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Veja a crítica de 'Capitão América: Guerra Civil'

Longa mostra a amizade dos heróis Capitão América e Homem de Ferro sendo posta em jogo após ideias divergentes

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05/05/2016 às 8:20 • Atualizada em 01/09/2022 às 13:43 - há XX semanas
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Cinemáticos Redação Cinemáticos Quando até os heróis lutam entre si para defender ideais divergentes, se despindo do maniqueísmo vilanesco, do antagonismo óbvio e bidimensional, o nível de seriedade do projeto aumenta. Em um momento de sérias crises ideológicas que pairam sob a humanidade, a escolha do arco de Guerra Civil como encerramento da trilogia do Capitão América já soa extremamente acertada à primeira vista. O resultado final é uma evolução, tanto narrativa quanto qualitativa, do cultuado Capitão América: O Soldado Invernal, sucesso de crítica e público por fugir do tom pasteurizado que permeia grande parte dos produtos entregues pela Marvel nos cinemas.Assim como em seu antecessor, o filme se despe de proporções megalomaníacas para se dedicar ao drama de seus personagens, seus conflitos externos e internos. Um mérito vindo de um roteiro conciso, incrivelmente objetivo para um longa de duas horas e quarenta minutos, que consegue se manter honesto com os personagens e seus arcos pré-estabelecidos. Inclusive inserções que poderiam soar um tanto quanto inorgânicas se misturam de forma fluída e empolgante, como o próprio Homem-Aranha e seu tom absolutamente leve, mesmo que sua participação não tenha grandes serventias para o arco principal.Tanto Chris Evans (Capitão) quanto Robert Downey Jr. (Homem de Ferro), ganham tons “dégradé” em suas construções psicológicas. Suas motivações são mais palpáveis, mais humanas, e se a arrogância de Tony Stark e seu conflito heroico já não colava mais tanto desde o fim de seus filmes-solo, aqui nos é entregue um belo arco de seu personagem, onde sua derrocada fica cada vez mais eminente graças ao seu próprio poder auto-destrutivo. Seu olhar, em diversos dos momentos de conflito do filme, aponta um sentimento de urgência e seriedade esquecidos desde a origem do personagem. Já o personagem-título, cujo nome atualmente não passa de uma bela ironia sobre a bandeira que veste em seu uniforme, tem nas consequências dos filmes anteriores uma maturidade calejada, se portando como o verdadeiro veterano de guerra que é.
Foto: Divulgação
E, como não poderia faltar, a comicidade – inerente aos filmes da Marvel – está forte e presente ao longo do filme, desta vez de forma mais sutil e sofisticada. O teor de pastiche e a escolha de gags atribuídas à ações rotineiras e humanas pela parte do time de super-heróis leva ao riso sem necessidade de grandes estripulias. Em determinados momentos, um olhar de cumplicidade já basta para assinar a piada, ou um comentário rápido e bem inserido que revela o absurdo presente em uma sequência de ação, muitos deles executados de forma divertidíssima pelo Falcão e Homem-Formiga, que já equilibram o tom proposto pelos Irmão Russo.As próprias cenas de ação demonstram um cuidado estético diferenciado, conciliando uma fotografia dinâmica com uma boa compreensão geográfica dos ambientes propostos; o que impressiona, vista a quantidade de conflitos simultâneos que ocorrem durante o filme. O clima de tensão e desconfiança é tamanho que as próprias cenas ambientadas em escritórios, onde os diálogos são seus alicerces, soam tão provocativas quanto suas mais grandiosas sequências de ação. Uma áurea “Hitchcockiana” paira, apontando possíveis influências de " Homem que Sabia Demais", onde cenas de fuga são constantemente intercaladas com sequências mais contraídas que abusam do estilo para emular angústia em seu espectador.Por outro lado, percebe-se uma coragem moderada, diplomática, em saber ir até o limite para manter a simpatia entre todos os envolvidos no conflito, mesmo sem se mostrar bobo na tentativa. Esse sentimento de cautela indica um cuidado para que cicatrizes maiores não sejam deixadas no universo já estabelecido; o que, em menor grau, dá sequência à um dos maiores pontos negativos observados no Universo Cinematográfico Marvel.Envolvido por uma trilha sonora genericamente estimulante, onde destaca-se pela personalidade um ou dois temas que fogem um pouco à proposição entregue anteriormente por Alan Silvestri em seus capítulos anteriores, Capitão América: Guerra Civil posiciona-se pela costura competente e equilibrada que prendem seus arcos. Sem, em momento algum, ser desonesto com sua proposta e indicar um time para que o público assuma como seu, o filme se demonstra bem sucedido em sua ambição de alcançar novos voos para seu universo em constante expansão, mesmo que, no fim do dia, retorne são e salvo às suas origens.

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