Natural de Juazeiro, município no norte da Bahia, Josyara, 31 anos, carrega no sangue o talento para as artes. A cantora, compositora e instrumentista apresenta canções de ritmos inconfundíveis e singulares, que refletem seu jeito de viver, ancestralidades e múltiplas referências.
Atração confirmada no primeiro final de semana do Festival Sangue Novo 2023, a artista bateu um papo com o Portal iBahia. Ela relembrou momentos marcantes da carreira, teceu comentários sobre o cenário musical no interior do estado e falou sobre as expectativas para a apresentação no evento. Confira!
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Talento nato: carreira inicia ainda na infância
A arte corre no sangue paterno de Josyara. A avó da artista é afinada, o pai dela toca e o tio-avô já realizou gravações, sem falar também nos parentes que se tornaram artistas plásticos. Porém, por não ter convivido intensamente com essas pessoas, a artista acredita que a paixão pela música nasceu muito mais de maneira intuitiva do que a partir de uma vivência dentro de casa.
Ainda criança, descobriu um violão velho guardado no armário do avô. Após umas aulas com Rose, amiga da mãe, Josy descobriu, nos pequenos acordes, amor, prazer e talento. Passou a realizar apresentações em bares e restaurantes em Juazeiro, até que, quando já morava em Salvador, teve a oportunidade de gravar o primeiro disco, “Uni Versos” (2012).
“No estúdio, eu ouvi a minha voz, as minhas canções ali arrumadas. Foi naquele momento que pensei: ‘Nossa, eu posso compartilhar a minha música e as pessoas poderiam ouvir aquilo no mundo inteiro’, foi o primeiro olhar profissional e também de resistência, de acreditar que seria possível lançar o meu primeiro disco”, relembra.
A maneira de enxergar a vida enquanto fonte de inspiração
Chico César, Rosinha de Valença, Cátia de França, Lenine, Gilberto Gil e Gal Costa são apenas algumas das referências que Josyara escuta para compor. Porém, a cantora também busca inspiração na própria vivência.
"Tento trazer na música as minhas sensações, a forma como eu vejo as coisas. Eu trago dores e questionamento das coisas com um olhar que passa por mim. A vivência na terra me inspira, o prazer de viver, as dores e as delícias conduzem a minha escrita, a sensibilidade que desenvolvo na música", completa.
Muito além do que parcerias, Josyara também acredita na força da conexão e troca entre artistas negras como inspiração. "Quando era mais nova, acreditava que era alguma coisa comigo, mas, quando você realiza esses encontros, passa a perceber que se trata de uma questão estrutural, que perpassa pelo machismo e pelo racismo. Quando esses traumas e medos são compartilhados, você se fortalece", reflete.
A voz que ecoa no interior: uma cena para além da capital
Juazeirense nata, Josyara acredita que o fortalecimento do cenário musical no interior baiano perpassa por desafios, mesmo que o digital os tenha amenizado. “Existe a cena, a vontade de acontecer e a pulsação criativa no interior, não é só em Salvador, mas o desequilíbrio de rendas dificulta. Manter uma casa de show e equipamentos é difícil”, considera.
“Eu sou sertaneja, tenho um sotaque diferente. Então, pensando no sertão e litoral temos duas identidades e ritmos fortes, são muitas formas de dizer. A Bahia é grande, o artista que bebe dessa diversidade mostra que temos muito a cantar”, completa.
O que esperar do show de Josyara no Sangue Novo?
Josyara afirmou que irá fazer uma visita em toda a carreira durante o show. Por mais que o álbum mais recente, “ÀdeusdarÁ”, predomine no repertório, ela adiantou que irá tocar antigos sucessos e também releituras musicais, em uma performance que certamente ficará marcada nas lembranças do público e na história do Festival.
A quinta edição do Festival Sangue Novo acontece nos dias 21 e 22, 28 e 29 de outubro de 2023 no Trapiche Barnabé, em Salvador (BA). A artista se apresenta no dia 21 (sábado), ao lado de Céu, Larissa Luz e Tulipa Ruiz. Compre aqui o ingresso.
Da Redação
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