Ah, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso finalmente chegou aos cinemas para deixar os fãs mais assíduos em polvorosa. Depois do enorme sucesso que foi o primeiro longa Homem-Aranha no Aranhaverso (2018), que rendeu até o Oscar de Melhor Animação, não é de se estranhar a ansiedade de todo mundo para saber os próximos passos de Miles Morales (Shameik Moore, Samaritano). E já posso adiantar sem o julgo de estar "emocionada demais" que ele é muito além do que poderíamos esperar.
Embora eu não seja a maior entusiasta de longas de super-heróis (apesar de gostar bastante de alguns específicos, como a franquia Vingadores), este personagem sempre me cresceu aos olhos. Tenho simpatia pela história, pelo humor, pelo protagonista. Ele é no estilo que eu imagino de bons filmes de heróis cheios de poderes que são, relativamente, palpáveis para nós. Então tem um "quê" de empolgação a mais ao ver um estudante comum escalando paredes e voando entre os prédios.
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Morales, então, consegue fazer isso da maneira mais leve e descompromissada possível, ficando lado a lado com o Peter Parker de Tom Holland (Homem-Aranha: Sem Volta para Casa) com a personalidade mais parecida com o herói dos quadrinhos. Miles aqui sofre o luto pelo tio que se foi, enquanto sente saudades constantes de Gwen Stacey (Hailee Steinfeld, Bumblebee). Não pretendo, no entanto, entrar nas miudezas dos detalhes do roteiro, já que spoiler é algo que ninguém gosta.
O que mais me chama a atenção nesta produção é o quanto a dedicação da parte gráfica faz toda a diferença na experiência do espectador. Com menos de 20 minutos de exibição, eu estava pensando sobre o quão incrível é esta parte da franquia e como dá tão certo. Unir diversas técnicas, das mais antigas às mais novas, assim como as diferenças estéticas de cada período, resulta em uma explosão de cenários e possibilidades, transformando cada cena em um ato único. Isso pode vir a ser caótico, claro, em alguns momentos, quando vemos um excesso de técnicas misturadas. E, por vezes, me pergunto como deve ser assistir este longa para pessoas com sensibilidades visuais.
Diferente de outros filmes de multiverso que simplesmente jogam os personagens em qualquer realidade, como uma catapulta sem sentido entre o espaço e tempo, em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso nós temos sentido e qualidade. Sim, diversas realidades nos são apresentadas (talvez até demais), mas de uma maneira tão coesa e justificada, que não ficamos perdidos em momento algum com o que está acontecendo. Tem propósito em cada invertida de universo que vemos ali.
Como um grande serviço aos fãs, este longa traz inúmeros detalhes escondidos em meio a trama, como personagens que surgem do nada e cenas de filmes e animações anteriores. É uma combinação dedicada ao público fiel, mas não chega ao nível da bajulação, o que seria extremamente desnecessário. Afinal, ele não precisa convencer ninguém a gostar de algo que, obviamente, é excelente.
A evolução e transição dos personagens, principalmente a dupla principal, é uma das melhores partes de acompanhar da trama. Gwen e Miles sofrem as dores de seus mundos e como isso os transforma como seres humanos, saindo da adolescência enquanto são empurrados para a maturidade sem dó. É um choque de realidade ao se dar conta que não há alternativa a não ser simplesmente aceitar os fatos como são e ter resiliência para lidar com eles.
Assim como no longa anterior, vai ser difícil encontrar alguém que não tenha gostado ou se apaixonado por Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. A riqueza de detalhes, a qualidade do enredo, os personagens envolventes e bem aprofundados, fazem com que o espectador fique deslumbrado a todo momento com aquilo que nos é apresentado. Um resultado primoroso e dedicado que mostra o quanto uma animação tem a nos oferecer em termos de qualidade em cinema.
Confira o trailer
Marcela Gelinski
Marcela Gelinski
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