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Com galeria, subsolo do Mercado Modelo é reaberto depois de 15 anos

Prefeitura de Salvador entregou estrutura nesta quarta-feira (10). Uma das obras tem 15 mil 'lágrimas' instagramáveis

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Alan Oliveira

10/01/2024 às 20:57 - há XX semanas
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O subsolo do Mercado Modelo, que é um dos principais pontos turísticos de Salvador, foi reaberto na tarde desta quarta-feira (10), depois de 15 anos com visitação suspensa. O espaço se tornou uma galeria de arte, que foi batizada de Galeria Mercado.


				
					Com galeria, subsolo do Mercado Modelo é reaberto depois de 15 anos
Galeria é inaugurada no subsolo do Mercado Modelo. Foto: Valter Pontes/ Secom PMS

A inauguração aconteceu 3 semana depois da conclusão das obras de requalificação e restauração do Mercado Modelo. A entrega contou com a presença do prefeito Bruno Reis, do secretário de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho, e outras autoridades municipais.

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Com a reabertura da visitação, o local passa a contar com uma exposição permanente que apresenta a história do Mercado Modelo, abrigando peças dos artistas plásticos soteropolitanos Rubem Valentim, Mario Cravo Jr. e Vinícius S.A, que representam diferentes gerações da arte da cidade.

A visitação gratuita já está disponível a partir da sexta-feira (12), com funcionamento de terça a domingo, inicialmente, das 10h às 14h. O acesso ocorre pela entrada principal e a capacidade inicial é de até 200 pessoas por dia.

A galeria tem ainda a exposição fixa “Lágrimas”, de Vinicius S.A, que passou por mais de dez cidades do Brasil, além de Las Vegas, nos Estados Unidos, e Frankfurt, na Alemanha.

Com 15 mil lâmpadas remontadas e suspensas por redes de nylon, a exposição irá integrar o imaginário que as pessoas têm sobre a cidade de Salvador, constituindo parte da ressignificação do subsolo do Mercado Modelo.

Durante a inauguração, o prefeito Bruno Reis disse que essa foi uma importante missão que ele assumiu, juntamente com o secretário Pedro Tourinho, de potencializar o local.


				
					Com galeria, subsolo do Mercado Modelo é reaberto depois de 15 anos
Galeria é inaugurada no subsolo do Mercado Modelo. Foto: Valter Pontes/ Secom PMS

“A gente sabe que o Mercado Modelo é um dos principais cartões-postais de Salvador, que pela sua beleza e produtos que são comercializados aqui, atrai milhares de visitantes, mas nós queríamos mais e podíamos ter mais. A Prefeitura vem fazendo um esforço, nos últimos anos, com a implantação de equipamentos que possam fazer com que os turistas permaneçam mais tempo na nossa cidade, que possam oferecer conteúdo para quem venha nos visitar”, afirmou.

O projeto foi pensado como um local de preservação da história do Mercado Modelo ao destacar personagens como Camafeu de Oxóssi, Mãe Menininha do Gantois e Mestre Caiçara, ampliando o panorama cultural e artístico de Salvador. Com mais de 100 anos de existência, o mercado é tombado pelo Iphan há mais de cinco décadas.

O secretário municipal de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho, revelou que a estratégia da gestão foi potencializar a curiosidade e o interesse de turistas e baianos em relação ao local.

“Tivemos esse desafio de potencializar o local, trazendo mais força e mais camadas para o subsolo. Então, nós pensamos que as galerias do subsolo poderiam se tornar galerias de arte. Convidamos a curadora Thaís Darzé, que, apesar de jovem, tem uma história longa com a arte de Salvador, e trouxemos obras de artistas plásticos de três gerações, o Rubem Valentim, que é um artista baiano, negro, já falecido, mas de maior importância hoje na arte contemporânea, Mário Cravo e Vinícius S.A”, contou.

A galeria também traz a historiografia do espaço, contada através de uma linha do tempo, formada por imagens que foram restauradas e nas obras expostas. A iluminação do subsolo também foi pensada para dar destaque à arquitetura do edifício.

O local passou a contar com um conjunto de fotografias com um recorte histórico extenso, que vai de 1860 aos dias atuais. Fazem parte da seleção Arlete Soares, Amanda Oliveira, Lázaro Torres, Pierre Verger, Marcel Gautherot, Joe Heydecker, Estúdio Gonçalves e Uiler Costa.

Acervo

Três peças em tamanho ampliado da série Templo de Oxalá, de Rubem Valentim, estão expostas. Todas em concreto, as esculturas foram feitas por uma equipe técnica habilitada, seguindo as diretrizes dos projetos originais do artista, falecido em 1991. O pintor e escultor sempre expressou o desejo de que o trabalho, que é inspirado nas matrizes culturais e formadoras do país, se tornasse público.


				
					Com galeria, subsolo do Mercado Modelo é reaberto depois de 15 anos
Galeria é inaugurada no subsolo do Mercado Modelo. Foto: Valter Pontes/ Secom PMS

Já as peças de Mário Cravo Jr. são da série “Cabeças de Tempo”, produzidas na década de 80, cuja matéria-prima é a madeira de expurgo do incêndio que acometeu o Mercado Modelo em 1984. A ideia é que a exposição dessas obras gere uma imediata conexão da arte com a própria história do edifício, além de ser uma homenagem ao artista no seu centenário.

Imagens sacras

Durante as obras de requalificação do subsolo foram encontradas duas esculturas sacras, uma de São José e outra Nossa Senhora da Conceição, sem registro de data de criação. As duas obras passaram por requalificação e também estarão na Galeria Mercado, como parte da exposição.

A escultura de Nossa Senhora da Conceição, em madeira, não possui autoria conhecida, mas foi identificado que a peça foi doada por dois permissionários do Mercado, Homero Bellas das Horas (conhecido como Sr. Lula) e Arthur Silva Figueredo (conhecido como Sr. Tuca), na década de 1990.

O intuito da doação era que as pessoas pudessem fazer orações ao visitarem o subsolo. O tipo de entalhe da escultura e os valores estéticos incorporados na obra têm características afrodescendentes.


				
					Com galeria, subsolo do Mercado Modelo é reaberto depois de 15 anos
Galeria é inaugurada no subsolo do Mercado Modelo. Foto: Valter Pontes/ Secom PMS

Já a imagem de São José, também em madeira, foi produzida por Zé Eugênio, segundo assinatura na parte de baixo da obra. No entanto, as informações sobre o artista são escassas. É possível afirmar que se trata de uma escultura moderna, possivelmente do final do século XX.

A escultura foi mantida no mesmo local em que foi encontrada, e um fato curioso a respeito é que, quando ela foi localizada, o espaço da instalação “Lágrimas”, de Vinícius S.A., já havia sido definido.

O artista interpretou o encontro como uma bênção de São José, já que sempre associou a instalação ao santo, usando cânticos entoados durante as exposições.

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