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Guerreiro assume Gregório de Matos com pouco dinheiro e desafios

No órgão, ele fica responsável pela promoção de políticas públicas culturais para a capital baiana

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25/02/2013 às 10:20 • Atualizada em 02/09/2022 às 6:32 - há XX semanas
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Fernando Guerreiro assume Gregório de Matos
Fernando Guerreiro, 51 anos, sabe que seu maior desafio na direção da Fundação Gregório de Matos (FGM) será controlar a si próprio:“No serviço público as coisas não andam na mesma velocidade que eu. Vou ter que controlar minha agonia”. Veja também:Escola de Dança abre inscrições para Cursos Livres até 27 de fevereiro O importante diretor teatral baiano, que pela primeira vez ocupa um cargo público, assume a difícil função de criar uma política de cultura, até então inexistente, para Salvador. Nessa entrevista, ele conta os desafios de administrar a pasta com um dos menores orçamento do Executivo e, ainda assim, buscar recolocar a cultura como pauta da cidade. Por que você, que tem uma carreira consolidada na dramaturgia, resolveu assumir a direção da FGM que tem tantos problemas financeiros?Acredito que tem dois fatores principais: novidade e desafio. Eu já havia sido sondado pelo serviço público antes, mas declinei porque acreditava que não era o momento. Agora, senti que precisava fazer um movimento pela coletividade. Chegou a hora de contribuir diretamente para a sociedade. Além disso, acho que a prefeitura entende a cultura como prioridade para a política municipal. O que você considera fundamental para construir uma política cultural para Salvador?Primeiro, preciso ter calma (risos).É um grande aprendizado trabalhar no serviço público, porque ele tem ritmo e dinâmica própria. Não vou deixar que minha agonia passe por cima das leis. Sou ansioso, mas sempre tive um pé no chão. Sei que nesse serviço é necessário pensar primeiro em destravar o processo. E qual a primeira coisa que precisa ser feita para “destravar o processo”?A questão fundamental é a criação do Sistema Municipal de Cultura para definir uma política municipal para o tema. Em seguida, vamos formar o Conselho Municipal de Cultura. Esse ponto é uma prioridade porque até para firmar convênios com iniciativa privada ou pública, por exemplo, é necessário que exista esse o conselho. Quem seriam as pessoas escolhidas para esse conselho?Não posso falar os nomes porque posso desistir depois (risos!). Mas pretendo misturar gente que tenha maior representatividade em todas as áreas, mas também trazer gente nova. Qual a função da Fundação Gregório de Matos?O orçamento anual é de apenas R$ 500 mil. É uma piada! Por conta disso, ela sempre se caracterizou pela inércia nas atividades. Eu, por exemplo, sempre critiquei a ausência uma política de cultura de Salvador. Mas, no papel, a fundação é responsável pela promoção das políticas públicas de cultura no município. Recentemente, a prefeitura repassou a “sobra” do Carnaval para o orçamento do órgão...Isso. Recebemos R$ 2,5 milhões da prefeitura. Vale ressaltar que a fundação também é responsável pela manutenção dos monumentos de Salvador. Praticamente todos eles precisam de reparo. Além disso, temos no prédio do órgão (Rua Chile) um arquivo com documentos raríssimos da história de Salvador. A ideia é achar um espaço para transferir esses documentos e promover o acesso do público a isso, como o Arquivo Público Nacional (Rio de Janeiro). Existem outros projetos na pauta primordial?No Espaço Cultural da Barroquinha, por exemplo, pretendemos criar o Centro de Referência da Cultura Negra. O espaço seria um ponto de convergência de manifestações culturais voltadas para o público. Também temos como prioridade a reabertura do Teatro Gregório de Matos. O espaço está completamente reformado, mas não há equipamento para o funcionamento. Como vai ficar sua carreira artística durante esse período?Nesses dois primeiros anos vou me dedicar exclusivamente a isso. Esse, sem dúvida, é o maior desafio da minha vida. Sei que não vou poder mudar o mundo, mas quero iniciar o processo de rediscussão da política cultural. Isso inclui o Carnaval?Nosso Carnaval tem perdido visibilidade porque os desfiles são mal organizados, sem muita identidade. Queremos fazer uma espécie de curadoria artística da festa porque existem muitas coisas bacanas, mas que as pessoas não conhecem. Vamos transformar a festa em algo mais diverso. Isso significa incentivar o Carnaval pipoca, sem cordas?Pra mim, as cordas já eram. Esse ano fiquei impressionado com a pipoca da Banda Eva. O trio já estava virando a Avenida Sete e ainda tinha gente no Campo Grande. O folião só precisa de espaço para pular. Saulo (ex-vocalista do Eva) meio que representa essa nova fase da festa. Ele não fica apenas pulando.Ele é um artista que pensa mais na música do que em outras coisas e faz isso de forma muito natural. Na sua opinião, a cultura baiana deu uma estagnada?Acredito que as produções carecem de criatividade, mas isso também está relacionado com a situação da capital baiana. Nos últimos anos, Salvador eliminou as possibilidades de convivência entre as pessoas, por isso precisamos fazer a ocupação da cidade pelas artes, derrubar alguns tabus para a população voltar a circular pela cidade. Salvador e a população precisam recuperar a delicadeza que foi perdida.Matéria Original: Correio 24 horas Fernando Guerreiro assume Gregório de Matos com pouco dinheiro e muitos desafios

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