Vou começar esse texto, trazendo um pouco da nossa história para ficar a reflexão. Nossos ancestrais batalhavam muito para se alimentarem. Precisavam caçar e muitas vezes não tinham o que comer, muito menos fazer várias refeições ao dia. Também não faziam lanchinhos ou tinham hora para comer.
Quando tinham fome, precisavam ter energia para caçar algum animal ou encontrar algum vegetal. Então se estar em jejum desacelerasse o metabolismo ou levasse a morte, não viveríamos nem 3 dias.
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Enquanto estamos no estado alimentado, noss corpo está no modo privativo, armazenando energia. Já no estado de jejum, o corpo usa as reservas estocadas.
Então nossos ancestrais, estavam sempre usando o corpo de acordo com a energia disponível, e isso reforça o quanto nossos hábitos hoje, estão distantes deles.
O estilo de vida atual, faz com que estejamos o tempo todo nos alimentando de forma desnecessária. Passamos mais da metade do tempo nos alimentando, o que impede o uso das reservas de gordura e aumenta as chances de se tornar uma pessoa acima do peso.
Mas você, leigo, foi sugestionado a se alimentar a cada 3 horas, pois a nutrição trouxe à tona, a necessidade de evitar ficar muito tempo em jejum. Com alegação de causar gastrite, desacelerar o metabolismo, causar fome e dor de cabeça e até mesmo hipoglicemia. Mas calma, tudo tem um porquê.
Após a década de 70, comer alimentos ricos em carboidratos (mais de 60% da ingestão diária), tornou uma recomendação desses profissionais.
O que acontece é que uma dieta de alto carboidrato leva as pessoas a sentirem fome rapidamente, pois aumenta a glicemia e o corpo vai batalhar para que esse açúcar no sangue baixe o mais breve possível (através da ação do hormônio insulina) e a consequência disso é a fome rebote, devido a essa queda da glicemia.
Mas isso foi contrário à ciência. Estudos com conflito de interesses, principalmente financiados pela indústria alimentícia, foram mudando o cenário da nutrição e para facilitar a vida das pessoas que estavam sendo orientadas a carregarem consigo “lanchinhos” para comer a cada 3h, surgiram os “snacks”.
Barra de cereal, biscoitinhos fit, bolinhos light, ou seja, uma infinidade de produtos que iriam te causar ainda mais fome e o ciclo seguiria.
É só pensar nos nossos avós e bisavós. Essas pessoas cozinhavam com fontes naturais de gorduras, como manteiga, banha de porco e em sua maioria, vegetais e frutas na alimentação. Isso trazia saciedade e saúde e em consequência não era necessário comer a todo momento.
Como nutricionista, defendo o comer quando tem fome, e que seja real e não emocional (tenho post aqui falando sobre o assunto).
- Evitar alimentos açucarados, ultraprocessados e priorizar os mais naturais possíveis.
- Comer de 3 em 3h não só te força a comer menos para manter o peso, mas te priva de uma refeição com mais proteína e gordura boa e te manter saciado.
- Comer de 3 em 3h gera uma ansiedade e te mantém refém de lanchinhos e de olhar para o relógio toda hora para que não perca a refeição. Promove o acúmulo de gordura se você não controla calorias.
Então sugiro que experimente fazer as 3 refeições principais (café, almoço e jantar) e que invista em alimentos mais naturais, como carnes, ovos, frutas e vegetais e que tenha o mínimo de processados no prato.
Liberte-se de protocolos que estão ultrapassados, a ciência está em constante evolução e hoje temos estudos suficientes que comprovam que jejuar por algumas horas traz inúmeros benefícios, inclusive auxilia no tratamento de diversas doenças metabólicas.
Vou colocar um exemplo de cardápio para mostrar o quanto podemos viver bem comendo menos, lembrando que porções são individualizadas e ter o auxílio de um nutricionista é essencial para maior assertividade na sua alimentação.
Café da manhã:
Iogurte natural com fruta
Ovos
Uma porção de vegetais
Uma porção de gordura boa (manteiga, azeite, queijo)
Almoço:
- Uma fonte de proteína (carnes de todos os tipos e ovos)
- Vegetais folhosos
- Legumes
- Uma porção pequena de grãos
- 1 porção de fruta
- 1 porção pequena de gordura boa
Jantar:
- Uma fonte de proteína magra
- Vegetais folhosos
- Legumes
- 1 porção de fruta
- 1 porção pequena de gordura boa
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Fernanda Macuco
Fernanda Macuco
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