Longe daquelas boates em que (quase) todas as moças têm cabelo liso aloirado e os rapazes vestem camisa polo de marca, existem festas cheias de gente que arrasa na noite sem medo de descabelar ou amassar a roupa.Uma delas começou com quatro amigos, num apartamento que já estava pequeno para tanta ferveção. Outra nasceu de um aniversário aberto ao público e voltado para música e afirmação negra. Numa terceira, as apresentações de jovens drag queens com participação de estrelas internacionais inspiram o público a se montar e levar o show também para a pista. Conheça algumas delas: O começo
Os amigos Ana Julieta Garcia, Gabriela Rabelo, Gustavo e Paula Rocha faziam festinhas em casa, que foram ficando cada vez mais lotadas. Do fim de 2014 até o começo deste ano, eles promoviam, mensal e rotativamente, uma festa no apartamento de cada um deles. Mais frequentemente no dos irmãos Gustavo e Paula, que moram sozinhos em Ondina – daí o nome da festa, Apartamento 31.
Treta
“Já juntamos mais de 100 pessoas. Uma vez, o síndico apareceu de pijama, no meio da madrugada, porque o som estava alto demais e o interfone tava fora do gancho”, conta Julieta, 26, que também organizava as festas da Faculdade de Arquitetura da Ufba.Hoje
Desde maio, as festas acontecem na segunda quinta-feira do mês, no Commons (Rio Vermelho). Os quatro são DJs residentes e recebem convidados. “O local é aconchegante, parece festa em casa. E para quem gosta de balada mesmo, o fim de semana começa quinta-feira. O pessoal é muito animado, fica até 5h da manhã”, diz a moça. Na quarta e mais recente edição, que aconteceu em 10 de setembro, a lotação da casa - 300 pessoas - esgotou rápido. “Quando tem fila muito grande, a gente distribui shots de tequila”, explica Julieta. Sucesso
“É festa de gente feliz, que dança e se diverte sem carão. Não temos intenção de tornar produtor e DJ celebridade”, afirma Julieta. Mesmo estudando ou formados em cursos como Direito e Arquitetura, nenhum deles pensa em exercer as profissões.Música
Indie, house, gangsta house, deep house, funk, pop, eletropop, trash, brasilidade e quebradeira são alguns dos verbetes do dicionário sonoro do Apartamento 31. E ainda pode variar mais, a depender dos convidados.
Drinque O que leva o nome da festa mistura vodca, suco de pêssego e água com gás. “A gente sempre servia em casa. É gostoso e fácil de fazer”, recorda Julieta.
Coisinhas
Bandeirolas e murais com fotos da edição anterior para guardar de recordação dão vida às paredes. Não se surpreenda com celebridades como a cantora Miley Cyrus, o ator James Franco e as irmãs Kardashian. “A gente imprime máscaras de famosos e memes”, conta Julieta.Se joga
A próxima vai ser no dia 12 de novembro. Uma edição especial de Halloween acontece sexta (23), no Commons (R. Odilon Santos, 224, Rio Vermelho). Ingresso: R$ 25 antecipado e R$ 35 na porta. No Facebook: /apartamento31. No Instagram: apto.31.Niver negro
O início
Tudo começou com o aniversário do jornalista Wesley Miranda, que resolveu comemorar no Commons e jogou a ideia num grupo de WhatsApp. “Todo mundo gostou da festa ser aberta e ter conceito de negritude com destaque para funk carioca, hip hop e kuduro. O nome sugerido foi Batekoo e ficou”, conta Mauricio Sacramento, 20. Ele assumiu a produção sozinho a partir da segunda edição, quando o amigo foi para São Paulo.História
A primeira festa foi em dezembro do ano passado e lotou o Commons. A segunda demorou um pouco mais. “Parece que a casa não queria mais a gente lá. Nunca confirmava. Acho que nossa proposta dificultou”, lamenta Mauricio. Desde a segunda edição, o evento acontece no 116 graus (antigo Tarrafas, no Rio Vermelho). “Conseguimos a data para 13 de abril, na semana santa”, conta o rapaz. Choveu, mas 45 minutos depois da abertura dos portões, às 23h45, 600 pessoas esgotaram a lotação. Em maio e julho teve repeteco.
Sem camarote
A entrada custa R$ 10 reais. “É importante ter preço acessível, inclusive nas bebidas. Todo mundo sabe a qual classe social pertence a maioria dos negros do Brasil”, diz Mauricio.Lacração
Dois concursos marcam a pista: um é a batalha de bate-trança. “Queremos estimular que mais gente assuma o cabelo crespo”, pontua ele. O outro é de twerk, estilo de dança cheio de agachamentos e movimentos nos quadris. A empolgação do público decide e os melhores ganham bebida grátis.Música
Além dos residentes Mauricio, Jack e As Ovelhas Negras (Carol Neves, Thatila Martins e Ludmilla Costa), há convidados. “Preferimos artistas negros de periferia e evitamos brancos que se apropriam da cultura negra, como Iggy Azalea e Miley Cyrus. A galera quer se sentir representada”, afirma Mauricio. Música machista ou homofóbica também não toca.Drinque
No meio da festa, alguém distribui shots de Catuaba Selvagem direto da garrafa, para bocas sedentas na pista. “Embebeda rápido, custa pouco, tem um ar trash, é divertido”, diz Mauricio.Vai lá
Uma nova Batekoo ainda não tem data marcada. “Está difícil arrumar um lugar maior. Não quero superlotar de novo”, explica o rapaz. Enquanto isso, junto com o amigo Jack Nascimento, ele se dedica a outro projeto: o Suburbana, cuja primeira festa aconteceu ontem, no 116. Mas há diferenças, principalmente no som: “É mais trash nacional, com axé, samba de roda, pagode, tecnobrega...”, diz ele.
Veja também:
Leia também:
AUTOR
AUTOR
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade