Sebastião Rodrigues Maia, o Tim Maia, morreu em 15 de março de 1998, com 55 anos, mas segue vivinho da silva no coração do povo brasileiro - de todos os tipos de brasileiros, pois o Síndico da MPB agradava a gregos, troianos e ornitorrincos. E criou essa empatia toda fazendo apenas o que queria.
Então, depois de livro, musical, programa de TV e filme, sem contar os seus sucessos que nunca param de tocar no rádio, o projeto Nivea Viva 2015 homenageia Tim Maia reunindo Ivete Sangalo, 42 anos, e Criolo, 39, numa turnê em que os dois interpretam clássicos do cantor e compositor carioca. A estreia nacional do show - só para convidados -, no Vivo Rio, anteontem, mostrou que o projeto honra, sim, a estética e a genialidade soul funk de Tim, mas serão precisos alguns ajustes - de direção e roteiro - para que a boa qualidade do espetáculo ganhe um upgrade para ótimo.
Coadjuvante
Ainda que cantando axé music ela tenha um repertório que deixa a desejar, Ivete é uma boa cantora e Tim Maia não é um estranho no seu ninho. Quem acompanha a sua carreira sabe que ela já gravou Tim e, por isso, esperava-se sua competência na homenagem ao Síndico. E Ivete não decepcionou, mesmo que, pelo vício da alegria do axé, ela pareça não sentir o feeling soul de uma letra como Não Vou Ficar (1969), canção de Tim imortalizada por Roberto Carlos. A dúvida era saber se o rapper paulista Criolo, que não tinha experiência em sua discografia com o soul funk de Tim, ficaria à vontade - e se teria química no palco com a parceira. Em duas horas de show com uma banda de 14 músicos e bons arranjos de Daniel Ganjaman, Ivete e, sobretudo, Criolo brilharam no Vivo Rio e mostraram sintonia nos duetos. O problema é que, pelo roteiro desenvolvido, Criolo se transformou num coadjuvante de luxo de Ivete. O primeiro encontro dos dois intérpretes no palco aconteceu aos 60 minutos, em Lamento - ou seja, na metade do show.
Antes, Ivete interpretou dez canções sozinha e Criolo apenas duas: Primavera e Chocolate. No repertório de 28 canções (com o bis), Ivete cantou 13 canções sozinha e Criolo seis. Não faz sentido essa discrepância, ainda mais porque o rapper é um intérprete muito carismático, do tipo que comove a plateia.
Duetos
Felizmente, o repertório, os arranjos, as projeções de imagens no cenário e as interpretações superaram esses equívocos. Os nove duetos fazem a alegria de qualquer admirador do balanço e do romantismo de Tim. Juntos, eles cantam Lamento, Sossego/ Do Leme ao Pontal, Você e Eu, Eu e Você, Canário do Reino/ A Festa de Santo Reis, Um Dia de Domingo, Acende o Farol e Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar). E no bis mandam Vale Tudo e novamente o medley Sossego / Do Leme ao Pontal.
Entre elogios mútuos e comentários sobre suas relações afetivas com o som de Tim, Ivete e Criolo criaram empatia imediata com a plateia. Ivete brincou que estava tão focada em cantar Tim Maia que nem havia pedido para o público “tirar o pé do chão” (bordão típico do axé). E Criolo aproveitou a presença dos pais para louvar os 42 anos de união do casal.
Estrada
“A admiração de Ivete e Criolo pela obra de Tim é tamanha que eles se igualam exatamente nisso. E cada um com seu jeito, seu timbre e sua musicalidade nos proporciona uma viagem particular pela obra de Tim”, afirmou Monique Gardenberg, que assina a direção geral do show. Patrocinada pela Nivea, multinacional alemã de cosméticos, a turnê passará por sete capitais a partir do próximo dia 12, em Porto Alegre, sempre em grandes espaços públicos e com entrada gratuita.
Em Salvador, o show será na Praça Visconde de Cayru, dia 24 de maio, às 16h30. Em suas três edições anteriores, o Nivea Viva homenageou Elis Regina (2012), com Maria Rita relendo o repertório da mãe; Tom Jobim na voz de Vanessa da Mata (2013); e o samba, com a turnê reunindo Martinho da Vila, Alcione, Diogo Nogueira e Roberta Sá (2014).
* O jornalista viajou a convite da Nivea
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