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Russo Passapusso se junta a Antônio Carlos & Jocafi em um dos melhores álbuns de 2022

Em “Alta da Maravilha”, o cantor do BaianaSystem e a dupla de veteranos misturam samba e afrofunk para reposicionar um legado de mais de 50 anos

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Marcelo Argôlo

28/12/2022 às 18:00 - há XX semanas
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					Russo Passapusso se junta a Antônio Carlos & Jocafi em um dos melhores álbuns de 2022
Russo Passapusso e Antonio Carlos & Jocafi consolidam parceria em álbum praticamente todo de inéditas (Foto: Filipe Cartaxo/Divulgação)

Em 2019, quando o Natura Musical anunciou a lista de projetos contemplados, imaginamos que em 2020 ou 2021 sairia o álbum resultado do encontro entre Russo Passapusso, cantor do BaianaSystem, e a dupla Antonio Carlos & Jocafi, veteranos da música brasileira e donos de canções consagradas como “Você Abusou”. Por conta da pandemia, o projeto atrasou e só agora em 2022 “Alto da Maravilha” veio ao mundo. Na minha avaliação, está entre um dos melhores álbuns baianos e brasileiros lançados este ano.

Quem acompanha o trabalho de Russo sabe que o cantor e compositor é um fã declarado da dupla. Há anos ele fala da admiração e da influência deles no seu jeito de fazer música. Antes de se juntarem para o álbum, o trio de cantores e compositores baianos já tinha se encontrado em shows e em gravações da banda de Russo, como nas faixas “Salve” e “Água”, do álbum “O Futuro Não Demora”; e no single “Miçanga”.

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“Alto da Maravilha” mostra em 13 faixas, sendo 12 canções e um depoimento de Antonio Carlos, as facetas dos veteranos que encantaram Russo.

O cartão de visitas é “Aperta o Pé”, um ijexá pulsante, com uma dose de funk, guiado por um riff e uma espécie de beatbox em vocalizes. Uma estética musical que atualiza o estilo afrofunk da dupla, apresentado em canções como “Kabaluerê”.

Com groove e percussividade firmes, essa faceta é explorada no lado Pé, dentro do conceito pensado para o trabalho, e que segue até pouco mais da metade do álbum.

Depois, a partir de “Truque”, vira o lado Mão, mais ligado ao lado cancioneiro melódico, ao estilo “Você Abusou”. Esse segundo lado, explora o estilo que consolidou a dupla nos anos 1970 como um dos principais nomes do samba e da MPB.

Canções como “Teimosa”, “Desacato”, “Toró De Lágrimas”, entre muitas outras consolidaram a dupla como um dos principais nomes do gênero brasileiro e trouxe o reconhecimentos de figuras como Vinícius de Moraes, Toquinho, Luiz Gonzaga e Elis Regina.

O trabalho traz as vozes de Russo e Antonio Carlos & Jocafi bastante unidas em uma musicalidade que soa familiar, tanto pela aproximação ao estilo já consolidado da dupla, quanto pela sonoridade do “Paraíso da Miragem”, álbum solo de Russo lançado em 2014.

Contudo, o cantor do BaianaSystem acaba tendo maiores momentos de solista em “Alta da Maravilha”, enquanto a dupla explora os vocalizes percussivos que muitas vezes parecem verdadeiros beatbox.

Se juntam ao trio as participações de Djalma Corrêa (um dos grandes percussionistas da Bahia, que morreu no último dia 8) e Karina Buhr, em “Olhar Pidão”; Gilberto Gil, em “Mirê Mirê”; além dos produtores Curumin (que também canta a última faixa), Zé Nigro e Lucas Martins.

Os últimos três também estavam com Russo Passapusso e Antonio Carlos & Jocafi no palco do Festival Radioca, quando o trabalho ao vivo foi apresentado pela primeira vez. A expectativa é que em 2023 aconteça uma turnê do projeto, pois os convites já chegaram apesar de nenhuma data estar confirmada.


				
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