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Ópraí Wanda Chase

Encontrando o Brasil no Benin

Bienal Oguidah tem participação de artistas de vários países. É um dos eventos mais importantes do Benin, país que tem relação forte com a Bahia

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Wanda Chase

01/08/2024 às 14:22 - há XX semanas
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Quatro mulheres baianas participam da Bienal Oguidah, no Benin, no Continente Africano. São elas: a fotógrafa e escritora Arlete Soares; a artista plástica e designer têxtil Goya Lopes; a antropóloga e escritora Goia Guerreiro e a produtora executiva Jô Queiroz, baiana, radicada na Suíça. A Bienal Oguidah deste ano começou no dia 25 de julho, com a participação de artistas de vários países. É um dos eventos mais importantes do Benin, um país que tem uma relação muito forte com o Brasil e especificamente com a Bahia.


				
					Encontrando o Brasil no Benin
Foto: Acervo de Arlete Soares

Os benienses foram trazidos e escravizados aqui nos séculos XVIII e XIX. Deles herdamos o acarajé, sua religiosidade, cultura e gastronomia. Quando falamos do Benin, vem logo à nossa lembrança o trabalho da fotógrafa Arlete Soares, uma das maiores fotógrafas do Brasil. Arlete nos faz viajar com sua fotografia, com esse olhar para além da máquina. E no dia 6 de agosto, a Bienal de Oguidah recebe a exposição Relligare - a Bahia no Benin. A antropóloga e escritora Goli Guerreiro e a produtora executiva Jô Queiroz, radicada na Suiça, assinam a curadoria da Relligare. Arlete Soares - diz Goli Guerreiro - apresenta fotografias feitas por ela durante o Projeto Benin Bahia entre os anos de 1986 e 1988.

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Fotógrafa Arlete Soares. Foto: Acervo de Arlete Soares

Foi um momento de reencontro entre povos irmãos a chegada da comitiva baiana em solo africano e beniense para criar a Casa do Brasil em Oguidah. Da mesma forma, comitivas benienses visitaram Salvador e puderam sentir seu legado vivo e vibrante nas ruas, nos mercados, nos terreiros de candomblé. Para Jô Queiroz é uma honra estar no Benin. Nos últimos anos ela tem ido muito ao país, conversado com artistas e o governo para a realização de um Festival Cultural no país. Jô tem no currículo o Festival de Montreaux, na Suíça, com a realização de uma Jam Session com a participação de Armandinho, Alcione, Gilberto Gil, João Donato.


				
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Povo do Benin. Foto : Jô Queiroz

				
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Rei Dada Daagbo Hounan. Foto : Jô Queiroz

				
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Foto : Jô Queiroz

				
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Goli Guerreiro, curadora da exposição. Foto: Acervo de Goli Guerreiro

SEGUNDA PARTE DA ENTREVISTA COM O CINEASTA ANTONIO OLAVO

Vamos retomar a entrevista com o cineasta baiano Antônio Olavo, diretor do sucesso "1799. A Revolta dos Búzios"? O filme está na décima semana em cartaz! Vocês têm noção da importância disso para um filme nacional? Vamos, então, à segunda parte da entrevista com o diretor.


				
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Antônio Olavo. Foto: Arquivo Pessoal

Wanda Chase - Como os conspiradores eram identificados?

ANTÓNIO OLAVO - Está nos documentos. Freitas, um dos revoltosos, dizia. “ todo aquele que usar um brinco na orelha, barba crescida até o meio do queixo e um búzio de Angola na cadeia do relógio, é um “francesias “, é do partido da rebelião. Na Bahia nós tínhamos um cais extremamente movimentado no século XVIII. As notícias da revolução francesa chegavam muito fácil em Salvador. Existia uma elite branca aqui na capital que começou a abandonar o latim, língua culta e tradicional, e a adotar o francês, que era a língua da modernidade. Era comum ver homens brancos se reunirem com homens negros para trocar informações. Daí se dizia que os negros estavam envolvidos em “ questões de francesias “, uma referência a Revolução Francesa, que tinha como bandeiras a Igualdade, Fraternidade e Liberdade.

WC - Mestre, qual o próximo filme?

AO - A Protetora - Memória Negra da Bahia. Vou contar a história da SPD - Sociedade Protetora dos Desvalidos, fundada em 1832, que passou por todo o período da escravidão e pós -escravidão, funcionando interruptivamente. A SPD apoiou homens e mulheres negros e negras na invalidez, na doença, na compra de cartas de alforria. É a Associação Civil Negra mais antiga das Américas. Ruy Barbosa e o General Deodoro da Fonseca foram sócios da SPD. Mais isso é assunto para outra coluna. Os revoltosos Manuel Faustino (18 anos ), João de Deus (24), Lucas Dantas ( 24) e Luiz Gonzaga (36 anos ), foram enforcados e tiveram seus corpos esquartejados no dia 8 de novembro de 1799. Vá até a Praça da Piedade, que você verá os busto dos heróis da Revolta dos Búzios.

WC - O que mais sensibilizou o senhor nessas semanas do filme 'A Revolta dos Búzios'?

AO - Há 15 dias a comunidade do Quilombo Candeal comprou ingressos e me convidou para assistir ao filme junto com eles aqui no Glauber. Eram 33 pessoas. Foi um presente. Eu havia exibido o filme para eles lá no Distrito da Matinha, em Feira de Santana com o apoio da SEPROMI. Pessoas de 18 a 79 anos assistiram. Foi muito significativo pra mim porque eles vieram com o dinheiro deles, compraram ingressos e no final do filme sentaram no restaurante para lanchar . Eles trouxeram cuscuz, tapioca, café, chá, inhame, aipim, foi um momento lindo.

CENTENÁRIO DE BATATINHA

Batatinha estaria comemorando 100 anos, se estivesse vivo. Ele nasceu no dia 5 de agosto de 1924. No registro de nascimento era seu Oscar da Penha, mas ficou conhecido como Batatinha. Exerceu várias profissões, entre elas aprendiz de marceneiro. Trabalhou na imprensa oficial, mas foi na música que se encontrou, tendo canções gravadas por nomes como Maria Bethânia.

Os festejos para celebrar Batatinha começam em São Paulo. Nos dias 3 e 4, a cantora e pesquisadora Adriana Moreira faz show no Sesc Pompéia com a participação de Nelson Rufino. No dia 8 tem um bate-papo no Museu Eugênio Teixeira Leal, no Pelourinho, mediado pelo jornalista James Martins e participação de Pedrão Adib, Roberto Ribeiro e Lucas Batatinha, filho do sambista. Esse bate-papo vai ser às 11h, mas teremos muitos outros eventos na cidade homenageando o sambista.

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