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Tabus, Tretas e Troças

O Brasil que se viu em Paris pode ser melhor em Los Angeles?

Vitória de alguns esportes e resiliência de nossos atletas provam que há oportunidade para crescer, quando se tem mais de 200 milhões de habitantes

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Sílvio Tudela

26/08/2024 às 9:00 - há XX semanas
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O Brasil encerrou sua participação nos Jogos Olímpicos de Paris com 20 medalhas, sendo três ouros, sete pratas e 10 bronzes. A delegação brasileira ficou em 20º lugar no quadro geral de medalhas pelo ranking tradicional que privilegia a cor do metal e no 12º pelo total conquistado. Na edição anterior, em Tokyo-2020, o Brasil conquistou 21 medalhas, número recorde na história do país, sendo sete ouros, seis pratas e oito bronzes.


				
					O Brasil que se viu em Paris pode ser melhor em Los Angeles?
​Foto: Reprodução/Redes sociais

Se não dá para dizer que foi ruim, também não foi tão bom assim, como já cantou Lulu Santos, pois acreditamos que sempre podemos mais, ainda mais quando se tem a genialidade e a exuberância de Rebeca Andrade, a força e a tranquilidade de Beatriz Souza, e a competência e a garra de Ana Patrícia & Eduarda Santos Lisboa (Duda).

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					O Brasil que se viu em Paris pode ser melhor em Los Angeles?
Rebeca Andrade. Foto: Luiza Moraes/COB

				
					O Brasil que se viu em Paris pode ser melhor em Los Angeles?
Beatriz Souza. Foto: Leo Franco/ Agnews

Em meio à realização do torneio, ia ficando claro que o Brasil dificilmente teria números superiores aos Jogos Olímpicos de Tokyo, quando nossos principais favoritos iam sendo eliminados pelas mais diversas razões e as modalidades de destaque do Brasil iam fazendo sua despedida na França. Houve decepções com alguns esportes e frustrações com alguns atletas, o que é absolutamente normal num evento de tal magnitude em que todos querem ganhar. E também houve boas e emocionantes surpresas com o despertar de novos heróis, assim como acontece em toda edição.

Como disse o medalhista Caio Bonfim, prata na Marcha Atlética 20 km, essas surpresas também se devem ao fato de termos apenas dois esportes no Brasil: o futebol e um outro – o olímpico – que, infelizmente, é lembrado a cada quatro anos. E no período entre dois Jogos – corretamente chamado de Olimpíada – praticamente nada sabemos ou damos pouco valor ao que acontece fora da hegemonia futebolística. Se ainda não somos uma potência olímpica, os bons resultados de alguns esportes aliados à competência de algumas federações, e, sobretudo, a garra e a resiliência dos nossos invisíveis atletas individuais provam que há oportunidade para crescer, quando se tem mais de 200 milhões de habitantes. Mas essa é uma reflexão para outro momento.


				
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Foto: Luiza Moraes/COB

Ouro volta após 28 anos, com hegemonia no vôlei de praia ameaçada

  • Num jogo que lembrou, em alguns momentos, a rivalidade que havia entre brasileiras, cubanas e peruanas no vôlei de quadra dos anos 1980, o voleibol feminino de praia do Brasil disputou a final contra o Canadá e voltou a conquistar a medalha de ouro após 28 anos, quando o esporte foi integrado oficialmente aos Jogos Olímpicos, em Atlanta-1996.
  • O vôlei de praia do Brasil havia sido medalhista no mínimo uma vez em todas as edições olímpicas, na categoria masculina ou feminina, mas perdeu esta sequência de seis edições consecutivas entre os três primeiros em Tokyo-2020, quando nem chegou às semifinais. Pela primeira vez desde 1996, não houve representantes masculinos do Brasil no pódio por dois Jogos Olímpicos seguidos (Tokyo e Paris). Se a amargura tomou conta da modalidade entre os homens, as nossas mulheres fizeram bonito e voltaram ao topo do pódio 28 anos depois.

				
					O Brasil que se viu em Paris pode ser melhor em Los Angeles?
Foto: Alexandre Loureiro/COB

No futebol, Mulheres de Prata, Homens de Lata

  • Contra tudo e contra todos, a desacreditada Seleção Brasileira feminina de futebol reverteu a má fase e o início conturbado, chegou às finais e conquistou sua terceira medalha de prata novamente frente às poderosas e favoritas jogadoras norte-americanas.

				
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Quem é Adriana, dona do 3º gol da Seleção Feminina nas Olimpíadas. Foto: Reprodução/Redes Sociais
  • Por sua vez, o que dizer de um país que se orgulha de ser pentacampeão mundial e manter a hegemonia no futebol desde 1970 e bicampeão olímpico das Olimpíadas de 2016 e 2020 e não conseguir sequer se classificar para Paris-2024?

Bronze com mérito dourado no feminino e a crise do vôlei masculino

  • Com uma campanha brilhante e apenas uma derrota, infelizmente na semifinal, a seleção brasileira feminina de vôlei conquistou o bronze e valorizou ainda mais sua história vitoriosa. A equipe soma agora seis medalhas olímpicas: dois ouros, uma prata e três bronzes.
  • Apontado como um dos principais favoritos ao pódio e com três ouros olímpicos em Barcelona (1992), Atenas (2004) e Rio de Janeiro (2016); três pratas em Los Angeles (1984), Pequim (2008) e Londres (2012), a seleção masculina de vôlei obteve o pior resultado desde a Cidade do México (1968), quando ficou na nona colocação. Em Seul (1988) e Tokyo (2020), a equipe disputou o bronze, mas ficou na quarta colocação. O Brasil foi quinto lugar em Moscou (1980) e Atlanta (1996), sexto em Sydney (2020), sétimo em Tokyo (1964) e Montreal (1976) e oitavo lugar em Munique (1972) e Paris (2024).

Individuais para comemorar:

  • Apesar de muitas lágrimas, o brasileiro Guilherme Costa, conhecido como Cachorrão, alcançou em Paris-2024 o recorde das Américas nos 400 m nado livre na natação, com um tempo de 3m42s76, ficando a 26 centésimos da medalha de bronze. Mesmo estando fora do pódio, é o segundo melhor resultado da história do Brasil nesta prova em Olimpíadas, atrás apenas de Djan Madruga, que obteve dois quartos lugares em Montreal-1976 e Moscou-1980.
  • A skatista street Rayssa Leal conquistou 92,88 pontos na fase final da competição, a maior nota já tirada por um atleta na história do esporte em Olimpíadas. A brasileira também se tornou a primeira esportista a conquistar duas medalhas consecutivas em um esporte com a menor idade na história, superando a saltadora estadunidense Dorothy Poynton-Hill (prata em 1928 com apenas 13 anos e ouro em 1932 com 17 anos).

				
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Rayssa Leal conquistou a medalha de bronze no skate street. Foto: Reprodução/Redes sociais
  • Numa imagem eternizada para sempre na história dos Jogos Olímpicos, o surfista brasileiro Gabriel Medina conquistou a maior nota da história da modalidade ao tirar um 9,90 nas oitavas de final do surfe masculino quando venceu o duelo contra Kanoa Igarashi, que ficou conhecido como A Revanche, uma vez que os dois já haviam se enfrentado na semifinal dos Jogos de 2020 com uma polêmica vitória do surfista japonês.

Medalhas de ouro:

  • Beatriz Souza | Judô | +78kg;
  • Rebeca Andrade | Ginástica Artística | Solo feminino;
  • Ana Patrícia e Eduarda Santos Lisboa (Duda) | Vôlei de praia.

Medalhas de prata:

  • Caio Bonfim | Atletismo | Marcha Atlética 20 km;
  • Willian Lima | Judô | -66kg;
  • Rebeca Andrade | Ginástica artística | Individual geral;
  • Rebeca Andrade | Ginástica artística | Salto;
  • Tatiana Weston-Webb | Surfe;
  • Isaquias Queiroz | Canoagem velocidade | C1 1000m;
  • Brasil | Futebol feminino.

Medalhas de bronze:

  • Larissa Pimenta | Judô | -52kg;
  • Rayssa Leal | Skate Street;
  • Brasil | Ginástica Artística | Disputa por equipes - Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Júlia Soares e Lorrane Oliveira;
  • Brasil | Judô | Equipes mistas - Beatriz Souza, Rafaela Silva, Larissa Pimenta, Ketleyn Quadros, Daniel Cargnin, Rafael Macedo, Léo Gonçalves, Guilherme Schimidt, Rafael Silva e Willian Lima;
  • Bia Ferreira | Boxe | 60kg;
  • Gabriel Medina | Surfe;
  • Augusto Akio | Skate Park;
  • Edival Pontes "Netinho" | Taekwondo | -68kg;
  • Alison dos Santos | Atletismo | 400m com barreiras;
  • Brasil | Vôlei feminino.
Imagem ilustrativa da coluna TABUS, TRETAS E TROÇAS COM SÍLVIO TUDELA
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