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Wagner Moura recusa rotular 'Praia do Futuro' como filme gay

Filme com direção de Karim Aïnouz estreia nos cinemas no próximo dia 15

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08/05/2014 às 14:53 • Atualizada em 02/09/2022 às 3:30 - há XX semanas
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Uma das estreias mais aguardadas no cinema nacional, este ano, "Praia do Futuro", que traz no elenco o baiano Wagner Moura e o alemão Clemens Schick em cenas quentes de sexo, com direção de Karim Aïnouz, não é um propriamente um filme gay. A história levanta muitas outras questões, que merecem atenção especial, como os estereótipos comportamentais que ainda precisam ser quebrados. Um dos méritos da obra é, sem dúvida, mostrar ao público uma outra faceta de atuação de Wagner Moura e afastar um pouco as marcas deixadas pela interpretação do famoso Capitão Nascimento de "Tropa de Elite" (1 e 2). Ao mesmo tempo, evidencia a versatilidade de interpretação do artista, que depois de dar vida um militar, vive agora um salva-vidas que se apaixona por outro homem. De passagem por Salvador para divulgar o filme, que foi gravado em Fortaleza e estreia nos cinemas no próximo dia 15, Wagner Moura, fala sobre tais questões. Desta vez, ele vive Donato que enfrenta um dilema ao fracassar em um resgate pela primeira vez, e conhece o alemão Konrad (Clemens Schick), amigo da vítima. Atraídos fisicamente, os dois começam a se relacionar, logo após se conhecerem. Donato larga sua família no Brasil, incluindo o irmão Ayrton, de 10 anos, com o qual tem uma forte ligação, e vai para a Alemanha viver com Konrad. Oito anos depois, Ayrton (Jesuíta Barbosa) embarca para a Europa em busca daquele que considerava o seu herói.Para Wagner, o fato de o drama familiar estar inserido em um contexto de romance homoafetivo é uma coisa forte no filme, mas não deve ser o único aspecto a ser ressaltado. "Eu acho que quando a gente começa a falar desse tipo de coisa, tem duas coisas que são perigosas: uma é a gente cair na superficialidade de rotular a produção como 'filme gay'. O que é isso? O que é um filme hetero? Esse é um filme de pessoas, de um cara que se apaixona por outro cara e vai viver isso", conta.Além da relação homoafetiva, o filme fala, através dos seus silêncios, da relação de abandono sofrida por quem fica – no caso, o irmão de Donato – e da possibilidade de se reconstruir em outro lugar. “Ao contrário do que os professores de roteiro ensinam, de que o filme tem de se concentrar em uma temática, ‘Praia do Futuro’ fala de várias coisas. Para mim, o que mais é significativo é a partida e o porvir. Isso está escrito no nome do filme, a praia não é só praia, é sempre uma fronteira. O filme fala muito dessa possibilidade de você se reinventar em outro lugar e termina com essa possibilidade também”, considerou o diretor. Karim, que é cearense, deixou Fortaleza aos 17 anos para estudar na Europa. “O sentimento de Donato é uma coisa que conheço muito bem”, afirma.
ComparaçõesA história do herói que vai se humanizando ao longo da trajetória, pode ser encarada como um ponto de encontro entre Donato e Capitão Nascimento. No entanto, Wagner rejeita aproximações. “Eu procuro personagens bons e eles são diferentes na medida em que as pessoas são diferentes, as histórias são diferentes. Eu costumo responder essa pergunta sobre a diferença entre os dois de forma bem provocativa, dizendo que não vejo tanta diferença assim, porque as pessoas pensam que um homem gay não pode ser um homem viril”, questiona.Para Karim Aïnouz, “Praia do Futuro” tem muitas aproximações com outro filme que também conta com a atuação de Wagner: “Cidade Baixa”, de Sérgio Machado. Assim como o diretor baiano escolheu falar de ambientes com os quais tinha relação para discutir questões universais, o cearense quis voltar à Praia do Futuro, onde passou boa parte da sua infância e adolescência, para discutir questões que têm muita relação com a sua vida, a exemplo da partida. “Não chega a ser a Cidade Baixa de Sérgio Machado, mas é a minha casa. É o primeiro lugar em que vi um afogado na beira do mar, é o lugar onde fiz minha primeira farra”, lembra. Homenagem - Durante a pré-estreia do filme na capital baiana, na quarta-feira (7) Wagner Moura dedicou a exibição ao crítico de cinema baiano João Carlos Sampaio, falecido na última sexta-feira (2). “Gostaria de pedir licença ao Karim e ao Clemens e dedicar essa sessão ao João, gosto de pensar que ele iria gostar muito desse filme”, disse Wagner antes da exibição. Confira o trailer:[youtube UyFBAAiGCC8]

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