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MÚSICA

Filipe Catto lança 1º DVD com canções autorais e boas releituras

Em um país onde as grandes vozes femininas imperam, o cantor gaúcho Filipe Catto, 25 anos, se destaca entre os novos artistas pela voz especial e intensidade pop no palco

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23/06/2013 às 17:59 • Atualizada em 02/09/2022 às 1:07 - há XX semanas
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Com voz especial, intensa e uma presença de palco incrível, o gaúcho Filipe Catto, 25 anos, realiza um antigo desejo ao lançar seu primeiro DVD Entre Cabelos, Olhos & Furacões (Universal), gravado no Auditório do Ibirapuera em São Paulo. Filipe interpreta canções de seu primeiro EP Saga e também do álbum Folêgo (2011), além de fazer releituras inspiradas de Ave de Prata (Zé Ramalho), A Sorte é Cega (Luiz Gonzaga) e 20 e Poucos Anos (Fábio Jr.). Veja também:Nelson Rufino e Jota Veloso irão representar o Brasil em PortugalAlceu Valença faz piada com problema no telão em show no Pelô; veja fotos Quer curtir o São João e vai ficar em Salvador? Confira programação da capital e RMSO DVD conta com participação especial da cantora Blubell em Johnny, Jack & Jameson. "A Bell fez vocais do disco de estúdio. Quando fomos fazer o DVD, a pessoa que eu não conseguia não ver no show era ela. A canção cresceu com a participação dela. Além disso, a Bell é uma grande amiga, uma pessoa que faz parte da minha vida", conta.
"Tiê é uma dessas pessoas maravilhosas que Deus colocou no meu caminho", diz Filipe Catto
Em entrevista por telefone ao CORREIO, o simpático Filipe fala sobre o projeto, avalia comparações com Ney Matogrosso, revela influências e dá sua opinião sobre as manifestações que estão acontecendo pelas ruas do país.Qual o conceito deste seu primeiro DVD?Comecei a trabalhar nesse projeto em 2011, logo que lançamos o álbum Folêgo. Queríamos que o show fosse um passo além do disco. A ideia era englobar músicas do Folêgo, mas que não ficasse só ali. Pensamos num trabalho mais teatral mesmo com luz de teatro e que as músicas seguissem um roteiro. Acho interessante o registro de um show, pois não há maquiagem. As pretensões caem por terra e é por isso que queria tanto gravar um disco ao vivo. O perigo de se expor é o que me motiva. Apesar de ter tido música na trilha de Cordel Encantado (2011), você ainda é pouco conhecido do grande público. A ideia é te apresentar para o nosso leitor e, para isso, queremos saber o que você ouvia? Sempre quis cantar?Sempre fui musical. Meu pai e meu irmão também são músicos, então desde criança eu vivi cercado por instrumentos. Eu nunca tive um plano B na vida. Eu sabia que ia trabalhar com música. Tudo se desenvolveu organicamente. Sua presença de palco é muito intensa. É algo natural ou você fez teatro?Eu fiz teatro há muito tempo, mas não credito as minhas performances a ele. Aquilo não é misancene, tudo que rola em cima do palco é natural. Eu acabo vivendo as letras de uma forma muito profunda então é impossível não transparecer isso durante a apresentação. Nunca faço um show igual ao outro. Quais são suas influências?Tenho influências de muitas coisas. Gosto de Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia, Marisa Monte, Cássia Eller e Elis Regina. Tem também coisas dos anos 90 que eu vivi como Pato Fu e PJ Harvey. O que me marca no artista é a entrega que ele tem na música. Esse é o ponto em comum de todas as minhas influências. Por causa de suas performances intensas e também seu timbre de voz, muitas pessoas te comparam ao Ney Matogrosso. O que você diz disso?Eu acho que é uma comparação muito natural, mas eu não concordo com ela. Eu acho que é uma comparação muito externa. Acho o Ney muito singular. Portanto, ele é completamente incomparável. Apesar de achar uma comparação boba, fico muito feliz porque ele é querido pelo país todo e isso indica que as pessoas também gostam de mim. Já esteve com Ney?Conheci ele e foi muito gentil. Ney também discorda da comparação porque acha que cada artista tem que trilhar seu caminho. E também penso assim. Meu trabalho surgiu da minha própria identidade e isso não acontece se aceitarmos as comparações.
Filipe participou de um show da cantora mineira no HSBC Brasil, em São Paulo, no ano passado. Juntos, os dois interpretaram Saga, música presente no primeiro álbum do gaúcho.
Já falamos muito do seu lado cantor, então agora queria saber um pouco do seu lado compositor. Você tem algum método para compor? Cada música vem de um jeito e vem de uma forma completamente própria. Quase todas vêm por acidente. Queria muito ter um método para compor, mas não tenho. Na verdade, estou me despindo dos métodos. Às vezes, estou indo para padaria, ouço uma melodia e isso vira música. Uma coisa é certa: não tenho desperdiçado ideias. Muitas vezes perdemos músicas porque esquecemos as ideias. O Brasil tradicionalmente é um país de mais grandes cantoras do que cantores. Como é representar a nova geração?Eu não tenho pretensão nenhuma. Acho que o sucesso é uma consequência do seu trabalho. Eu acho que o que importa é ter o meu espaço. Eu não quero o que é dos outros. Só quero saber que posso me expressar para as pessoas. Você fez um show em Salvador em 2012, no Solar Boa Vista. Gostou do público baiano? Deseja voltar agora com a turnê do DVD?Eu amei o público baiano. Fiquei tão encantado com a Bahia que entendo as pessoas que vão para aí e não voltam mais (risos). Acho que os baianos são muito exigentes até mesmo porque a Bahia produziu grandes compositores e intérpretes. Foi minha primeira vez aí e eu não imaginava o que aconteceria e o que encontrei foi um público caloroso, vibrante e que desafia o artista de uma maneira positiva. Eu achei uma delícia. Quero muito voltar. Com certeza vamos nos esforçar pra tocar aí. Você se mudou para São Paulo em 2010. Essa mudança influenciou o seu som?Influenciou em tudo. Eu sou extremamente sensível e sei que foi uma decisão acertada vir para São Paulo. Fico feliz de ver pessoas da minha geração fazendo coisas tão bacanas por aqui. Em Porto Alegre pouco fiz música profissionalmente então não posso fazer um comparativo, mas sempre me senti isolado do cenário e em São Paulo encontrei meus colegas. Além disso, abri minha cabeça como compositor e meus ouvidos como cantor. Aproveitando o momento vivido pelo país, qual a sua posição sobre as manifestações?Eu me manifestei nas redes sociais e estou indo pessoalmente nas passeatas. Acho que precisamos fazer alguma coisa. A gente está cansado de ser passado para trás. Não consigo entender uma figura como o Feliciano. Fico feliz de ver o povo se levantando para defender os seus direitos. Sei que isso é só o começo. As coisas não vão mudar do dia para noite. Mas isso prova que não podemos ficar quietos. Matéria original: Correio* Filipe Catto lança 1º DVD com canções autorais e boas releituras

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