Em “Turma da Mônica — Laços” , primeira adaptação dos personagens de Mauricio de Sousa com atores reais, as crianças do bairro do Limoeiro não são traduções literais das páginas dos quadrinhos. A Mônica não levanta um carro com sua força descomunal; o Cebolinha não tem apenas cinco fios de cabelo na cabeça; a Magali não coloca cinco melancias na boca de uma vez só, e o Cascão não está sem tomar banho desde sempre.
Mas quem acompanhou ou acompanha as aventuras dos quatro amigos nas revistinhas, que já venderam mais de 1 bilhão de exemplares, vai reconhecê-los facilmente no longa dirigido por Daniel Rezende. Trata-se de uma adaptação da premiada revista de mesmo nome assinada pelos irmãos Lu e Victor Cafaggi, que estreia nesta quinta-feira em 700 salas — não chega a ser um recorde, mas é um número significativo para uma produção nacional.
Na trama, Floquinho desaparece, e os amigos se unem para procurar o cachorrinho verde do Cebolinha:
— Quando assumi o filme, um meio de entender o live action era responder à seguinte pergunta: “Como seriam esses personagens se eles existissem de verdade?”. Não queria que fosse um filme de HQ farsesco, e sim uma tradução dos quadrinhos para a realidade — diz o cineasta, de volta à direção dois anos depois de lançar "Bingo: O Rei das Manhãs" , sobre a louca vida de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo, nos anos 1980.
Atores estreantes
A escolha de Giulia Benite (Mônica), Kevin Vechiatto (Cebolinha), Laura Rauseo (Magali) e Gabriel Moreira (Cascão) para os papéis dos meninos e meninas também é resultado dessa dinâmica:
— Partimos de uma premissa: não estamos procurando a Mônica, o Cebolinha, a Magali e o Cascão... — diz Rezende sobre o processo de escolha, que partiu de um universo de 7,5 mil crianças inscritas em um site.. — Procuramos crianças que atraiam a nossa atenção. Com exceção de Kevin (Cebolinha), que tinha participado de filmes e de novelas do SBT e da Record, os outros não tinham experiência.
Por mais que seja inspirado no universo da HQ, o filme foi concebido com DNA próprio. O bairro do Limoeiro, por exemplo, não está localizado no tempo e nem no espaço.
— Queria fazer isso porque o traço do Mauricio é atemporal. Com poucas linhas, ele mostra muita coisa — explica Rezende.
O telefone de disco na casa dos personagens e a ausência de qualquer menção aos celulares dão uma pista da época retratada no fillme. Da representação da praça do bairro do Limoeiro, uma locação na cidade mineira de Poços de Caldas, até a escolha dos personagens e da disposição dos quartos em suas casas, tudo teve aprovação de Mauricio de Sousa.
— Se eu fosse desenhar uma praça no Limoeiro, ela seria exatamente como está no filme — diz Mauricio.
A história da HQ “Laços”, no entanto, não sustentaria um filme inteiro se fosse adaptada fielmente. Por isso, Rezende inclui na trama a figura do Louco, um de seus preferidos da turma. Interpretado por Rodrigo Santoro , o personagem tem uma participação breve, mas intensa e destinada a comunicar principalmente com os adultos.
— Queria que o Louco entrasse para subverter a lógica real. Ele só aparece para o Cebolinha nos quadrinhos. — lembra o diretor. — Pode ser que nem todo mundo entenda tudo nas cenas dele. É mais para os pais, mas as crianças vão se divertir também. Ele fica de ponta-cabeça, brinca do contrário...
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Redação iBahia
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