Nada mais apropriado para o título de um projeto que homenageia a cena drag queen e a arte transformista de Salvador do que se chamar “As Rainhas do Centro”. Até porque, se há uma zona de convergência onde esses artistas brilham e reinam na noite, esta região é o Centro. Em boates, casas de show, bares, restaurantes e eventos diversos, como o emblemático espaço Âncora do Marujo, que já faz parte da história e da cena cultural dessa arte na capital baiana.
A diversidade de estilos, performances e composição de personagens desses artistas formam um manancial inesgotável de criação. Nos palcos do Centro e de quaisquer outros lugares desta nossa Bahia e do nosso Brasil, elas são quem elas quiserem. Nacionais, internacionais e interplanetárias. Ousadia, conhecimento, experiência e talento esses artistas têm pra dar e vender.
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O elenco do projeto “As Rainhas do Centro - Arte Transformista no Burburinho da Cidade” merece realmente muitos aplausos, ao reunir artistas pioneiros e outros de grande expressão e atuação dessa arte na Bahia, a começar pela icônica Bagageryer Spielberg, Rainha Loulou, Valerie O’Rarah, Ginna D’Mascar, Bia Mathieu, Dandara e Beatrice Papillon, que este sábado, 29/04, dia Internacional da Dança, às 19h, estarão juntas apresentando numa revista musical, no palco do Teatro Vila Velha.
Destacando ainda que, desde do dia 24/04, o elenco vem orientando oficinas gratuitas em diversos espaços de Salvador, com 50% das vagas reservadas para moradores das comunidades do Centro HIstórico e do Centro, em locais como o Âncora do Marujo, o Carmén Lounge Bar, além do Acervo Boca de Cena e o Teatro Vila Velha. Compartilhando suas experiências nas áreas de Figurino, Produção, Teatro, Dança, Humor e do Universo das Misses. Haverá também um debate entre os artistas sobre a relação desses gêneros com o Centro de Salvador.
Idealizado pelo ator e diretor Miguel Campelo, que também encarna no espetáculo a drag Beatrice Papillon, o projeto foi contemplado no edital Arte Todo Dia – Ano VI, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador. A produção é de Bergson Nunes.
BAGAGERYER SPIELBERG - drag queen/artista transformista
“Eu acredito que só tenho esse Título de "Rainha do Centro" devido a minha arte, meu ofício, meu talento. Amo ser um ator transformista!!”
VALERIE O’RARAH - drag queen/artista transformista
“Ser uma Rainha do Centro é lutar todas noites pelo reconhecimento da nossa arte, legitimando isso enquanto artistas, fazendo valer o nosso ofício, e trazer esse reconhecimento aos olhos de todos, que não somos apenas artistas de guetos e noturnos, mas que podemos ocupar todo e qualquer palco, fazendo transbordar o nosso talento e a nossa arte”.
BEATRICE PAPILLON - drag queen/artista transformista
“Ser uma Rainha do Centro é em primeiro lugar pertencer a uma comunidade. Social, artística e afetivamente. Não se trata de reinar no sentido de exercer poder sobre outras pessoas. Mas, ao contrário, de oferecer-se humildemente para representá-las através da Arte. Não tem nada de monarquia como o sistema político. Esse reinado na verdade é muito democrático, porque quem coroa as cabeças é sempre o público, o povo.
Somos uma comunidade historicamente muito maltratada, nossa arte nasce onde construímos nossos espaços de acolhimento, assim como o Centro de Salvador é para nós há décadas. Cada uma das dezenas ou centenas de rainhas que brilham aqui representam todas as pessoas da cena ou da plateia que têm nessa região e nessa arte sua força para resistir e brilhar”.
BIA MATHIEU - drag queen/artista transformista
“Ser rainha do Centro é também um agradecimento por tudo que artistas anteriores fizeram para que chegássemos aqui. Uma celebração a essas peças fundamentais para a valorização da arte transformista em Salvador. Os centros das cidades sempre representaram essa diversidade, e em Salvador não é diferente. Aqui, nós somos a alegria, a referência de arte, luxo e glamour, as verdadeiras Rainhas do Centro de Salvador”.
DANDARA - drag queen/artista transformista
“Ser uma Rainha do Centro é poder não somente estar no centro. É poder pensar nessas outras possibilidades de reinos periféricos. Como é que a gente pensa, descentraliza essa ocupação, pensando em quem está na margem dessa periferia desses reinos, dessas comunidades, desses bairros, dessas ruas… Isso pra mim é ser rainha do Centro”.
Arlon Souza
Arlon Souza
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