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Ópraí Wanda Chase

O reggae do lavrado chega à Bahia

Além disso, Claudya Costta fala da carreira e desafios no mundo musical

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Wanda Chase

24/10/2024 às 19:20 • Atualizada em 25/10/2024 às 18:40 - há XX semanas
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Sinto muito, mas... se você não foi ao "October Reggae Festival", perdeu. E perdeu feio, viu?! Durante três dias, do último fim de semana, só deu reggae no Pelourinho, com a apresentação de 45 bandas, de 16 estados, nos Largos Tereza Batista, Pedro Arcanjo e Quincas Berro D’Água. Marcaram presença bandas e artistas de estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Distrito Federal e Roraima, que ainda saiu com troféu na bagagem.


				
					O reggae do lavrado chega à Bahia
Mike e Banda -Guy -Brás -Ven. Foto: Arquivo Pessoal

O primeiro lugar do Festival foi para o regueiro Victor Cena, do Maranhão; o segundo lugar ficou com Mike e Banda Guy -Brás -Ven. O cantor é da Guiana Inglesa, radicado em Boa Vista, capital de Roraima. Já o terceiro lugar ficou com a Banda Leves e Soltos de Salvador. O grupo Mike e Banda Guy/Brás/Ven era o mais entusiasmado, festejou o segundo lugar como se fosse o primeiro.

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Eles tiveram dificuldades, as passagens de avião foram cedidas pelo Governo, mas foi preciso fazer uma vakinha virtual para suprir outras despesas. Os regueiros deram um rolé pelo Brasil pra chegar até Salvador.

Como diz o produtor Rafael Pinto, sair do Norte é complicado. “Além dos estereótipos que criam sobre nós, temos o custo amazônico. Existem as assimetrias regionais. A prova é que a banda tem 25 anos e nunca tinham saído da cidade.

"Muitas pessoas quando ouviram nosso som aqui no October Reggae, comentaram: nossa! Existe reggae no Norte!", comentou um dos integrantes. O nome da Banda Band Guy -Brás - Ven é uma abreviação das nacionalidades que compõem o grupo.

O Guy é da República Cooperativa da Guiana, Bras se refere ao Brasil e Ven, da Venezuela. O estilo da Banda é reggae lavrado. A diferença do reggae tradicional é que eles incorporaram elementos culturais e regionais específicos de Roraima. As letras do grupo musical Mike Guy - Brás -Ven abordam questões sociais e exaltam a cultura, o cotidiano de Roraima, criando uma identidade sonora brasileira, finaliza o doutor em Educação Amazônica Rafael Pinto, de 45 anos, um baiano de Ilhéus.

LIBERDADE É NÃO TER MEDO PARA VIVER

A entrevista desta semana é com a cantora Claudya Costta, que enfrentou seus medos pra se tornar uma artista. Não foi fácil, mas a ex-professora, que também é escritora e compositora, insistiu, investiu no sonho e continua apostando nos palcos da vida. Este ano, mais uma vez, a cantora fez uma turnê em Nice, sul da França.

"É outro espaço que cresci muito", conta a artista. Ela foi fazer intercâmbio, conhecer outros públicos. Agora estreou o espetáculo Portal Black Sonora na sala do coro do Teatro Castro Alves, em Salvador da Bahia. O show é uma fusão rítmica com elementos afrodiaspóricos, como o jazz, blues e ainda canções autorais da artista. No show, Claudya homenageou Elza Soares e Alcione, a Marrom.


				
					O reggae do lavrado chega à Bahia
Claudya Costta. Foto: Edgar de Souza

  • Como surgiu a ideia desse show?

Durante a pandemia da Covid. Vim de uma família evangélica. Na pandemia, fiquei intrigada com tantas questões que eu carregava. Sempre fui uma pessoa contida e comecei a refletir sobre a minha vida. Escrevi a canção “Entre as Marés". Escrevi um verso forte que diz assim: você é a maré mansa …mas não sou, porque todo mundo acha que eu sou a maré mansa. Na verdade, eu sou um tsunami e eu tinha medo de botar isso pra fora.

  • Quem ajudou você nesse processo?

A terapia, quando eu comecei a fazer terapia, surge a compositora. Eu sempre escrevi, mas, guardava. Eu tinha vergonha do que as pessoas iam falar, pensar. Isso me podava e na COVID consegui vencer meus medos. A terapia me deu esse suporte. Foi aí que também escrevi meu primeiro livro. A personagem Ayana, sou eu, cheia de medos e incertezas. Hoje a Ayana tem conhecimento de sua ancestralidade, reflete a menina que eu era, uma criança silenciada pela religião. Meu pai é Testemunha de Jeová. Ele me falava com todas as letras "arte não é pra você". É preciso estudar, ter uma profissão. Pois bem, eu estudei, entrei para a Universidade, formei em Letras, tudo para satisfazer meu pai, mas eu não estava feliz. Fui pra sala de aula, fui diretora de escola, tentei tudo e não era feliz. Queria minha liberdade e liberdade, aprendi com Nina Simone, significa não ter medo. É o que dizia Nina Simone. OBS: Nina Simone era uma norte-americana, pianista, cantora, compositora e ativista pelos direitos civis dos negros. Nina morreu em 2003, de câncer de mama. Claudia Costta se espelhou nessa luta da também pianista, uma mulher extraordinária. "Eu conversava comigo mesmo, queria ser artista, queria ser feliz, e me perguntava o tempo todo o que eu estava fazendo com a minha vida. O que causava tanta angústia", diz Claudya. Ela cantou na noite, depois foi vocalista do grupo de samba Bagagem de mão e entrou em uma outra fase ao integrar a ala de vocalistas do Cortejo Afro.

  • Qual a importância do Cortejo Afro na sua vida?

Ah! Foi um divisor de águas. Eu não saio do Cortejo. Ali mergulhei na minha ancestralidade porque eu tinha aquela coisa de evangélica, do medo, aí eu fui pesquisar sobre a religião de matriz africana.

  • Como você sai desse show?

Com o dever cumprido. Eu tinha uma necessidade de que as pessoas me aceitassem, eu rasguei minhas bolhas. Não estou sozinha, conto com uma banda de excelentes profissionais. A Nina Simone me inspirou, estou muito feliz. Vou inscrever esse show para o carnaval com outra linguagem. Estou feliz, muito feliz!!!


				
					O reggae do lavrado chega à Bahia
Claudya Costta. Foto: Edgar de Souza

HOJE TEM REPRISE DE SÉRIE NA TVE

A série "Territórios e Gentes: Bahia Corpo e Alma", dirigida pelo cineasta e compositor Jorge Alfredo, é exibida toda terça-feira, às 18h, na TVE, e reprisada nas quintas às 19h.

CAMINHADA PELA REVOLTA DOS BÚZIOS

O cineasta e pesquisador Antônio Olavo, diretor do filme 1798- A REVOLTA DOS BÚZIOS, convida para a segunda caminhada em memória dos mártires da Revolta dos Búzios.

O evento será realizado dia 8 de novembro, uma sexta-feira, exatamente no mesmo dia da semana em que os quatro jovens negros foram enforcados há 225 anos.

FESTIVAL DA CERÂMICA MARAGOGIPINHO

Nesta quinta-feira (24), tem lançamento do II Festival da Cerâmica Maragogipinho na Casa Cor Bahia, às 16h.

O Festival será de 14 a 17 de novembro, em Maragogipinho, distrito de Aratuípe. A localidade é o maior polo ceramista de América Latina. Alguns dos principais nomes do artesanato de Maragigipinho participam do lançamento hoje. Tô sabendo que já temos algumas atrações artísticas confirmadas para o festival: Luiz Caldas, Sandra de Sá e o mestre Mateus Aleluia. O Festival vai ser de 14 a 17 de novembro, um feriadão. Dá tempo de se programar.

Imagem ilustrativa da coluna ÓPRAÍ WANDA CHASE
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