iBahia Portal de notícias
icone de busca
Fabiano Lacerda

O peso do silêncio dos homens

Neste Dia dos Homens, um convite à escuta, ao cuidado e à liberdade de ser

foto autor

Fabiano Lacerda

15/07/2025 às 9:00 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News

No dia 15 de julho, celebramos o Dia dos Homens.
Uma data que pode passar despercebida, mas que carrega uma potência silenciosa: a de nos fazer olhar com mais cuidado para o que significa ser homem.


					O peso do silêncio dos homens
​Foto: Freepik

Antes de tudo, é preciso reconhecer que não existe um único jeito de ser homem. Homens cis, trans, gays, bissexuais, entre tantas outras formas de existir, compõem uma pluralidade que merece visibilidade, escuta e respeito. Toda vez que ignoramos isso, empobrecemos a conversa e reforçamos modelos que adoecem.

Leia também:

Ainda é comum que a masculinidade venha acompanhada de uma expectativa de força constante. Ser forte. Dar conta. Não fraquejar. Não chorar. Não depender.
A autossuficiência virou armadura. E o silêncio, esconderijo.

Mas o que acontece quando essa armadura pesa demais?
O que acontece quando o silêncio vira doença?


					O peso do silêncio dos homens
Foto: Gerada por AI

Muitos homens crescem aprendendo a calar a dor, a esconder a dúvida, a disfarçar o medo. Eu já fui assim. E é justamente esse modelo que alimenta o afastamento de si, o isolamento afetivo, os quadros de ansiedade, depressão e o sofrimento psíquico não nomeado.

Nesse mesmo silêncio, muitos homens também recorrem a formas de compensação emocional que não curam, apenas distraem.
O consumo de pornografia, por exemplo, muitas vezes é uma tentativa de preencher um vazio afetivo sem encarar a vulnerabilidade que o vínculo real exige.
A pornografia oferece controle, distanciamento e ausência de conflito. Tudo o que um relacionamento humano verdadeiro, inevitavelmente, traz.

Mas qual o custo disso?
Quantas conexões são evitadas em nome de uma intimidade que acontece só na fantasia?
O problema não é a pornografia em si, mas quando ela vira substituto do vínculo. Quando o prazer deixa de ser encontro e vira apenas descarga. Quando o corpo do outro vira um objeto e não mais uma presença a ser escutada, tocada, considerada.

O uso frequente pode afetar a forma como se experimenta o desejo, dificultar o contato real com o próprio corpo e, muitas vezes, trazer dificuldades para sustentar envolvimento afetivo.
Em alguns casos, ela reforça padrões de controle e solidão: quanto mais se evita a troca, mais difícil se torna o encontro.


					O peso do silêncio dos homens
​Foto: Freepik

O desafio está em se perguntar:
O que estou buscando quando consumo esse conteúdo?
É desejo? Curiosidade? Ou só uma maneira de não lidar com o desconforto de estar com alguém de verdade, onde não dá para editar a reação, controlar o roteiro, acelerar o clímax?

Cuidar da saúde masculina é muito mais do que fazer exames periódicos.
É também cultivar vínculos, sustentar conversas difíceis, construir relações mais honestas. É reconhecer que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas de maturidade emocional.

É possível, sim, ser forte.
Mas que essa força não exclua o direito de ser sensível, de se emocionar, de se questionar, de não saber o tempo todo.
É possível, sim, ser homem. E ser inteiro.

Torço para que cada homem possa encontrar espaço para existir com mais verdade e menos performance. Com mais presença e menos cobrança.
Com mais humanidade e menos ruído.

Vá por mim,
cuidar da saúde dos homens não é só um cuidado pessoal.
É um convite para reinventar o que significa ser homem.
Só assim poderemos construir uma cultura onde a leveza, a profundidade e a liberdade não sejam exceções, mas regra.

foto autor
AUTOR

Fabiano Lacerda

AUTOR

Fabiano Lacerda

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Fabiano Lacerda