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COISA DE CINÉFILO

‘Um lugar bem longe daqui’ é a pedida para o fim de semana para quem gosta de adaptação cinematográfica

Ainda que o ritmo de Um Lugar Bem Longe Daqui seja mais lento, não chega a entediar o espectador, que fica o tempo inteiro intrigado pela história de Kya

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Marcela Gelinski

27/08/2022 às 18:00 • Atualizada em 28/08/2022 às 12:34 - há XX semanas
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					‘Um lugar bem longe daqui’ é a pedida para o fim de semana para quem gosta de adaptação cinematográfica

Um Lugar Bem Longe Daqui é baseado no best-seller homônimo da autora estadunidense Delia Owens e conta a história da jovem Kya (Daisy Edgar-Jones, Normal People), que foi acusada pelo assassinato de um rapaz famoso e querido na pequena cidade onde moram. A comunidade local tem muito preconceito com a garota, que vive sozinha em uma tapera no meio do brejo, depois que toda a família a abandonou, ao longo de anos. Um advogado local acaba se compadecendo com a sua necessidade e se voluntaria para defender a causa. Ao longo da trama, vamos conhecendo mais sobre a personagem, sua origem e personalidade.

A história deste longa em si não é grande coisa e nem tão inovadora que nos faça crescer os olhos. O que se destaca aqui é a condução do roteiro, direção e atuação. Embora eu não tenha lido a obra original, em pesquisa descobri que ele é muito detalhista, o que o torna, por vezes, arrastado. Na tela grande, o roteiro optou por mostrar esses detalhes em todas as tomadas de cena, mas sem se demorar demais, para não o tornar monótono. Sendo assim, ainda que o ritmo de Um Lugar Bem Longe Daqui seja mais lento, não chega a entediar o espectador, que fica o tempo inteiro intrigado pela história de Kya.

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Com idas e vindas no tempo, vamos conhecendo mais da origem da garota. Como ela sofreu com o abandono da mãe que não aguentava mais as violências físicas do pai. Como o alcoolismo o tornou um homem rude, agressivo e sem afeto. A menina era tão pobre que não tinha dinheiro para calçados e vivia a base de mingau de farinha. Contou com o suporte e amorosidade de um casal dono de uma quitanda, que conseguia doação de roupas e dava alguns mimos quando ela ia lá. Tudo isso vai nos mostrando a vida de Kya e o motivo pelo qual a sociedade lá dos anos 1950 tinha tanto preconceito.

Ela era fora da curva. Não se vestia do jeito que todo mundo era acostumado, era pobre, não estudou em escola, não sabia ler e nem escrever. Quando seu pai finalmente a deixou, quando tinha uns 11 anos, as coisas melhoraram por um lado e pioraram do outro. Precisou começar a catar marisco no brejo para conseguir comprar comida e não passar fome. No meio do caminho, reencontrou um garotinho que a havia ajudado anos atrás e sido gentil. Agora um adolescente que nem ela, começaram a amizade, enquanto ele ajudava ela a aprender a ler e escrever.

O roteiro caminha sem pressa ao nos inserir nas emoções da trama. É muito fácil se envolver pelos personagens, pois rapidamente já estamos criando empatia por eles. Especialmente Kya e Tate (Taylor John Smith, Fúria em Alto Mar), seu primeiro amor. Lindas paisagens são ainda mais beneficiadas pelas tomadas acertadas de câmera, em um trabalho cuidadoso da diretora Olivia Newman. Tudo isso envolto em uma trilha sonora bem escolhida e bem casada com o tom do filme.

O ponto alto de Um Lugar Bem Longe Daqui, no entanto, são as atuações. Conhecia muito pouco do trabalho de Taylor John Smith, mas ele se mostra muito à vontade em cena, cabendo perfeitamente ao personagem bonzinho que interpreta. Já a protagonista Daisy Edgar-Jones já tinha feito um trabalho brilhante na excelente série Normal People e só confirmou ainda mais aqui o meu favoritismo por ela. Daisy não se esforça para atuar, simplesmente deixando fluir todas as emoções da personagem através de si. Ela cabe muito bem neste estilo de personagem mais tímida, pois seus trejeitos e tiques físicos casam perfeitamente com isso. Foi uma escolha acertada. Aliás, podemos dizer isso de todo o elenco.

Em uma mistura de drama com romance e mistério, o filme vai segurando facilmente o espectador nas suas 2h de duração, que a gente simplesmente não quer que acabe até que possamos descobrir o destino de todos os personagens. Como disse, não é um livro particularmente inovador, mas o trabalho feito neste filme com certeza favoreceu a história como um todo e rendeu uma ótima produção cinematográfica. É uma espécie de Nicholas Sparks num nível superior. Uma grata e positiva surpresa, que super indico!


				
					‘Um lugar bem longe daqui’ é a pedida para o fim de semana para quem gosta de adaptação cinematográfica
Foto: Acervo iBahia

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Imagem ilustrativa da coluna COISA DE CINÉFILO
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