Asteroid City é o mais novo longa do cineasta Wes Anderson (Ilha dos Cachorros), que cada dia conquista mais fãs com seu estilo bem característico de roteiro e direção. Neste longa, que se passa nos anos 1950, acompanhamos a cidade fictícia de Asteroid City, que recebe pais e alunos para uma convenção, que acaba dando muito errado, levando todos à uma quarentena forçada.
Mesclando cenas bem coloridas em tons pastéis agradáveis com o preto e branco da narração, o longo se desenrola como uma peça teatral que é explicada pelo personagem de Bryan Cranston (Breaking Bad). É um modo de construção de enredo bem específico, que pode deixar alguns espectadores incomodados. É cult demais e de nicho (não que ele não possa agradar o grande público). Dito isso, é preciso apreciar o estilo de Wes para seguir na lógico distópica que mistura os dois mundos - fictício e "real".
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Augie (Jason Schwartzman, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso) é um homem que vive o luto da perda recente da esposa. Ele não havia contado o evento para os quatro filhos e resolve fazer isso quando está à caminho da casa do avô das crianças e seu carro quebra. Justamente em Asteroid City. Logo na sequência, vários grupos vão chegando por conta da convenção, que é um grande mistério para todos.
O longa é agradável e confortável de assistir. Requer atenção do espectador, mas não exige uma dedicação intensa por parte dele. Flui com muita tranquilidade, nos mantendo atentos e interessados a todo momento. E isso se deve tanto ao estilo de gravação e fotografia, quanto à história em si, que é bem interessante. Logo somos apresentados ao personagem de Scarlett Johansson (Viúva Negra), uma jovem artista que vive pelo holofote e tem um lado dramático bem acentuado. Com trejeitos de Marylin Monroe, ela começa a flertar com o protagonista, o deixando curioso e incomodado ao mesmo tempo. A atriz conta ainda com a companhia de sua filha, que claramente é fruto de uma gravidez na adolescência e se envolve com o filho mais velho de Augie.
A capacidade que Anderson tem de reunir grandes nomes de Hollywood e ainda gerir todos de maneira equilibrada é impressionante. Temos artistas de peso como Tom Hanks (Um Lindo Dia na Vizinhança), Tilda Swinton (Joias Brutas), Steve Carrell (Querido Menino), que fazem suas participações (pequenas ou grandes) sem que ninguém tente roubar o holofote. Afinal, o foco ali é a história mais que curiosa daquela cidade. Temos até uma breve aparição do cantor brasileiro Seu Jorge, que surge para dar a "carteirada" da sua voz espetacular e marcante.
É curioso como o diretor e roteirista consegue trabalhar temáticas complicadas dentro de uma escala de "fofura". O luto pela perda da esposa e mãe é pautado em vários momentos e representa apenas um dos diversos dilemas existenciais que são apresentados ao espectador. É uma melancolia constante, especialmente quando percebemos que temos um sorriso no rosto e um lamentar constante. E isso se vale pois ele intercala com coisas mais leves, como o amor na adolescência, a pureza infantil e as trapalhadas do governo.
Asteroid City é mais um acerto de Wes Anderson, ainda que não seja sua obra suprema. Tem algumas questões em termos de ritmo, especialmente por conta deste vai e vem que representa a narrativa contada de uma peça teatral. Ainda que eu particularmente goste do modelo, é algo que pode trazer inquietação aos espectadores, mesmo os mais fãs. Ainda assim, é uma grata experiência cinematográfica, que merece a sua atenção.
Confira o trailer
Marcela Gelinski
Marcela Gelinski
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