Por qualquer lente que se olhe, a situação da Seleção Brasileira é a pior em todos os tempos. A história pode começar a mudar com a recente chegada de Rodrigo Caetano, agora em fevereiro, para o cargo de diretor executivo de todas as seleções masculinas e que, teoricamente, terá plenos poderes para comandar a reestruturação em todas as equipes. O cargo estava vago desde o final da última Copa do Mundo e justifica, em parte, os péssimos resultados do ano passado. Os torcedores da equipe verde e amarela aguardam por melhores planejamentos na estrutura do futebol brasileiro, mais profissionalismo dos dirigentes e atletas comprometidos com o time canarinho.
Os primeiros sinais já deverão ser vistos em 1º de março, data prevista para o anúncio da primeira convocação de Dorival Júnior para a disputa de amistosos contra as difíceis seleções da Inglaterra e da Espanha. Resta saber se o novo técnico vai manter o que já existe ou vai apostar numa intensa reformulação. A imensa torcida espera modificações consistentes e necessárias para que a Seleção Brasileira volte a ser forte, competitiva, vencedora e, principalmente, respeitada e identificada com os torcedores.
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Houve um tempo em que o país todo parava à espera da convocação dos jogadores que iriam representar a Seleção, mas a desconexão dos atletas com os torcedores - uma vez que a quase imensa maioria joga em clubes do exterior - levou este momento simbólico a uma situação banal e totalmente corriqueira.
Até porque o que sempre interessou mesmo foi a Copa do Mundo e não disputas transversais ou classificatórias. Além dos jogos desta primeira Data FIFA, o primeiro semestre ainda reserva um amistoso contra o México e talvez uma quarta partida antes da disputa da Copa América 2024, primeira competição oficial da equipe sob o comando de Dorival Júnior.
O novo técnico chega com a missão de apagar os péssimos resultados do ano passado e montar uma equipe competitiva que tenha condições de disputar e conquistar títulos. Em termos de gestão, será preciso desfazer as conhecidas panelinhas, dispensar medalhões e promover uma renovação na equipe com a vinda de jovens talentos. Caberá ainda ao treinador, nesse momento crítico, recolher os cacos da equipe, resgatar com urgência a autoestima dos jogadores e o orgulho de fazer parte do escrete canarinho, recuperar o respeito da camisa verde e amarela pelo mundo e, principalmente, fazer o torcedor voltar a amar a Seleção Brasileira.
Se a tarefa já parece gigantesca quando se olha para o futuro e para a Copa do Mundo de 2026, ela se torna mais desafiadora quando se compara ao passado, pois Dorival Júnior terá que enfrentar a bagunça institucional da CBF e os comportamentos políticos retrógrados e enraizados na gestão; vencer a pressão de empresários de atletas, de patrocinadores e de dirigentes de clubes; desmontar a amadora cultura de improviso e estabelecer um planejamento profissional; além de evidentemente saber lidar com muitas cobranças da torcida e da imprensa. Mas mais que isso, o treinador precisará ressignificar alguns fantasmas do passado que podem assombrá-lo em termos de escolhas, como é o caso de Neymar Júnior, com quem mantém um histórico de polêmicas e conflitos.
Um período para ser esquecido
Em 2023, o time masculino foi eliminado precocemente em todas as últimas competições que participou e ficou distante de disputar qualquer um dos títulos em jogo. Foi assim com a equipe principal ainda no Mundial do Qatar 2022, quando o time foi derrotado pela Croácia; no Sub-20 quando caiu perante Israel; e no Sub-17 ao sucumbir para a Argentina. Também não conseguiu a classificação e está fora dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e ocupa um desconfortável 6º lugar nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
Entre as mulheres, nada muito diferente, pois o Brasil voltou a ser eliminado na fase de grupos da última Copa do Mundo Feminina depois de 28 anos e ficou na 18ª posição, a pior colocação da Seleção em Mundiais adultos, tanto masculinos quanto femininos.
Silvio Tudela
Silvio Tudela
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