Se ainda não é possível saber quais são os maiores destaques da segunda rodada da Copa do Mundo, que termina hoje provavelmente com classificações de algumas seleções para as fases decisivas e outras eliminações definitivas, algumas coisas já podem ser ditas sem medo de errar. E talvez a maior delas é que, se ainda não pintou o campeão, apesar das grandes e seguras apresentações de Brasil, Espanha, França e Inglaterra, e das zebras que atormentaram Argentina e Alemanha no primeiro jogo, já temos a volta do campeão mundial de memes. E nesse quesito, os brasileiros parecem ser os maiores de todos os criadores do planeta.
Logo no primeiro dia de Copa do Mundo, a derrota dos qataris já gerou uma série de memes em que apareciam camelos perdidos bloqueando o deserto com referência aos reis magos olhando para as estrelas. Os textos que circularam nos grupos de whatsapp e nas redes sociais exigiam o cancelamento da partida em 72 horas, numa clara referência a alguns movimentos políticos que desejaram o mesmo, após a acirrada disputa eleitoral no Brasil.
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As eliminações, de virada, da Argentina e da Alemanha, também ganharam a mesma leitura política, mas, principalmente, por causa da ação do PL, que entrou no TSE com pedido de anulação apenas do segundo turno da eleição. A referência, claramente, se voltou, de forma cômica, à Arábia Saudita e ao Japão, que viraram o jogo após o intervalo contra as grandes potências.
E não foi menor a chuva de memes com a vitória do Brasil sobre a Sérvia. Não faltaram também intervenções com ligações políticas, pois Richarlison, o herói do jogo, foi relembrado e exaltado pela sua ativa participação na defesa da ciência e da campanha de imunização contra o novo coronavírus; no rápido
socorro que prestou disponibilizando balões de oxigênio aos doentes de Manaus um dos momentos mais trágicos da pandemia; por suas ações de cidadania e doações em favor de hospitais que acolhem pacientes oncológicos e seus familiares; e também na solidariedade aos amapaenses que estavam há semanas esquecidos no escuro por problemas nas linhas de transmissão de energia. Mais que isso, foi colocado em contraposição a Neymar Jr, que tomou partido pelo presidente derrotado e que saiu de campo lesionado antes do final do jogo, chorando e cobrindo o rosto.
Mas para além dos memes divertidos com conotação política, a Copa do Mundo do Qatar vem, desde que a bola começou a rolar, relembrando o que se falava antes de seu início: os protestos dos jogadores contra o desrespeito aos direitos humanos e a vergonhosa repressão da Fifa; a guerra da cerveja que se trava entre o estádio, seu entorno e os luxuosos hotéis que recebem os turistas estrangeiros, para o desespero do patrocinador; a hegemonia dos homens nas fan fests e o consequente apagamento das mulheres nas ruas; e o caso de homofobia violenta contra a bandeira de Pernambuco, que foi rasgada pela polícia dos costumes, pois a mesma traz em seu centro um arco-íris, o que foi confundida com o símbolo da comunidade LGBTQIAP+.
Entre os fatos positivos que o Qatar 2022 já mostrou até aqui estão a presença das mulheres iranianas ao estádio, algo impensável em seu país, e a crescente participação e quase prevalência de jogadores pretos em praticamente todas as seleções, principalmente as europeias, que vêm assumindo, felizmente, que a geopolítica mudou e que os estereótipos estão aí para serem quebrados.
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Sílvio Tudela
Sílvio Tudela
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