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ÓPRAÍ WANDA CHASE

Ópraí Wanda Chase: Cabo Verde é um sonho de tirar o fôlego

Sou encantada pelo país há tempos. Uma das referências que tinha de Cabo Verde era a cantora Cesária Évora

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Wanda Chase

08/12/2022 às 11:22 • Atualizada em 08/12/2022 às 13:44 - há XX semanas
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					Ópraí Wanda Chase: Cabo Verde é um sonho de tirar o fôlego
Foto: Reprodução

Uma das coisas boas da vida é realizar sonhos. Viajar é minha grande paixão. Conhecer lugares, pessoas, a cultura dos povos, em especial quando tem ligação com a África. Gosto de contar histórias, dividir com vocês o meu olhar, as minhas impressões. É disso que eu gosto, é o que eu busco e a vida me oferece, graças a Deus. Foi assim dessa vez.

Quando nem imaginava vim parar em Cabo Verde. Essa viagem era pra ter ocorrido há mais de 10 anos quando Margareth Menezes convidou uma equipe do Programa Rede Bahia Revista, da TV Bahia, para acompanhá-la no Festival de Música Já Baía das Gatas, na cidade de Praia, capital do país. Depois de pensar em pautas e 'viajar’ antes mesmo do embarque, a viagem não deu certo.

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Sou encantada pelo país há tempos. Uma das referências que tinha de Cabo Verde era a cantora Cesária Évora, a dama dos pés descalços que se apresentou no Primeiro Festival África Brasil, em novembro de 2005, no Farol da Barra, em comemoração ao Mês da Consciência Negra. Emocionante!


				
					Ópraí Wanda Chase: Cabo Verde é um sonho de tirar o fôlego
Foto: Acervo Wanda Chase

Agora, estou em Cabo Verde por outras vias. Minha irmã caçula, Nair Chase, e minha prima Gilsirene Scantelbury, ambas enfermeiras e professoras, estão fazendo pós-doutorado na cidade de Coimbra e estenderam as atividades acadêmicas até Cabo Verde. Experiência fantástica pra mim. Passei uma semana na Ilha de Santiago, onde está instalada a capital Praia. Cabo Verde é um país lindo, formado por um arquipélago de dez ilhas: Santiago, Ilha do Sal, Ilha de São Vicente, Ilha Boa Vista, Ilha Santo Antão, Ilha do Fogo, Ilha Brava, Ilha de Mai , Ilha Nicolau e Ilha Santa Luzia que não é habitada.

Cada ilha tem suas especificidades e só se chega de avião. Aqui chove pouco, sol forte, mas é muito ventilado. Eles dizem que o clima é tropical, temperado. As pessoas aqui são bonitas, expansivas, loucas pelo Brasil.

Um país encantador com muitas semelhanças com o Brasil. Quem conta essa história é a jornalista cabo-verdiana Margarida Fontes, ex-aluna da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (FACOM-UFBA). Depois de formada, Margarida voltou ao país de orgiem, foi repórter da RTC de Cabo Verde, onde apresentou vários programas, construiu uma carreira de sucesso. Hoje, a jornalista é membro do Conselho de Administração da TV e rádio (estatal ) RCTV.


				
					Ópraí Wanda Chase: Cabo Verde é um sonho de tirar o fôlego
Foto: Acervo Wanda Chase

“Depois da Independência de Portugal houve um acordo de cooperação do nosso Governo com o Governo Brasileiro para a formação de quadros e estudantes começaram a viajar para o Brasil em grande número para estudar .Isso acontece até hoje . E cada quadro que vem do Brasil é mais um Embaixador do Brasil em Cabo Verde, portanto isso reforça essa relação de afetividade e paixão que temos pelo Brasil “, diz Margarida. “Nós sempre tivemos uma semelhança histórica com o Brasil”, acrescenta.

A jornalista destaca como exemplo movimentos para a Independência de Cabo de Verde de Portugal, ocorrida em 1975. “Imagine que em 1922 houve um movimento no país para que Cabo Verde se anexasse ao Brasil. O movimento queria que nós fizéssemos a independência, e, em seguida, nos juntássemos ao Brasil. Nós temos uma história muito parecida, né? Os povoamentos das pessoas escravizadas no Brasil, boa parte delas saiu daqui porque Cabo Verde era um entreposto de pessoas escravizadas que eram vendidas e outras compradas. Os laços são tão fortes que conta- se aqui que a primeira vaca que chegou ao Brasil saiu de Cabo Verde, a mesma coisa com plantas e outras coisas também. Na década de 1900, os navios que vinham do Brasil paravam na Ilha de São Vicente. Então em todas as paradas aqui as pessoas saiam, deixavam música. A nossa música tem muita influência do Brasil. A música brasileira sempre foi ouvida em Cabo Verde”.


				
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Foto: Acervo Wanda Chase

A jornalista lembra que a telenovela brasileira também faz muito sucesso no país. “Quando começou a Tv aqui, a telenovela foi um produto obrigatório desde 1983 até os dias de hoje. Nós não podemos tirar a telenovela brasileira do ar da nossa programação. Se tirarmos perdemos audiência”.

Pergunto a Margarida: como foi a vida acadêmica em Salvador?

Foram anos perfeitos, apesar dos problemas de racismo. Em Salvador, na Bahia, há muita afetividade com o povo africano. As pessoas ficam eufóricas, curiosas, contentes ao receber um africano, se comprometem em ajudar, dar apoio, levam pras festas. Existe uma grande curiosidade dos brasileiros sobre os países africanos e sua cultura. As pessoas querem conhecer muito mais. Tanto os professores como os amigos de fora da Universidade me ajudaram na adaptação, sugeriram seminários, livros que pudessem contribuir para a minha formação. Sou grata, foi muito legal. Fisicamente somos muito semelhantes a vocês, somos expressivos …Em Salvador eu só sentia que não era baiana quando abria a boca.    

Quais as semelhanças entre nós brasileiros e vocês?

Tem uma música que diz assim: “Cabo Verde é um Brasil” e tem outra corrente que diz que o Brasil é que é um “Cabo verdão”, pois Cabo Verde surgiu primeiro. Tem muita coisa que foi daqui para o Brasil. Nossas famílias são grandes, tem muitos filhos, são as mães que cuidam dos filhos, os pais as vezes tem muitas famílias. Temos carnaval, temos festas de bandeiras com profissões, missas, não temos candomblé, mas temos nossos deuses, nosso sincretismo . A forma de lidar com os nossos Santos católicos e os do nosso continente. Sofremos com o machismo, nossas mulheres são fortes, sustentam suas casas, são educadoras de seus filhos. 


				
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Foto: Acervo Wanda Chase

Em Cabo Verde não tem ambulantes homens, são as mulheres que desenvolvem essa função. Elas circulam a ilha toda, carregando o mundo na cabeça. Nas bacias vendem detergentes, tecidos, ovos, verduras. No Platou (ou Platô?), centro da cidade, são encontradas em cada esquina vendendo roupas, sandálias, frutas, louças. Concentram-se também nas esquinas das ruas. Muitas dessas são mães são adolescentes. A gravidez na adolescência é um problema em Cabo Verde.          

O Brasil dita moda aqui? Margarida diz que sim. 

Tudo que tá na moda no Brasil a gente segue.    

Margarida encerra a entrevista falando da saudade que sente dos professores e amigos da Facom. Diz ainda que lembra da arquitetura do Centro Histórico de Salvador, das ruelas e ladeiras da cidade.

Os cabo-verdianos estão ligados em tudo que acontece no Brasil, acompanham as celebridades brasileiras nas redes sociais. Na próxima semana, eu volto pra falarmos mais sobre a cultura cabo-verdiana. Tem batucadeiras e a nova geração da música. Élida Almeida, o Novo sucesso da África. Até lá!!


				
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