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TABUS, TRETAS E TROÇAS COM SÍLVIO TUDELA

Deu o óbvio: Brasil mais uma vez é eliminado por europeus

Erros básicos custaram caro para uma Seleção que poderia ter ido mais longe.

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Sílvio Tudela

12/12/2022 às 9:00 • Atualizada em 12/12/2022 às 11:36 - há XX semanas
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					Deu o óbvio: Brasil mais uma vez é eliminado por europeus
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O Brasil mais uma vez adiou o seu sonho de conquistar o Hexacampeonato e vai, no mínimo, igualar seu maior jejum em repetir um título mundial caso seja vitorioso na próxima Copa do Mundo. Como foi campeão seguidamente em 1958 e 1962, a Seleção Brasileira precisou de oito anos para garantir o Tricampeonato em 1970.

Até o Tetra (1994) foram 24 anos e até o Penta (2002) passaram-se oito anos. Com a fracassada campanha no Qatar, caso seja o campeão em 2026, terão se passado novamente 24 anos para o triunfo. Curiosamente, a Itália (1982 a 2006) e a Alemanha (1990 a 2014) também levaram o mesmo tempo para desencantar do Tri ao Tetra!

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Jogo é jogo, futebol é futebol, mas Copa do Mundo é coisa muita séria para assistir ao Brasil sendo eliminado pela quinta vez consecutiva no primeiro confronto com europeus na fase de mata-mata desde o Penta. Nossos carrascos foram, pela ordem, França, Holanda, Alemanha, Bélgica e Croácia. Isso é mais que um tabu. É uma questão a ser estudada, refletida e mudada, levando-se em conta que a maioria dos jogadores brasileiros atua em clubes do Velho Continente e até porque será inevitável o encontro com europeus nas fases eliminatórias da competição.

Ainda é um pouco prematuro para apontar culpados, mas logo vem à mente, até pela tradição da crônica esportiva, que o principal responsável pela eliminação foi o técnico Adenor Leonardo Bacchi, o Tite, com sua teimosia pragmática, ou burrice se preferirem, além de fatores extracampo. Apesar das questionáveis escolhas na lista dos convocados, a verdade é que o treinador errou muito e parecia desconhecer o time da Croácia. Escalou mal, substituiu pior ainda, optou por um tipo de jogo que só favoreceu a seleção europeia, pois não se aproveitou do cansaço do time que vinha de prorrogação, não marcou a saída da bola adversária e não apostou na velocidade dos jogadores brasileiros, que pareciam cansados em campo.


				
					Deu o óbvio: Brasil mais uma vez é eliminado por europeus

Todo mundo que acompanha futebol previa que a Croácia seria uma adversária difícil, com uma partida amarrada e truncada, mas ao fazer o gol aos 15 minutos do primeiro tempo da prorrogação, o que confirmaria a classificação do Brasil para as Quartas de Final, o técnico preferiu desconsiderar o que havia acontecido durante os 105 minutos anteriores e não fechar o time na defesa ou criar um paredão próximo ao gol. O castigo não demorou e o pragmatismo sem ousadia ou cautela permitiram o gol croata num contra-ataque inadmissível quando faltavam quatro minutos para o final do jogo.

Após o 1 a 1, já no desespero dos pênaltis, por mais calma e serena (ou até pernóstica) que parecesse a Seleção Brasileira, Tite escolheu para a primeira cobrança o jovem novato Rodrygo - algo muito tolo para qualquer baba de times amadores e “técnicos” que não têm força física para jogar, quanto mais numa Copa do Mundo. Como começou batendo os pênaltis, a Croácia seguiu com eficácia de 100% e na quarta cobrança, Marquinhos acertou a trave e a bola caprichosamente para fora despachou o Brasil para casa. Os 4 a 2 da Croácia não permitiram sequer que Neymar tivesse a oportunidade de ir para o tudo ou nada. Mais uma péssima escolha ou subserviência de Tite, que reservou o principal craque do Brasil para a última cobrança.

Jamais saberemos se a culpa pela derrota é de responsabilidade exclusiva do treinador que não joga ou dos atletas que não corresponderam em campo. Mas, admiremos ou não, Tite é questionado desde a eliminação em 2018, pois o Brasil jogou pior que com Dunga em 2010, ficou em posição inferior a 2014 quando chegou ao terceiro lugar, não criou nada de novo nem fez certos jogadores evoluírem tecnicamente ou psicologicamente em que Neymar é o caso mais visível. Mais que isso, sobraram polêmicas. O que faz seu filho com um currículo nulo em futebol dar instruções aos jogadores que entram? O que justifica se submeter aos caprichos de Neymar para que se consagrasse, talvez, na última cobrança de pênalti ou apostar na cota do pagode de Daniel Alves. Nepotismo, apadrinhamentos de jogadores, acomodação com o péssimo jogo apresentado em meio a palavras bonitas nas entrevistas e nível zero de sangue nos olhos para uma Copa do Mundo.


				
					Deu o óbvio: Brasil mais uma vez é eliminado por europeus
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Mas a verdade é que a vitória meia boca contra a Sérvia por 2 a 0 num jogo muito duro no qual o Brasil apresentou raros lampejos de genialidade no segundo tempo e presenteou o mundo com um golaço de Richarlyson não convenceu. Veio o embate monótono contra a árdua Suíça decidida num único lance de Casemiro. Houve um sinal de alerta e uma tremenda passada de pano para a derrota frente a Camarões, com muitos afirmando que o Brasil jogou apenas com reservas, quando, na verdade, o nosso país criaria várias seleções sobressalentes que fariam bonito. E houve quem definitivamente se empolgou com apenas um time jogando e só no primeiro tempo contra a Coreia do Sul, mas que foi baixando o nível na segunda etapa.

Triste é constatar somente num momento definitivo como esse que, nos quase dois ciclos completos de Copa do Mundo (Rússia 2018 e Qatar 2022), com Tite à frente da Seleção Brasileira, infelizmente não houve nem mesmo a formação de um time e a criação de um padrão de jogo como foram o Tik Taka da Espanha de 2010 ou a Laranja Mecânica de 1974. Houve apenas a repetição das jogadas ensaiadas que os atletas brasileiros fazem nos seus clubes

europeus. Em suma, um amontoado de jogadores sem tática, com muita teimosia, aposta na tradição e no peso da camisa verde e amarela e a exaltação da eterna e folclórica alegria das dancinhas brasileiras.

Em resumo, o Brasil dançou!


				
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