra pessoa estava ali. Como ator, é fascinante ouvir e assistir, porque eu sei o que é necessário para fazer aquele tipo de caracterização, e, ao mesmo tempo, vê-lo transitar sem muita dificuldade. A gente fica com um pouquinho de inveja… Será que eu consigo fazer esse personagem? E aquele? Como Elijah ( Mr. Glass ), então, é mais empolgante ainda ver este cara que tem todas essas coisas dentro dele e levá-lo até o personagem que ele está tentando trazer à tona.
O que representam as cores dos personagens?
Olha, a figurinista me deu essa cor, o roxo. E eu amo roxo. Em “Star Wars” também é a minha cor. Para ele e para muitas pessoas, o roxo representa realeza.
Quando você fez o feitor de escravos em “Django Livre”, especulou-se que levaria outro Oscar, mas você sequer foi indicado. Aquele personagem era perturbador para a comunidade negra. Que reação você teve das pessoas?
Quando li aquele roteiro, eu sabia exatamente do que se tratava. Fui avisado que iria interpretar o homem mais desprezível da história do cinema. Eu disse: “Beleza, vamos nessa!” (risos) Eu não tive medo. Porque Steven é um cara muito forte e interessante. Ele tinha muita independência, considerando-se que também era um escravo. O único poder que tinha era dentro das paredes da fazenda Candyland. Ali era o seu reino. Porque enquanto o personagem do Leonardo DiCaprio estava ocupado fazendo outras coisas, ele comandava a plantação. Muito mais inteligente do que as pessoas pensavam que era.
Você festejou muito bastante as indicações de “Pantera Negra” nas redes sociais. Acompanha o debate sobre igualdade de oportunidades de trabalho para negros e brancos, homens e mulheres em Hollywood?
Sim. Eu sempre acompanhei. E sempre notei que essa desigualdade acontecia. Na verdade, na maioria das indústrias há um domínio masculino. O movimento #metoo é importante. O movimento por mais mulheres trabalhando na direção, atrás das câmeras é importante no sentido de dar às mulheres oportunidades de contar suas histórias e de controlar a maneira com que sua imagem é retratada. Minha filha é produtora de TV. Então eu sei o quanto isso é importante pra ela. Mas eu vejo que muita gente fez muito para diminuir essa diferença entre os gêneros. E está melhorando finalmente. Hoje muitas meninas querem ser diretoras. Escrever suas histórias. E espero que isso continue. Eu apoio todos esses movimentos.
Ao ver "Pantera Negra", você teve uma epifania sobre como seria ter visto um filme assim quando criança?
Teria sido muito diferente. Eu teria crescido aspirando coisas diferentes de Errol Flynn, que era meu modelo de ator. Claro que eu assisti aos filmes do Sidney Poitier, mas ele não fazia os personagens que eu gostaria de interpretar e que só fui ver mais tarde com a blaxploitation. Ter tido a oportunidade de ver todo aquele visual teria sido tão importante quanto foi alguns anos atrás para as meninas verem “Mulher Maravilha” e, daqui a alguns meses, verem “Capitã Marvel”. Quer dizer, espero que elas gostem de “Capitã Marvel”.
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Redação iBahia
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