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Ópraí Wanda Chase

Ao pé do Caboclo: Balé Folclórico da Bahia faz homenagem à Lia Robatto

Balé Folclórico da Bahia se apresenta no Largo do Campo Grande no dia 2 de julho, celebração da Independência do Brasil na Bahia

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Wanda Chase

28/06/2024 às 21:37 - há XX semanas
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Neste fim de semana, o Largo do Campo Grande, em Salvador, será palco de uma celebração histórica com a apresentação do espetáculo "Ao Pé do Caboclo" pelo Balé Folclórico da Bahia. Marcado para os dias 29 e 30 de junho, o evento promete encantar o público e homenagear a história da Bahia, mas principalmente a dançarina e coreógrafa Lia Robatto, que criou e apresentou esta obra pela primeira vez, em 1977.


				
					Ao pé do Caboclo: Balé Folclórico da Bahia faz homenagem à Lia Robatto
Lia Robatto. Foto: Teatro Vila Velha

Robatto é paulista de nascimento e reside em Salvador há 67 anos. Ela tem uma longa trajetória de contribuições significativas para a dança no nosso estado. "Eu tinha 17 anos quando cheguei aqui. Vim para dançar como solista do Grupo de Dança da minha mestra, a polonesa Yanka Rudzka. Ela veio fundar a Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia. Eu era assistente dela", conta Lia Robatto.

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A chegada de Lia em Salvador foi um evento. Ela era, e é, uma mulher linda que abalou corações na cidade. Trouxe algo novo para a Bahia, fugiu do conservadorismo, do tradicional, e conquistou a todos. Casou-se com Silvio Robatto, também um grande profissional da arquitetura, fotografia e cinema. A casa deles era frequentada por artistas como Manuel Araújo, Caribé, Calazans Neto, além de maestros, escritores, artistas plásticos e cineastas. Se tornou um celeiro de cultura e arte.

A professora Robatto se tornou e é uma referência na dança na Bahia. Ela foi responsável pelas grandes montagens de dança contemporânea em Salvador e foi precursora da onda que tomou conta da cidade. O coreógrafo e diretor do Balé Folclórico da Bahia, Vavá Botelho, conta que trabalhou com ela em diversos espetáculos como produtor assistente e também foi convidado a trabalhar com a mestra, quando Lia dirigiu o Departamento de Música e Artes Cênicas da UFBA. “Sou grato por tudo o que aprendi com ela”, afirma Vavá.


				
					Ao pé do Caboclo: Balé Folclórico da Bahia faz homenagem à Lia Robatto
Coreógrafo e diretor do Balé Folclórico da Bahia, Vavá Botelho. Foto: Andrew Eccles

Fonte de inspiração para o Balé Folclórico da Bahia

O espetáculo está imperdível! É uma grande oportunidade de presenciar como a dança é capaz de contar nossa história com tanta maestria e criatividade. O Balé Folclórico traz em seu corpo de baile as referências ao monumento Dois de Julho, inaugurado em 2 de julho de 1895, e rememora a luta de indígenas e negros que, em 2 de julho de 1823, expulsaram os portugueses do Brasil.

Segundo Vavá Botelho, ao receber o convite do diretor da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro, para montar um espetáculo para este 2 de Julho, logo lembrou de Lia. "Ela foi a grande inspiração para construirmos a montagem. Eu tive a oportunidade de assistir às duas versões criadas por Lia Robatto. Aquilo, para mim, foi impactante, eu nunca tinha presenciado um espetáculo de rua, um espetáculo interativo, que saía do TCA e o povo seguia os atores, bailarinos... cantando e dançando. O espetáculo terminava no monumento”, relembra com emoção.

Para encerrar esta reportagem, pergunto a Lia Robatto se a dança está enfrentando uma crise. Ela afirma que sim. "Já vinha com a recessão desde 2008, começou a cair. Depois veio a pandemia e piorou, a economia não está boa e a arte é atingida. A dança é muito cara, é muito difícil. Dança é uma manifestação coletiva que requer muita gente e condições para trabalhar. Envolve cenário, figurino, música, grupos."

Mas ela abre um sorriso quando conto que, mesmo diante desse cenário, foi criado em Cachoeira o Balé do Recôncavo. "Maravilha! Eu acredito que Cachoeira é um polo cultural muito importante, tradicional de herança africana. O samba do Brasil veio de Cachoeira, o samba de roda, típico de Cachoeira, gerou o samba aqui e em todo o Brasil."

Em um contexto curioso, a expressão "chorar no pé do caboclo" é utilizada na Bahia para se referir a alguém em estado de tristeza, lamurioso, reclamão. No entanto, contrariando a expressão popular, o fim de semana não será de choro, mas de alegria e dança ao pé do caboclo, reunindo tradição, história, cultura e muita emoção.

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