Nesta terça-feira (30) seriam comemorados os 110 anos do cantor e compositor baiano Dorival Caymmi, que veio a falecer em 2008. Nascido em 1914, o artista foi amigo pessoal de personalidades como Jorge Amado, que o descreveu como alguém que levou "sua saudade da Bahia por todo o céu do Brasil" a partir de sua obra.
Em plataformas digitais como o Spotify, Dorival Caymmi ainda mostra popularidade, juntando mais de 150 mil ouvintes por mês. O artista também foi recentemente homenageado no filme "Caymmi - Um Homem de Afetos", da cineasta Daniela Broitman, em que o "lado B" do artista é explorado.
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Nesse dia especial em homenagem a um baiano excepcional, o iBahia trouxe um pouco mais sobre a vida e a obra de Dorival Caymmi, que encantou o Brasil e o mundo com seus retratos da Bahia e, principalmente, de Salvador.
A vida de Dorival Caymmi
Dorival Caymmi nasceu em 1914, filho de funcionários públicos sem muitos recursos, mas sempre rodado de música. Desde cedo teve que fazer "bicos" para se sustentar e ajudar a família. Já foi vendedor de bebidas, de azeite de dendê enlatado e cera para assoalhos. Porém, seu primeiro trabalho sério foi na redação do "Diário da Bahia".
Começou a compor aos 19 anos de idade, assinando marchinhas e toadas, gênero musical popular na época, principalmente no período junino. Em 1935, Dorival começou sua carreira na Rádio Clube de Salvador, mas somente dois anos depois partiu para o Rio de Janeiro em busca de uma carreira na advocacia.
No Rio, porém, Dorival não se afastou da música, trabalhando para a Mayrink Veiga, tida como a "estação dos astros", e chegou a fazer participações em filmes, em especial no longa "Pequena Notável", com uma de suas amigas, a estrela portuguesa Carmem Miranda.
Em 1977, Dorival começou a se distanciar dos estúdios de gravação, preferindo fazer shows pessoalmente. Em uma entrevista de 1984, ele explicou: "A tecnologia mudou tudo, e eu tive que preservar o que era. Passei a vender minha imagem em shows, cantando sem gravar", comentando também que os artistas começaram a abusar das facilidades da tecnologia já naquela época.
O legado do cantor continua também por sua família, nas carreiras dos filhos que teve com Adelaide Tostes: Nana, Danilo e Dori Caymmi; e das netas Juliana e Alice Caymmi.
Ele faleceu aos 94 anos, no apartamento em que morava em Copacabana, apenas 10 dias após sua então esposa, Stella Maris, entrar em coma. A morte do artista foi atribuída a um quadro de insuficiência respiratória, devido ao câncer que Dorival combatia desde 1999.
A Obra de Dorival Caymmi
De toadas a marchinhas, a obra de Dorival é famosa por retratar o jeito baiano de se viver, mas também a tragédia da população negra e dos pescadores da Bahia. Dono de uma voz de ritmo único, Dorival compôs "Saudade da Bahia", "Samba da minha Terra", "Marina", "Maracangalha" e "Rosa Morena", ainda populares nos dias de hoje.
O artista também foi responsável pela produção da trilha sonora da adaptação do livro "Capitães da Areia", de Jorge Amado. Com a popularidade, Dorival conquistou até o público soviético em 1970 com a canção "Suíte de Pescador", presente no filme.
Após sua morte no ano de 2008, o presidente Lula, em seu primeiro mandato como Presidente da República, comentou:
"Dorival Caymmi é um dos fundadores da música popular brasileira, patriarca de uma linhagem de músicos de talento. Suas canções praieiras e seus sambas-canção são patrimônio da cultura nacional. Brilhou e inovou como compositor, músico e cantor. Sua música é uma completa tradução da Bahia", em nota oficial de pesar.
Helena Pamponet Vilaboim
Helena Pamponet Vilaboim
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