Salvador vai receber no início do próximo ano uma exposição fantástica, que conta a história de cinquenta reis e rainhas do Continente Africano. E nesta semana, eu entrevistei o curador da exposição: o escritor e ativista angolano João Canda. O encontro foi no Candeal, na Ilha dos Sapos, estúdio de Carlinhos Brown.
Canda mora em São Paulo e veio à Bahia se encontrar com o cantor e ativista, também angolano, Dog Murras, conhecido na cena musical baiana. João e Dog transitam por esse Brasil afora no combate ao racismo em várias áreas, como a literatura e a arte. "Quando a gente tem contato com o mundo ocidental, com as experiências fora do que é a nossa cultura, nossos princípios e valores, a gente se depara com um problema sério. Os heróis das nossas crianças são todos do mundo da ficção", diz.
Leia também:
Ele entende que essas referências fictícias muitas vezes adoecem as crianças, contribuem para um desvio de comportamento. "No universo africano ainda há muito do que se conhecer, é muito importante que a criança preta tenha acesso a esse mundo negro, até então invisível para nós." O escritor conta ainda que recentemente viu na imprensa que seria criado uma versão do Super Homem “ black “.
"Não precisamos disso. Não queremos, temos os nossos heróis originais, homens e mulheres de carne e osso que foram da realeza e fizeram história. Essa filosofia de compensação não nos contempla, não satisfaz o povo preto. Mesmo até porque há uma história visível, um legado palpável, comprovado. Não precisamos usar a ficção. Essa comunidade que busca criar e manter a filosofia de supremacia racial a todo custo, vive criando personagens fictícios porque não tem heróis. Quem são os heróis dessa gente? Os nossos heróis são milenares, há um estudo recente que prova que o berço da humanidade começou há 200 mil anos com o povo Cói cói, de Botsuana, na África Austral. Nós temos heróis desde o início da humanidade. São histórias como essa que precisamos resgatar, por meio da oralidade e trazer para as escolas, para a literatura. É isso que o Instituto LiterAfrica está fazendo. O projeto visa revolucionar o olhar sobre a nossa história, nosso legado, contado por nós e fazer com que a criança negra se conecte nesse processo de aprendizado e interação. Daí a importância de trazer a exposição para a Bahia para que seja compartilhada com escolas da periferia. A segunda etapa desse trabalho é transformar esse material em histórias em quadrinhos", finaliza o escritor.
NA TELA, A SÉRIE “POR ISSO FUI EMBORA.”
Esse é o título da série que estreou esta semana na tela do Canal Brasil. O roteiro é da baiana Camila Luciola, radicada no Rio de Janeiro há 17 anos. Camilla deixou Salvador e se mandou pro Rio em busca de oportunidades na área artística e deu certo.
Na capital carioca, ela fez teatro na Escola de Belas Artes de Laranjeira. E foi abrindo caminhos, observando o mercado e aproveitando as oportunidades. Camila, já contracenou com artistas consagrados como Rodrigo Santoro e Vera Fischer. Um dos orgulhos da atriz é ter sido dirigida por Bibi Ferreira e Selton Melo. Na pandemia, ela se descobriu roteirista. Escreveu a série “Por isso fui embora". A série conta a história de uma mulher baiana, estampista e que no início da pandemia pensava que a quarentena ia durar apenas 15 dias e foi morar com o namorado.
O romance não emplacou e cada um foi pro seu lado. Eles se separaram e ela voltou a morar sozinha. Um dia ela vai se consultar com uma vidente e tudo acontece. Bem, não tem nem graça, eu contar toda a história. Pra saber mais você vai ter que assistir os nove capítulos da série. É só ligar toda segunda-feira no Canal Brasil, às 21h30. Camila Luciola faz Juliana, a personagem principal da obra. Feliz da vida, ela me conta que é um tesão estar escrevendo, afinal é uma mulher contando a história de outra mulher. "É correria pura para me manter atuando, por ter encontrado parceiros incríveis", disse. A série é produzida pela própria Camila Luciola e Fabiana Winits.
OS ARTISTAS NÃO SE DERAM BEM NAS URNAS
O sonho acabou pra alguns artistas que se candidataram nessas últimas eleições, disputando uma vaga na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) e Câmara Federal. Os cantores Ed City, Lazzo Matumbi, Netinho e a dançarina Léo Kret não foram eleitos e Igor Kannário não se reelegeu para a Câmara Federal.
O SHOW DANÇANTE DE MÁRCIA SHORT.
Em plena primavera, no dia 15 de outubro, Márcia Short vai botar todo mundo pra dançar no Portal Baile Sonoro, na Casa Rosa, território do Rio Vermelho. No repertório canções de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Jau, Beto Jamaica e Chico César. "É um show bem dançante" - comentou a artista - "com aquela força da nossa percussão."
Leia mais sobre Ópraí Wanda Chase no iBahia.com e siga o portal no Google Notícias.
Veja também:
Wanda Chase
Wanda Chase
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!