Nos últimos dias, o mundo discutiu, no BRICS, grandes acordos: saúde global, inteligência artificial, mudanças climáticas, temas urgentes que desenham o futuro.
Enquanto isso, no consultório, acompanho outra urgência: pessoas tentando dar conta de tudo sozinhas.

A autossuficiência virou um ideal.
Como se o auge do amadurecimento emocional fosse não precisar de ninguém.
Mas será que falamos de amadurecimento ou de proteção?
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Nem toda força é força. Às vezes, é medo vestido de autonomia. Uma blindagem que protege, mas também isola.
Muitos dizem estar bem sozinhos e talvez estejam. Mas outros confundem paz com fuga. Se isolam para evitar o risco do afeto, e, assim, se protegem da dor que evitam sentir.

Fechamos as portas para não sermos atravessados, mas depois nos surpreendemos com a distância do que realmente importa.
Há quem não queira ser amado, apenas validado. Busca admiração e acolhimento, mas sem se mostrar, sem se revelar.
Não se trata de não ter necessidades, pois todos as temos. Mas do momento em que o outro se relaciona com suas carências, e não com quem você é.
Quando você cria um personagem para manter a ilusão de estar bem e até acredita nele.

No consultório, vejo não falta de capacidade, mas excesso de armadura. Mecanismos elaborados para evitar sofrimento, que podem impedir a liberdade e, às vezes, anestesiar a experiência de viver.
Te convido a refletir:
- Estar sozinho é diferente de se blindar do que pode nos atravessar.
- Ser realmente autossuficiente ou estar exausto para tentar de novo?
- E se o seu “tô bem assim” for só um jeito de fugir?

Fabiano Lacerda
Fabiano Lacerda
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