Comemoração dos 30 anos do Solar Boa Vista segue até agosto

Ao passar pelo Parque Solar Boa Vista, no Engenho Velho de Brotas, há quem lembre que o local abrigou a casa do poeta Castro Alves (1847-1871). Muitos nem sabem que ali se instalou um engenho de cana-de-açúcar. Outros não esquecem que por lá já passou o hospital psiquiátrico Juliano Moreira e a sede da Prefeitura Municipal de Salvador. As novas gerações, entretanto, associam o local a um polo de cultura e lazer. Isso porque o Parque abriga o Cine-Teatro Solar Boa Vista, espaço que completou 30 anos e é responsável por dinamizar o bairro de Brotas a partir de diferentes linguagens artísticas. Nessas três décadas, nomes importantes das artes já passaram por lá, como Cássia Eller (1962-2001), Djavan, Nana Caymmi, Lázaro Ramos e Wagner Moura. O espaço cultural trintão - um dos 17 mantidos pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) - ganha comemoração de aniversário com o festival Julho+Solar. O evento segue até 3 de agosto com programação predominantemente gratuita, ou a preço popular. Três momentos marcam a comemoração, segundo a atual coordenadora do Solar, Simone Braz, 25 anos. O primeiro deles é o show gratuito A História da Música na Bahia, de Paulinho Boca de Cantor, que abriu os festejos. O segundo é a primeira edição da Semana da Mulher Negra, de 19 a 25, com shows, bate-papos e exibição de documentários sobre a temática em questão. A abertura ficou por conta da cantora Juliana Ribeiro e convidados no show em homenagem a Clementina de Jesus (1901-1987).

A banda Sertanília mostrará sua música inspirada na cultura popular brasileira no Solar de Virote em agosto

O terceiro ponto forte do festival é o Solar de Virote, que vai oferecer 30 horas de programação gratuita entre 2 e 3 de agosto, com nomes como Sertanília, Orquestra Castro Alves (do Neojiba), Ananias-Break e Dão e a Caravana Black. "O Solar tem adquirido um novo lugar no cenário cultural de Salvador. Esse é um momento de destaque. Um momento não só de comemoração, mas de mostrar o potencial do Solar como equipamento cultural. São 30 anos que vêm celebrar a memória e o futuro",destaca a coordenadora Simone Braz. Outras atrações de destaque integram o Julho+Solar, que acontece desde 2012, sempre em julho. A programação reúne ainda nomes como o Entrevero Instrumental, grupo que mostrou trabalho autoral de música brasileira com forte influência dos ritmos do Sul do país, entre os dias 10 e 12. Vale destacar também o Boca de Brasa, projeto criado este ano pela Prefeitura de Salvador, através da Fundação Gregório de Mattos (FGM), que aporta no Solar dia 16. São cinco dias de oficinas gratuitas de audiovisual, criação literária, criação e produção musical, danças urbanas, elaboração de projetos e gestão de grupos e teatro de rua. No dia 20, o público confere uma mostra dessas oficinas e apresentação de artistas locais, a partir das 17h. As inscrições gratuitas para as atividades podem ser feitas até dia 14 pelo site www.culturafgm.salvador.ba.gov.br ou presencialmente no Solar, de segunda a sexta, das 9h às 20h.

Show de Juliana Ribeiro abre a Semana da Mulher Negra

"Fiquei muito feliz de começar as comemorações deste equipamento importantíssimo. Por várias razões: ele abriga cultura em um lugar privilegiado, histórico; e depois por ver o Cine-Teatro completando 30 anos. Agentevêqueele está se mantendo vivo", elogia Paulinho Boca de Cantor, 68. O ex-Novos Baianos, que passou pelo Solar de Virote ano passado, conta a história da música local com um passeio pelo "cardápio musical baiano", que inclui forró, bossa nova, ijexá, samba de roda, axé, pagode e arrocha. O show foi registrado em DVD no Teatro Castro Alves há um ano e tem lançamento previsto para o final do mês. O resgate da história musical também é o mote do projeto Uma Noite para Clementina de Jesus: Transformando Quelé, realizado pela cantora Juliana Ribeiro. Pelo terceiro ano, ela apresenta no palco do Solar o tributo a Clementina de Jesus (1901-1987), que este ano coincide com a data de morte da sambista. O projeto abre a Semana da Mulher Negra e inclui show com Juliana e cerca de 20 convidados como Barlavento, Edil Pacheco, Lia Chaves e Botequim. Além disso, o tributo conta com exibição do documentário Rainha Quelé (Werinton Kermes) e apresentação de transformistas. A Semana da Mulher Negra segue até dia 25 e inclui o Festival de Cultura Hip-Hop; bate-papo sobre O Protagonismo da Mulher Negra na Sociedade; e o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, com exibição do documentário 25 de Julho - Feminismo Negro Contado Em Primeira Pessoa (Avelino Regicida) e show de Virginia Luz. Para o diretor de Espaços Culturais da Secult, Chicco Assis, 33 anos, que por quase sete anos esteve na coordenação do espaço, este é um momento de maturidade do Cine-Teatro. "Chegar aos 30 anos comemorando com uma programação tão diversa é chegar aos 30 com todo gás da juventude, mas com compromisso com essas identidades construídas nesse tempo. O Julho +Solar representa isso". Confira abaixo o que vem por aí no Solar! :: 19/7 a 25/7 ::Semana da Mulher Negra Abertura com Juliana Ribeiro e convidados no espetáculo "Uma Noite para Clementina de Jesus" (19/7), às 18h30. Ingresso: dois pacotes de leite em pó :: 26/7 ::A Lenda de Ossayn (Projeto Raízes Negras) - Afoxé Filhos de Ogun de Ronda, às 17h. Ingresso: R$ 2/R$ 1. :: 27/7 ::Sarau do Quintal - Pai João e o Terreiro Invisível, às 18h. Gratuito :: 28/7 ::Papo Solar – Parkour: Intervenção Urbana e Espaço Público, às 19h. Gratuito :: 29/7 ::Momento do Riso, às 19h. Ingresso R$ 2/R$ 1 :: 31/7 ::Comédia Lascada, às 20h. Ingresso: R$ 4/R$ 2 :: 2/8 a 3/8 ::Solar de Virote – das 16h do dia 2/7 às 21h do dia 3/7. Gratuito Programação completa: blogdosolar.wordpress.com Matéria original: Correio*