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Secretaria da Justiça apura se houve racismo em show de humor

Músico se diz ofendido com piada sobre macaco; ele acionará a Justiça. Comediante afirma que foi uma brincadeira para pessoas que aceitam

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16/03/2012 às 12:00 • Atualizada em 28/08/2022 às 11:02 - há XX semanas
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A Secretaria da Justiça do Estado de São Paulo apura se houve crime de racismo durante o show de humor “Proibidão”, na segunda-feira (12), na Zona Sul de São Paulo. No evento, o músico Raphael Lopes, de 24 anos, chamou a polícia após uma piada relacionada a macacos ter sido direcionada a ele pelo humorista Felipe Hamachi. Lopes tocava na primeira edição do "Proibidão", evento que prega o “humor sem limites” realizado na Kitsch Club, na Vila Mariana. Antonio Carlos Arruda, da Coordenadoria Estadual de Políticas Públicas para a População Negra, órgão ligado à Secretaria da Justiça, afirma que há indícios suficientes de racismo. O músico será ouvido e deverá ser aberto um processo administrativo com base na Lei Estadual nº 14.187, sobre discriminação racial. A direção do evento e mesmo o humorista podem ser condenados a uma multa de R$ 18,4 mil. Raphael diz querer que a festa acabe e que haja responsabilização. Ele contesta a ideia de que, no humor, tudo é permitido. “Eles estão alegando que são humoristas, e que aquilo é um papel, um personagem que não condiz com a realidade da vida deles. Mas se eu atropelo alguém na rua, independente do meu caráter, isso não faz diferença e eu vou ter que responder. Então eu acho que eles vão ter que responder pelo crime cometido, do mesmo jeito.” O advogado de Raphael, Dojival Vieira Santos, diz considerar justo até que casa Kitsch Club seja fechada. Santos entrará também com uma ação por danos morais e pedirá que a polícia abra um inquérito para investigar o caso. O advogado critica o fato de o “Proibidão” fazer piadas com crianças, mulheres e deficientes, além de negros, entre outros. Para o músico, ao proferir essas piadas, os comediantes agem como “nazistas disfarçados de humoristas". PiadaRaphael fazia parte da banda responsável por tocar vinhetas no evento durante a troca de humoristas. O tecladista conta que não gostou quando Felipe Hamachi fez uma piada dizendo que transava com macacos, olhou na direção do músico e disse: “Né?!”. Lopes saiu do palco e foi chamar a polícia. Ele não havia assinado um termo de ciência apresentado aos visitantes no qual eles admitiram saber os tipos de piada feitos no local. Para o advogado do músico, trata-se de um documento sem valor mesmo para os que assinaram. A entrada no evento custou R$ 60. Brincadeirao comediante Felipe Hamachi disse que as piadas do "Proibidão" não são preconceituosas. “O 'Proibidão' não é um show racista, é um show sem limites. São brincadeiras para pessoas que aceitam brincadeiras. É uma brincadeira, não é quem eu sou.” O humorista de 25 anos, que é branco, afirma não ser racista. Segundo ele, houve um contexto em que a piada foi feita. Outro humorista negro que participava do evento já havia feito piada relacionada à etnia com Raphael sem que ele tivesse se mostrado chateado, segundo Hamachi. O humorista diz ainda que havia vários negros na plateia, e que ninguém se sentiu ofendido. “Minha intenção nunca foi ofender ninguém. Na hora eu pedi desculpas e ele tanto aceitou que apertou minha mão. Estou surpreso com a reação dele agora após já termos conversado”, conta. Segundo Hamachi, o mal-estar gerado já provocou mudanças no show. Nas próximas edições, o "Proibidão" vai pedir que, além do público, todos os funcionários e músicos assinem papéis informando que estão cientes do tipo de piada feita no evento. O comediante defende a proposta de humor do "Proibidão" e, sobre a crítica de que as algumas piadas são crimes cometidos em ambiente privados, Hamachi rebate: “Se fosse assim, não seria permitido também interpretar Hitler”. A reportagem não conseguiu falar com um dos produtores do evento e proprietário da Kitsch Club, Luis França, nesta quinta-feira (16).

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