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| Capa do CD remasterizado e lançado no exterior pelo selo Él |
Continuando a série Especial João Gilberto: 80 anos, hoje vamos falar sobre o relançamento no exterior de dois álbuns clássicos de João, "Chega de Saudade (1959)" e "O Amor, O Sorriso e a Flor (1960)", e que, para tristeza dos admiradores do músico no Brasil, ainda não há previsão de lançamento dos CDs no país.Pertencente ao Cherry Red Record, o selo inglês Él disponibilizou, no mês de março, nas lojas britânicas a primeira edição em CD de "O Amor, o Sorriso e a Flor", de João Gilberto. O histórico álbum foi gravado e lançado originalmente em 1960. No ano passado, o mesmo selo já havia relançado o trabalho de estreia do artista brasileiro, "Chega de Saudade".
Com as 12 canções originais do disco e ainda 23 faixas adicionais, esta edição especial do segundo disco de Gilberto também chegou ao Japão. Entre outros clássicos do repertório original, aparecem "Corcovado", "Samba de uma Nota Só" e "Outra Vez". E entre as faixas-bônus, destacam-se inúmeras participações especiais, tais como Sérgio Mendes (em "Ho-Ba-La-La" e numa outra versão de "Outra Vez"), Sylvia Telles, Agostinho dos Santos, Carlos Lyra e Alaíde Costa.
Briga com a EMI impede comemoração completa no Brasil
Em entrevista ao Terra Magazine, a advogada e diretora de Business Affairs da gravadora EMI no Brasil, Ana Tranjan, fala sobre a possibilidade de não haver relançamento de álbuns de João Gilberto, na comemoração dos seus 80 anos. "Nós fizemos diversas gestões em relação ao aniversário da Bossa Nova, ao meio século de Bossa Nova. Naquela ocasião, várias gestões foram feitas, mas não se chegou a um termo final. Da nossa parte, nós queremos da melhor maneira possível, de fato, sempre privilegiar o público com os lançamentos do João (Gilberto). Mas o fato é que nem tudo anda do jeito que nós gostaríamos que andasse. Ele não chegou a fazer proposta. Nós ficamos numa fase embrionária", afirma Ana.
Em 2008, houve esboços de diálogo com a EMI para os 50 anos da Bossa Nova. Em 2010, a gravadora britânica trouxe um técnico dos Estados Unidos para acompanhar o músico na audição dos másteres (as originais dos discos). João Gilberto apontou falhas e pediu para ouvi-los em casa, mas não identificou as gravações originais, o que manteve o impasse. Atualmente, as duas partes esperam um julgamento do STJ para 2011. "Existe uma tendência, especialmente da parte dele, de aguardar a decisão final da Justiça, em razão da proximidade da conclusão judicial", diz Tranjan.
Entenda o impasse
Em 1992, a EMI, detentora do catálogo da Odeon (antiga gravadora de João), reuniu os três vinis e o EP "Orfeu da Conceição" num único CD, "O Mito", à revelia de João Gilberto, que não gostou nem um pouco do fim da "sequência harmônica" das faixas. Um dos motivos de maior indignação por parte do artista são os defeitos da remasterização das gravações originais - que ao mudarem para o formato digital, teriam sido deformadas.
O músico abriu um processo contra a EMI, em 1997, e até o início de 2011 não entrou em acordo com a multinacional. Defendido pelo advogado Marcos Meira, João busca a "abstenção definitiva" da EMI e da Gramophone de produzir e comercializar sua obra no Brasil e no exterior, a retirada de "O Mito" do mercado, a indenização por danos morais e o pagamento de royalties. O processo está respaldado por laudos técnicos do músico Paulo Hermanny Jobim (filho do maestro Antonio Carlos Jobim) e do compositor Caetano Veloso, que atestam as "adulterações" na mixagem de três clássicos da bossa nova: "Chega de Saudade" (1959), "O Amor, o Sorriso e a Flor" (1960) e "João Gilberto" (1961). Enquanto isso, na internet, são vendidas cópias dos discos consideradas ilegais.
Samba de Uma Nota Só[youtube ytwSy9qM9Rg]
O Pato[youtube 8qMV3c56vnw]
Acompanhe o Especial João Gilberto 80 anos:Mitos e verdades sobre JoãoUm espaço para João Gilberto
