A criança que habita a alma do ator, escritor e diretor Lázaro Ramos caminha pela literatura infantil cheia de assuntos, memórias e questões. Se expressa em obras que refletem sobre temas diversos, na busca pelo autoconhecimento, ancestralidade, identidade, memória, autoestima, pelo imaginário infantil e pela consciência racial. E lógico que a paternidade tem muita relação com o seu processo de criação. O artista é pai de João Vicente, 10 anos, e Maria, de 8 anos.
A literatura de Lázaro Ramos traz em suas narrativas várias referências autobiográficas, como, por exemplo, a forma como nomeia alguns títulos e personagens, reverenciando sua família, seus filhos, seus avós... Seu primeiro texto infanto-juvenil , “Paparutas” (2000), se inspira numa festa popular de mesmo nome, manifestação cultural da Ilha do Paty, em São Francisco do Conde, terra natal de sua família.
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A protagonista de "A Velha Sentada" (2010) recebe o nome de sua avó, Edith. O livro, adaptado para o teatro com o título “A Menina Edith e a Velha Sentada”, abre um diálogo com a criança contemporânea, fazendo pensar sobre a relação das novas gerações com a internet e as novas tecnologias. Os best-sellers "Caderno de Rimas do João" (2015) e "Caderno Sem Rimas da Maria" (2018) homenageiam seus filhos e fazem uma viagem pelo mundo da leitura , das palavras e do universo particular criado pelo sentido que as crianças dão a elas. Já "Sinto o que Sinto e a Incrível História de Asta e Jaser" (2019) segue os passos da ancestralidade. Em "O Pulo do Coelho” (2021), o artista leva os pequenos a acreditar mais em si e a não desistir dos seus sonhos.
Chegando ao monólogo infantil “Boquinha… e assim surgiu o mundo” , montado pela primeira vez no Rio de Janeiro, em 2016, a personagem principal se chama justamente João Vicente. Na ficção, um garoto de 12 anos, que se pergunta, a partir de uma questão feita por sua professora, sobre a origem do mundo. Menino cheio de curiosidade, ele, e seu inseparável amigo “Boquinha”, têm a missão de desvendar os mistérios da origem do mundo.
Em sua aventura de descobertas, vai tentando entender e explicar este enigma através de diversas versões, viajando pela ciência e pelas culturas cristã, africana, chinesa, indígena e até mesmo o universo nerd. O autor se inspirou em mitologias e contos que retomam a tradição de se contar e ouvir histórias. Inclusive, por meio de histórias bíblicas, como muitos de nós conhecemos, com a criação de Adão e Eva e da Terra; seguindo por outras abordagens e crenças, por meio das cartas deixadas pelo avô da personagem.
O primeiro monólogo da carreira de Ridson Reis, ator do Bando de Teatro Olodum, se diferencia ao inserir nessa dinâmica a interação com o cinema de animação 2D , a voz em off, números de mágica e uma trilha sonora eletropercussiva muito fluida, cheia de ritmos e sonoridades. A montagem baiana teve sua estreia em 2019. Contudo, volta agora a cartaz no projeto Pé de Feijão, em duas únicas apresentações, nos dias 24 e 25 de maio, às 9h30 e às 14h30, com acesso livre e gratuito, no Teatro Vila Velha(@teatrovilavelha)
A produção audiovisual é assinada por Jamile Coelho e Rogério Vilaronga. O cenário e o figurino por Guilherme Hunder e Luiz Buranga. A iluminação é de Luiz Antônio Sena Jr.. Direção de movimento de Anderson Danttas. E Roquildes Junior assina a direção musical e a co-direção da montagem .
Uma realização do Teatro Vila Velha, que conta com a produção da Baobá Produções. O projeto tem patrocínio da Neoenergia e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.
Arlon Souza
Arlon Souza
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