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Irmãs de Pau: 'só sabem nos escutar quando falamos de travestilidade'

Atração confirmada na quinta edição do Sangue Novo, a dupla formada por Vita e Isma promete um show que reunirá os principais hits da carreira

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Redação iBahia

28/10/2023 às 7:00 • Atualizada em 29/10/2023 às 12:01 - há XX semanas
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"Irmãs de Pau": Elas não são irmãs de verdade e o nome pode até causar espanto, mas traz o marcador social da identidade da dupla de funk formada por Vita Pereira e Isma Almeida. Afinal, como bem citado por Vita, “nosso nome de guerra precisa estar à nossa altura".


				
					Irmãs de Pau: 'só sabem nos escutar quando falamos de travestilidade'
Foto: Reprodução / Redes sociais

Da Zona Oeste de São Paulo para os palcos da quinta edição do Sangue Novo, As Irmãs de Pau bateram um papo com o Portal iBahia, em que falaram sobre representatividade, carreira e, não menos importante, detalhes sobre o show que acontece no sábado (28) do Festival.

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A fome de viver e comer o mundo uniu As Irmãs de Pau

Vita e Isma se conheceram durante o ensino médio, porém, foi nas ocupações estudantis em 2015 que firmaram a amizade. "Fico me perguntando por que a gente não se encontraria. Acredito que o universo construiu caminhos para que as nossas vidas se encontrassem. E foi a gente que a gente se conheceu e surgiu, com muita fome de viver e comer o mundo", relembra Vita.

Questionadas sobre o nome da dupla, foram diretas na resposta. "Somos travestis. Nosso nome de guerra precisa estar à altura, por isso esse nome forte. Esses nomes assim ousados fazem parte da estética e cultura do funk, essa cultura que temos contato desde pequenas e influenciou o nosso fazer artístico, personagens como Tati Quebra Barraco , Valesca Popozuda, Mulher Melancias deram início a esse movimento dos nomes chamativos , que brincam com o humor e trazem um marcador social no nome já", explicam.

Um dos maiores marcos das artistas é a música "Shambaralai", que conta com mais de 865 mil visualizações no Youtube. Em 2022, participaram do disco de remixes do álbum "Noitada", de Pabllo Vittar. Na ocasião, ficaram responsáveis por trazer uma identidade à canção “Derretida”. “A Pabllo foi uma artista muito generosa e sou muito grata por isso. Fiquei muito feliz com o convite e com tudo que conseguimos realizar”, relata Vita.

Representatividade para além do palco: “O Brasil é a nossa maior dificuldade”

Nem tudo são flores para Isma e Vita. As Irmãs de Pau ainda se sentem desvalorizadas pelos contratantes e pelas marcas, e tudo isso traz desafios no que se refere às questões financeiras, como conseguir se manter e manter a equipe, desenvolver os projetos e etc.

Questionadas sobre a representatividade de corpos travestis na música, as artistas acreditam que ainda há muito a ser feito.

“Está crescendo, está num momento bom, mas, não pode ficar só nisso. As pessoas estão se acostumando com esse lugar de ‘representatividade’, como se isso bastasse. Quero ver os próximos níveis, não quero apenas uma me representando, quero várias e em diferentes setores da sociedade, e que a gente possa falar sobre tudo, não apenas sobre as questões da travestilidade. Sinto que as pessoas só sabem nos escutar quando falamos sobre isso”, desabafa Isma.


				
					Irmãs de Pau: 'só sabem nos escutar quando falamos de travestilidade'
Foto: Reprodução / Redes sociais

Artistas que dialogam com a Bahia: expectativas para o Sangue Novo

As Irmãs de Pau se apresentam no sábado (28) da quinta edição do Festival Sangue Novo, que acontece no Trapiche Barnabé, Salvador (BA), a partir das 16 hrs. Para além da energia do público, as artistas relatam uma identificação com a cidade.

"Salvador é uma cidade rica em diversidade, inclusive de corpos travestis. nada mais justo que um dos maiores festivais da cidade trazer personalidades como as nossas também, não apenas por sermos travestis, pq também somos negras, também somos periféricas, e acredito que isso tudo dialoga muito com a população baiana”, detalham.

A apresentação faz parte da turnê "Silicone Tour", que fala sobre a celebração, autonomia e prosperidade dos corpos e é uma prévia do novo álbum da dupla. Para além de hits e novidades, o público também pode esperar um show memorável.

"Put**** né, mores, se depender de mim eu saio pelada do palco. Mas também queremos deixar algumas reflexões, gostamos que as pessoas saiam pensando do nosso show", finaliza Isma.

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