Hoje, depois de uma experiência que o horário não me permite aprofundar, me peguei viajando na incandescência que é ver uma mulher se entregando a você. Devagarinho, a boca, que há instantes apenas havia encostado suavemente naquela pele delicada, agora promove um ballet visceral: intenso, profundo, íntimo, vivo. Fazer oral é um prazer que invade cada pedacinho da gente, especialmente quando presenciamos e provamos o orgasmo dela.
Me entristece pensar no tanto de mulher que não se permite ser chupada, seja por vergonha, por não se sentir merecedora ou por não achar gostoso (nesse último caso, geralmente, o/a parceiro/a não está fazendo direito ou ela não sabe comunicar como gosta).
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Também me angustia saber que tem milhares de pessoas deixando de chupar, mesmo morrendo de vontade, por pura insegurança e falta de educação sexual. Decidi que eu precisava fazer algo pra mudar esse cenário.
Eis que, com muito amor e esforço, lancei o WorkChup, o meu curso online de sexo oral. Quando postei um vídeo no Instagram divulgando-o, uma mulher comentou: “As bicha de hoje em dia precisa de workshop”. A amargura dessa frase me deixou reflexiva. Eu não vou nem entrar aqui na homofobia dela em chamar a mim e a minhas alunas de “bicha”, porque quero focar no julgamento que vem em seguida.
O sentido da vida, a meu ver, é a evolução. Para isso, procuramos ampliar nossos conhecimentos em diversas áreas, com experimentações, estudos, diálogos… Sendo assim, por que alguns aprimoramentos são valorizados e outros, ridicularizados? O que há de vexatório em se inscrever em um workshop que vai te ajudar a ser realizada sexualmente, ampliar seu repertório sexual e viver uma sexualidade feliz? A verdade é que a liberdade sexual ainda é um tabu.
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Orgástico feminino: a liberdade sexual ainda é um tabu
Ainda se entende que quem detém a chancela de ser sexual é o homem cis e hetero. Às mulheres, é reservado o espaço pudico da mocinha que deve se dar ao respeito. Uma mulher, sapatona ainda por cima, ousar ensinar sobre sexo oral é uma afronta à lógica patriarcal de castração feminina.
Eu não só me recuso a obedecê-la, como diariamente conscientizo cada vez mais mulheres a tomarem as rédeas da sua vida e se libertarem dessas caixas que insistem em nos prender.
No fim das contas, o que falta, de fato, é respeito às diferenças. Eu respeito quem acha o meu trabalho uma absoluta desnecessidade. Se o WorkChup ou qualquer outro curso meu te parece inútil, não se inscreva.
Mas entenda que não é porque algo não te serve que, necessariamente, ele é insignificante para todo mundo. Queria eu ter tido uma “Gisele Palma”, na minha época, para me dizer que amar mulheres é normal, que ser apaixonada por sexo não me faz perder meu valor e que eu mereço, sim, ter meus desejos realizados.
Gisele Palma
Gisele Palma
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