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Elas por elas: a vitalidade das mulheres baianas na terceira idade

iBahia conversou com duas mulheres baianas na terceira idade, que contaram suas experiências com o amadurecimento e conselhos para nova geração

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Nathália Amorim

10/03/2024 às 16:30 • Atualizada em 10/03/2024 às 18:21 - há XX semanas
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"Pretendo chegar aos cem. Estou vivendo como jovem, até esqueço que tenho essa idade". É assim que Maria Cristina, aos 65 anos, de Salvador, define como se sente na terceira idade.


				
					Elas por elas: a vitalidade das mulheres baianas na terceira idade
Maria Cristina, de 65 anos, e Mira Lopes, de 68. Fotos: Acervo Pessoal

Ela, que dispensa os chamativos de "senhora" e "dona", vê essa fase como uma nova experiência de vida. E é assim que tem sido para muitas mulheres que chegam à terceira idade.

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Por anos condicionadas a acreditar que este poderia ser um período limitador, cada vez mais, as mulheres têm quebrado o estigma e olham para o novo ciclo como um universo de possibilidades e experiências.

É a visão também de Mira Lopes, de 68 anos, nascida e criada em Madre de Deus. Para ela, a terceira idade é sobre amadurecimento e experiência, reconectando-se o que pode e o que já fez.

"Viajei muito, passeei muito, fui para o Japão, fiz curso de paraquedista, morei muito tempo em São José dos Campos. Quando chegou a 'velhice', eu não senti falta, porque tudo que eu queria, eu fiz. [...] Eu sou uma pessoa realizada, feliz, completa", contou ao iBahia.

De meninas à mulheres

A caminhada até a terceira idade é atravessada pelas experiências enquanto meninas. Foram essas vivências que às transformaram nas mulheres que são, e também são essas memórias que Cristina e Mira carregam até hoje com carinho.

Ao iBahia, Cristina contou que perdeu a mãe cedo, por causa de uma doença, e foi criada por uma outra família.

"Minha infância e juventude, eu passei dos 4 aos 24 anos, criada por uma família, porque perdi minha mãe cedo, muito cedo, acometida pela tuberculose porque na época não tinha cura. Tive uma infância e juventude normal para época", contou.


				
					Elas por elas: a vitalidade das mulheres baianas na terceira idade
Maria Cristina pratica exercícios diariamente, incluindo musculação. Fotos: Acervo Pessoal

Já Mira foi criada em uma família grande, com oito irmãos e os pais. Ela destaca as brincadeiras e a tranquilidade daquela época.

"Eu sempre fui feliz. Tinha o carinho e o amor. A gente fazia as coisas que gostávamos. Vivíamos num interior, mais tranquilo, não tinha violência. Gostava de brincar, de correr, ir pra praia. E meu pai e minha mãe sempre do lado da gente", relembrou com carinho.

Aos poucos, amadureceram e traçaram os próprios caminhos. Para Cristina, o primeiro choque foi aos 24 anos, quando saiu de casa para conquistar a independência.

"O processo de amadurecimento foi difícil. Porque saí de casa aos 24 anos, sem muito conhecimento da vida. Passei a morar com colegas até ir para o aluguel sozinha, conviver com pessoas e conviver com os padrões da sociedade da época", explicou.

Para Mira, foi fruto da construção. Ao refletir sobre o amadurecimento, ela destaca a importância de olhar para o envelhecimento como um processo natural.

"A gente tem que colocar os pés no chão, a gente sabe que um dia todo mundo vai envelhecer. Quanto mais a idade vai chegando, mais pegamos experiência, aprendemos muitas coisas que não sabíamos e a gente vai amadurecendo, aprendendo e vivendo", destacou.


				
					Elas por elas: a vitalidade das mulheres baianas na terceira idade
Mira Lopes destaca que continua a viajar e aproveita ainda mais os momentos. Fotos: Acervo Pessoal

E isso não está afastado das abdicações. Cristina, por exemplo, que se formalizou como técnica em enfermagem e foi aprovada em um concurso público antes da aposentadoria, se voltasse no tempo queria retomar os estudos para viver o sonho de ser arquiteta com especialização em paisagem.

Mira, por outro lado, queria aprender a dirigir. Mas como nenhuma batalha está perdida, ela salientou que ainda "chega lá", e que mantém esse sonho vivo até hoje.

Terceira idade da vitalidade

E o que não falta é vitalidade para continuar. Aos 65 anos, Cristina faz academia diariamente, com musculação e aulas de dança e vê na terceira idade uma oportunidade para se cuidar mais e melhor. Mãe solo, ela conta ainda que cresce e melhora ao lado do filho.

"Eu que pensei que nunca chegaria na terceira idade. Trabalhei, aposentei, pretendo chegar aos cem. Com essa disposição. Estou vivendo como jovem, até esqueço que tenho essa idade. Estou com saúde, disposição, praticando atividades físicas, musculação alongamento, faço abdominal e o mais incrível é dançar fitdance", contou entre risos.

"A terceira idade para mim está sendo uma nova experiência de vida, diferente da minha época. Hoje as pessoas tem qualidade de vida e oportunidades de auto cuidado para prolongar a existência com saúde. Pretendo chegar nos meus cem. Estou numa eterna juventude", reforçou.

Mira complementa afirmando que este é o período em que se tem que viver ainda mais e aproveitar os momentos.

"Chega uma certa idade, a gente nem tudo pode fazer, porque o corpo não pede. Mas a cabeça da gente continua da mesma maneira, alegre, contente, vivendo. Tem que viver muito mais, e aproveitar a vida cada vez mais, porque o tempo é curto. Eu sou uma pessoa realizada, feliz, completa", disse ao iBahia, destacando ainda que continua saindo e viajando, e sempre em atividade.

De geração para geração

Para as novas gerações, as baianas concordam: as mulheres tem mais possibilidades e oportunidades. E por isso, reforçam a importância delas serem, cada vez mais, donas da própria história e construírem os caminhos para a liberdade e independência.

"Nós somos a maioria. Nós mulheres podemos tudo, é só querer e o que mais queremos é o respeito acima de tudo e a mulher pode estar em qualquer lugar, é só ela querer. Sejam donas das suas próprias vidas, se valorizem mais. Vão à luta conquistar seus espaços, fazerem seu autocuidado", aconselhou Cristina.

Mira destaca os espaços e os direitos conquistados, que permitem que mais mulheres possam chegar à novos lugares, mas nunca sem batalhas a serem vencidas.

"Hoje as mulheres tem espaço para trabalhar, tem seus direitos, tem vontade de fazer o que quiser, fazer o que quer, porque antigamente, no tempo de minha mãe, era muito submissa a minha mãe. Hoje nós somos guerreiras, lutadoras, vencedoras, e muita coisa que a gente consegue na vida. A base de lutas, vitórias, derrotas e glórias", afirmou ao iBahia.

Por fim, ela deixou um recado para a nova geração: "Ter consciência das coisas que faz. Assumir a responsabilidade do que faz. É importante é que a juventude seja coerente. Não meter os pés pelas mãos. Pensar nas coisas positivas e pensar nas coisas que querem e ir à luta. Sem machucar ninguém, magoar ninguém, passar por cima de ninguém", finalizou.

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Nathália Amorim

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