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Receber sexo oral é um ato de liberdade e autoamor

Romper com a vergonha e se abrir a essa intimidade, muitas vezes, requer coragem

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Gisele Palma

17/11/2023 às 15:30 - há XX semanas
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Já reparou que tudo que nos ensinam sobre vagina/vulva é negativo? O cheiro é fétido, a aparência é feia, os pelos são nojentos, as manchas são sinal de descuido, a menstruação é chata, o parto é a pior dor do mundo e a siririca é um pecado. Não aprendemos a amar nossas genitálias, mas a escondê-las. E, assim, a ideia de alguém se aproximar dela (seja numa consulta ginecológica ou no sexo) pode se tornar gatilho de ansiedade e medo.


				
					Receber sexo oral é um ato de liberdade e autoamor
Receber sexo oral é um ato de liberdade e autoamor. Foto: Freepik

O falo, pelo contrário, é enaltecido. Apesar das centenas de cânceres e amputações de pênis anualmente por falta de higiene íntima, não se tem ojeriza a esse órgão. Seus pelos, manchas, secreções, texturas e formatos diferentes não são bombardeados de críticas. Ter seu pênis chupado, lambido, tocado, portanto, tende a ser não apenas algo presente no sexo, mas uma parte esperada e profundamente desejada.

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Não se sinta culpada(o) por não se sentir à vontade com a sua vulva; você foi condicionada(o) a isso. A vergonha da vulva é uma ferramenta de opressão dos nossos corpos que serve aos interesses capitalistas e patriarcais, porque, ao criar um padrão (racista e pedófilo) de como a vulva deve ser, cria-se também uma legião de pessoas obcecadas para entrar nele e frustradas por não conseguir.

A busca para ter a “buceta perfeita” gera diversos impactos. Ela castra a qualidade de vida sexual, porque te atrapalha de se entregar no sexo, dificultando o orgasmo. Ela rouba seu tempo e dinheiro, afinal, você se sente pressionada a se depilar, passar cremes, desodorantes e perfumes, fazer cirurgias (o Brasil está em primeiro lugar no ranking de labioplastia - procedimento para redução dos lábios internos da vulva - de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética)... Isso para não citar o quanto ela custa a sua saúde mental e devasta a sua autoestima.


				
					Receber sexo oral é um ato de liberdade e autoamor
Romper com a vergonha e se abrir a essa intimidade, muitas vezes, requer coragem. Foto: Freepik

Com tanta repressão, imposição e falocentrismo, se permitir receber toques ou beijos na vulva, muitas vezes, exige além de confiança no outro, coragem. A coragem de romper com tantos freios mentais para, metafórica e literalmente, se abrir ao deleite do estímulo clitoriano. A coragem de ter autoconhecimento íntimo e reivindicar o seu direito ao prazer, dando fim a uma história de castração sexual. A coragem, enfim, de gozar.

Vou concluir a coluna de hoje com algumas indicações que podem te ajudar no processo de se reconectar com a sua vulva, o seu poder pessoal e o seu potencial orgástico. No livro “O Mito da Beleza”, a autora Naomi Wolf destrincha como os padrões de beleza impostos à mulher atuam como um “mecanismo de controle social para evitar que sejam cumpridos os ideais feministas de emancipação intelectual, sexual e econômica conquistados a partir dos anos 1970”. Recomendo demais a leitura.

A segunda indicação é o The Vulva Gallery, em que Sam Hil Atalanta celebra a diversidade vulvar com ilustrações de vulvas reais e contando a história dessas pessoas com a sua sexualidade e os seus órgãos. Por fim, sugiro o WorkChup projeto que desenvolvi justo para ajudar quem sente vergonha da própria genitália, insegurança ao lidar com o órgão da sua parceria ou quer ampliar o seu repertório nessa prática tão linda e íntima que é o sexo oral.

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