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Escola Olodum celebra 40 anos

No artigo dessa semana, Wanda Chase destaca o trabalho realizado pelo Olodum

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Wanda Chase

19/10/2023 às 10:30 - há XX semanas
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As comemorações dos 40 anos da Escola Olodum começam na próxima terça-feira (24), quando será lançado o mini documentário: “Escola Olodum, a Escola da Vida“, no Cine Glauber Rocha, às 16h, para convidados e imprensa. No dia seguinte, apresentação pelas ruas do Pelourinho do musical: Diamantes da Cidadania. É isso que a Escola Olodum se propõe, diz Linda Rosa Rodrigues, bacharel em Direito e diretora geral da instituição. Ela ressalta: “O Olodum transforma cidadãos, trabalhando para que crianças e jovens tenham uma consciência racial e política através da música, rodas de conversa, seminários, livros e outras possibilidades”.

Linda chegou ao Olodum aos nove anos. Começou como aluna de dança, fez vários cursos na Escola, inclusive o de lideranças. Hoje é diretora geral. “Na Escola Olodum, as crianças se reconhecem e ganham o mundo”, afirma.

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					Escola Olodum celebra 40 anos
Linda Rosa Rodrigues, Diretora geral da Escola Olodum. Divulgação

A HISTÓRIA

A Escola Olodum surge em outubro de 1983. Há 40 anos, o Olodum já entendia a urgência em ter uma escola inclusiva, que pautasse assuntos pertinentes, como o combate ao racismo, às desigualdades de Salvador, uma cidade negra onde a maioria da população não é contemplada. João Jorge, ex-presidente do Olodum e, atualmente, presidente da Fundação Cultural Palmares, Katia Melo e Neguinho do Samba entendiam que tudo era possível, mas que só se chegaria a um lugar por meio da educação.

O Olodum apressou o passo, foi pioneiro no que hoje se denomina educação antirracista. O início foi o Projeto Rufar dos Tambores. Neguinho, Katia e João Jorge perceberam o interesse de meninos e meninas do Pelourinho de aprender a tocar tambor, mas os três queriam mais. Logo o projeto se transformou na Escola Olodum. “Eu, afirmo que é uma crescente desde a fundação do Grupo Cultural Olodum. Em 1979, já se pensava em educação“, pontua a jornalista e professora de Filosofia, Mara Felipe. Para ela, a Escola Olodum faz da música percussiva, do ritmo do samba reggae seu maior instrumento pedagógico. Um dispositivo que evidencia as questões de classe, de gênero, de religiosidade e de raça.


				
					Escola Olodum celebra 40 anos
Jornalista e professora de Filosofia, Mara Felipe. Divulgação

A conselheira Mara Felipe lembra ainda que em 1988, o Olodum, a Associação dos Professores Licenciados da Bahia Sindicato, a União de Negros pela Igualdade (Unegro), conseguiram por meio de uma emenda popular, inserir na Constituição do Estado da Bahia, o capítulo XVIII - Capítulo do Negro - tornando a Bahia pioneira em uma Lei que inclui em seus programas de ensino uma disciplina que valoriza a participação do negro na formação histórica da sociedade brasileira. No início da década de 90, a Escola Criativa Olodum já era referência para outras escolas de Salvador e até do Brasil.


				
					Escola Olodum celebra 40 anos
Rafael Manga, publicitário. Gabriela Braga

A Escola Olodum mudou a vida de muitos jovens. O publicitário Rafael Manga chegou no Olodum para defender uma canção no Festival de Música e Artes Olodum (Femadum), depois de ter participado também do Femaduzinho. Em princípio ele tinha uma afinidade com a área musical e não tinha como meta entrar na Universidade. Ao entrar na Escola Olodum, mudou de ideia.


				
					Escola Olodum celebra 40 anos
Rafael Manga com João Jorge Rodrigues presidente da Fundação Cultural Palmares. Divulgação

“Comecei a viajar com o Olodum. Visitávamos muitas universidades e isso ampliou minha perspectiva que a universidade era o meu lugar. Pela primeira vez eu estava vendo negros como eu naquele espaço“. Ele conta que todas as oportunidades que teve na vida foram proporcionadas pelo Olodum. “A primeira vez que fiquei hospedado em um hotel em viagem foi pelo Olodum. A primeira vez que viajei de avião foi pela Escola Olodum. As primeiras viagens para fora do Brasil - Egito e Gana. O Olodum me deu uma gama de possibilidades. Na Escola fiz vários cursos, de liderança, consciência racial. Aprendi o que é fazer trabalho social e adquiri autoestima”. Rafael acrescenta que as crianças que frequentam a Escola Olodum ganham consciência dos seus direitos, negados todo tempo pela sociedade atravessada pelo racismo estrutural. “ A Escola Olodum nos diz que é possível ser diferente, ter sucesso do jeito que você é !!”


				
					Escola Olodum celebra 40 anos
Rafael Manga. Gabriela Braga
Rafael Manga recebendo uma premiação no Femadum.mp4 Divulgação

Em quatro décadas, a Escola Olodum atendeu diretamente cerca de 100 mil pessoas, entre crianças, adolescentes, jovens, professores das redes estaduais, municipais, comunitárias e particulares, membros de movimentos negro, sociais e culturais diversos, de forma gratuita. Vida longa à Escola Olodum!

Imagem ilustrativa da coluna ÓPRAÍ WANDA CHASE
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