O ano era 2019, quando três grandes cantoras baianas resolveram unir as vozes em um projeto para homenagear as aristas negras da Bahia. Diferentes como pessoas e também nas sonoridades, Larissa Luz, Luedji Luna e Xênia França conseguiram combinar as potências vocais em um projeto que saiu das ruas do Carnaval para os palcos de festivais: as Ayabass.

As três cantoras, também chamadas carinhosamente de "Nordestiny's Child" pelos fãs - em referência ao grupo feminino "Destiny's Child" que Beyoncé fez parte - voltam a se reunir em 2024. As artistas se apresentam no palco do Viva Verão, na Praça Cairu, em Salvador, neste sábado (24), e prometem entregar um repertório rico em baianidade.
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Em entrevista ao iBahia, Larissa, Xênia e Luedji, as Ayabass, relembraram o que fez o projeto ser criado e como ele se expandiu, junto às carreiras individuais, nos últimos anos. O que era para ser uma reunião na folia baiana, se tornou uma girlband baiana.
"Foi minha primeira experiência. A Lari já tinha essa experiência, mas acredito que para mim e Xênia foi a abertura desse grande portal que é cantar no Carnaval. [...] Tem se expandido para outras oportunidades que façam sentido para gente. Não estamos presas a essa categoria de projeto de Carnaval", explicou Luedji.
O Ayabass, que foi idealizado por Larissa Luz e traz esse nome devido às concepções musicais da artista, acontece mediante o impacto e as oportunidades. A artista falou sobre a importância disso para o seguimento e para o trio.

"A demanda faz a gente expandir as oportunidades. Quando a gente vê oportunidade, a gente quer mesmo aproveitar para imprimir uma realidade que não é tão vista, que são três mulheres baianas pretas reunidas. O pedido das pessoas, a reação das mulheres que veem, que viram e que viveram o projeto. Acho que é um estímulo para gente pensar o projeto para além do Carnaval, para a gente pensar o projeto enquanto uma potência maior", destacou a cantora.
Ayabass e carreiras individuais
Larissa, Xênia e Luedji Luna se reúnem como Ayabass durante o verão, quando as agendas das carreiras pessoais costumam se completar e permitem o encontro. De 2019 para cá, as três cresceram na indústria da música, conquistando espaços cada vez maiores no âmbito nacional, e também internacional.
Ao ser questionada sobre as mudanças durante este período, Xênia França, que venceu o Grammy Latino 2023 com o álbum "Em Nome da Estrela", conta que acredita que o processo é natural e possibilitou também o surgimento e fortalecimento do grupo.

"Eu acho que existe uma peculiaridade nas nossas existência, como cantoras baianas, que a gente teve uma certa coragem, em tempos diferentes, de assumir nossas narrativas. [...] Nessas vontades individuais, acabamos nos encontrando no meio do caminho, e fizemos o que fizemos há um tempo atrás. Somos três artistas diferentes e o brilho acontece quando a gente se encontra", continuou.
Ainda segundo a cantora, "tudo mudou" ao longo deste período, tanto na carreira quanto na vida pessoal, que tiveram mudanças significativas para as três.
"Nós mudamos como pessoas, como mulheres. Luedji virou mãe, lançou outro disco incrível. Larissa também, trabalhos incríveis, virou apresentadora de televisão. Eu também lancei um disco. Tudo isso vai manifestando na gente uma mudança, um desejo de crescer mais. Acho que a profissionalização do nosso trabalho é muito latente a nível internacional, inclusive reconhecido internacionalmente porque a gente se posicionou dessa forma, tecnicamente, musicalmente, nossas posturas artísticas. Tudo isso faz com que o projeto, agora, faça ainda mais sentido", destacou.
Ayabass e possibilidade de disco
E, com tanta musicalidade e identidade reunida, cresceu também a curiosidades dos fãs das artistas em um possível disco das Ayabass. Ao iBahia, elas explicaram que no momento não há nada definido, mas que estão abertas para as possibilidades que surgirem ao longo do caminho.

"Engraçado, que essa demanda de gravar chegou exatamente agora. Quando a gente começou a se juntar, ninguém nem tocou nesse assunto. Nem a gente, nem jornalista, nem público, nem ninguém", ponderou Xênia França.
"A gente já falou: isso não é uma porta fechada. Nada está fechado. Tudo isso é uma possibilidade. E falo por mim, agora estou mais em mim para dizer, 'tudo bem, vamos gravar uma música, e isso vai ser bom para mim, vai ser bom para a gente'. Acho que tudo pode acontecer. Cena dos próximos capítulos", afirmou a artista.
Luedji Luna, que também já foi indicada duas vezes ao Grammy Latino, destacou que o grupo não pensou em disco quando se reuniram inicialmente, no primeiro ano de trabalho juntas. Mas ressalta, assim como Xênia, que não estão fechadas para um possível álbum.

"Objetivamente não pensamos em discos, não nos reunimos para isso. Mas não estamos com o coração fechado para colocar no mundo uma música, um disco, um EP. Estamos abertas", revelou.
Os bastidores da Ayabass
Larissa Luz, que já inspirou uma importante campanha para crianças negras com o sucesso "Bonecas Pretas" e também chegou a liderar a banda Araketu, explicou que, no primeiro ano de Ayabass, ela foi a responsável pela direção artística do grupo.
"No primeiro momento, eu fazia a direção artística, assumia um pouco mais essa liderança, porque já tinha um projeto, essa ideia do nome, essa ideia de referenciar às cantora pretas da Bahia. E casou com a vontade das meninas de fazer uma coisa juntas. Então, como o projeto era uma concepção minha, foi uma decisão em conjunto de eu estar mais à frente", contou.
Mesmo nesta posição, o grupo sempre manteve a postura democrática, em que cada uma tem seu devido destaque. Isso reflete no momento atual da Ayabass, em que farão tudo ainda mais juntas. Agora, mais do que nunca, as cantoras querem ser elas mesmas e mostrar isso a partir da música.
"Nessa segunda etapa, a gente decidiu que iríamos tocar essa direção artística juntas, todas opinando e criando. E convidamos um diretor musical para fazer a direção musical e a produção dos arranjos", detalhou Larissa ao iBahia.
