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Tabus, Tretas e Troças

Queda de favoritos no Mundial de Clubes reflete mundo imprevisível

Torneio vem revelando ao mundo a complexidade das dinâmicas geopolíticas e dos fluxos migratórios que marcam o nosso tempo e o seu impacto no futebol

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Sílvio Tudela

07/07/2025 às 10:45 - há XX semanas
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Já em sua última semana, o Mundial de Clubes da FIFA tem o Fluminense como o único representante brasileiro ainda presente no torneio. Dada as previsões dos “especialistas” que se anteciparam em apontar até onde iam os favoritos verde e amarelos, o Tricolor Carioca era o clube, segundo a visão deles, com a menor chance de chegar aos embates finais, dada a instabilidade pela qual passou desde a conquista da Libertadores da América de 2023, inclusive flertando com o rebaixamento no Campeonato Brasileiro do ano passado. Contra todas as expectativas e mostrando que futebol é jogado, o Fluminense está nas semifinais do Mundial.


				
					Queda de favoritos no Mundial de Clubes reflete mundo imprevisível
Queda de favoritos no Mundial de Clubes reflete mundo imprevisível. Foto: Fluminense / Divulgação

As apostas para irem mais longe no torneio recaíam sobre o Flamengo, detentor de um dos mais estrelados e robustos elencos do país e eliminado nas Quartas; e o Palmeiras, equipe mais equilibrada no futebol brasileiro dos últimos anos, que também sucumbiu nas Quartas. Vindo de uma vitória histórica sobre o PSG na fase de grupos, o Botafogo, time em ascensão nos últimos dois anos e com grandes conquistas na temporada de 2024, oscilou muito e foi desclassificado nas Oitavas pelo Alviverde Paulista.

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Além do engajamento dos torcedores brasileiros com o torneio que caiu no gosto do povo, fato é que o Mundial de Clubes da FIFA está nos oferecendo mais do que partidas emocionantes; está revelando ao mundo, em pouco mais de 90 minutos, a complexidade das atuais dinâmicas geopolíticas e dos fluxos migratórios que marcam o nosso tempo e o seu impacto no futebol.

Os grandes favoritos caindo cedo no torneio não são apenas zebras esportivas: são o retrato de um futebol que mudou de mãos, de cor e de ritmo. Clubes europeus, antes inalcançáveis pela força financeira e pela estrutura, agora veem com mais nitidez o jogo nivelado em campo por equipes que importaram o conhecimento tático europeu e que carregam o talento, o sangue e a coragem sul-americanos ou africanos em suas veias.

Neste Mundial, vemos o futebol dos Estados Unidos tentando se afirmar como centro esportivo global, enquanto clubes do Oriente Médio mostram força ao reunir elencos multiculturais com jogadores que buscam, mais do que salários, a oportunidade de marcar seu nome em uma vitrine mundial. As fronteiras se dissolvem quando vemos brasileiros brilhando em camisas de clubes de outros países, africanos sendo heróis em equipes de outros continentes e sul-americanos redescobrindo seus melhores momentos em gramados estadunidenses.

A queda de favoritos de forma precoce ainda nas Oitavas, como a Internazionale e o Manchester City, expõe o quanto o futebol, assim como a geopolítica, se tornou multipolar. Assim como os fluxos migratórios remodelam cidades, os fluxos de jogadores remodelam times e competições. Assim como o dólar e o euro enfrentam novos polos de poder, os gigantes europeus encontram novos rivais vindos do Brasil, do Marrocos, do México, do Japão ou da Arábia Saudita.

No fim, cada surpresa no Mundial de Clubes revela uma lição: no futebol, como na vida, os que se preparam, ousam e mantêm a fome de vitória podem vencer os poderosos, mesmo em meio a desigualdades. As quedas dos favoritos não são apenas derrotas inesperadas, mas a lembrança de que, apesar dos bilhões em transferências e das estruturas tecnológicas, o futebol ainda é decidido pela coragem em campo e pela força do coletivo.

Enquanto as luzes de Nova York, Los Angeles e Miami ainda iluminam este Mundial, o futebol nos lembra que ele continua sendo o esporte mais democrático do planeta, refletindo, em cada gol improvável, um pouco do mundo em que vivemos: imprevisível, desigual, surpreendente - e por isso mesmo, fascinante.

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