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O adeus à Caravana

Projeto da Rede Bahia, Caravana do Bicentenário vai chegando ao fim já tendo visitado 8 cidades e alcançado mais de 8 mil estudantes

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Ricardo Ishmael

10/11/2023 às 7:30 • Atualizada em 10/11/2023 às 9:13 - há XX semanas
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O adeus à Caravana O adeus à Caravana

Quando pegamos a estrada pela primeira vez, a caminho do Recôncavo Baiano, pensei que aquela seria, talvez, a nossa única viagem com a Caravana do Bicentenário.


				
					O adeus à Caravana
Projeto da Rede Bahia, Caravana do Bicentenário vai chegando ao fim. Divulgação

Errei. Errei feio. Aquela seria, como se mostrou depois, a primeira de uma série de viagens em direção à nossa história. É a certeza que tenho hoje, quatro meses após o início das viagens.

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Por onde passamos fomos recebidos com festa. Em Cachoeira, por exemplo, me surpreendeu ver o Cine Teatro Cachoeirano transbordando de estudantes das escolas públicas, de professoras e professores, da gente da comunidade que, à beira do lendário Paraguaçu, aguardavam ansiosamente o início da sessão. O pipoqueiro, visivelmente deslumbrado com a chegada da nossa equipe, veio até nós com um sorrisão, os olhos brilhando, um saquinho de pipoca na mão: “Filme bom tem que ter pipoca, né?” - disse ele.


				
					O adeus à Caravana
Projeto da Rede Bahia, Caravana do Bicentenário vai chegando ao fim. Divulgação

O bom filme a que se referia é o documentário “Bicentenário da Independência - Heróis e Heroínas da Liberdade”, uma produção da Rede Bahia que, conforme costumo enfatizar, tornou-se mais que um produto jornalístico. É, sem exagero, um documento histórico, um legado audiovisual que destaca, sobretudo, a participação popular nas lutas que garantiram em águas e solos baianos a consolidação da independência do Brasil há exatos 200 anos.

Depois de exibido em TV aberta no dia 2 de Julho, o documentário de 47 minutos passou a girar pelo estado a bordo da Caravana montada especialmente para esse fim. A partir de Cachoeira, empreendemos uma maratona de muitos quilômetros rumo a Itaparica, Nazaré, Valença, Feira de Santana, Serrinha, Salvador. Com concorridas sessões em auditórios, teatros, cinemas, dos espaços mais amplos às mais acanhadas salas de aula, acompanhamos o encantamento e o fascínio que o filme exerce sobre as mais variadas plateias.

Vimos crianças vidradas nas animações que completam o pacote gráfico do projeto, adolescentes que mal disfarçavam o entusiasmo com o modo quase “seriado” como que é contada a história de Maria Felipa, Maria Quitéria, Joana Angélica e João das Botas, considerados heroínas e herói nacionais. Nessas audiências, escondido no meu canto, observo cada reação, cada suspiro, os comentários feitos em sussurro, a emoção que, sim, vem à tona em diferentes momentos. Também eu, um manteiga derretida convicto, me emociono com o filme, e mesmo depois de tê-lo visto uma centena de vezes. Sou chamado pelos colegas de viagem de "o chorão da Caravana".

Fico ali no meu canto, em silêncio, pensando no Decreto Federal que elevou aqueles quatro protagonistas à honrosa categoria de Heroínas e Herói Nacionais. Seus nomes estão inscritos no Livro de Aço, uma estrutura galvanizada que ocupa o principal salão do Panteão da Pátria e da Liberdade, no coração de Brasília, onde também estivemos durante as gravações. Foi lá, durante a fase de captação de imagens e entrevistas, que ouvi uma curiosa afirmação de um dos seguranças do prédio, coincidentemente um baiano: “Pra nós, baianos, o 2 de Julho é o verdadeiro 7 de Setembro”.


				
					O adeus à Caravana
Projeto da Rede Bahia, Caravana do Bicentenário vai chegando ao fim. Divulgação

Talvez pelo fato de o ano do Bicentenário estar chegando ao fim e, com isso, a própria Caravana, me pego pensando nessa frase. Chego à conclusão que, sim, o segurança do Panteão tem razão. Não há data mais significativa para nós, povo baiano, que o 2 de Julho. Nela nos identificamos; é quando celebramos, com a nossa conhecida alegria, a participação popular naqueles combates. Penso que o 2 de Julho funciona como um espelhos: nele nos enxergamos, nos vemos refletidos nas mulheres pretas, nas indígenas, nos sertanejos, nos negros libertos e nos escravizados que, à época, lutaram pelo Brasil que acreditavam, o Brasil livre.

O professor Milton Moura, um dos historiados entrevistados no documentário, afirma que ao olharmos os carros com a Cabocla e o Caboclo desfilando pelas ruas de Salvador, nos reconhecemos naqueles símbolos populares. "Ali em cima vai o sonho da liberdade", diz ele.

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