A roda de samba no Forte Santo Antonio fez três anos em agosto e virou point de bambas
Vinícius de Moraes defendeu em letra e prosa que o “samba nasceu lá na Bahia”. Há quem diga, no entanto, que a gênese da mistura de estruturas musicais foram trazidas da Europa pelos colonizadores, e do ritmo introduzido aqui pelos escravos, negros vindos da África. Discussões à parte, é inegável a influência e a presença vibrante do ritmo mais famoso do Brasil na vida e no cotidiano do povo baiano. Em Salvador, quando cai a noite, largos, pracinhas, bares e botecos de bairros como o Santo Antônio Além do Carmo, Dois de Julho e o Garcia, viram palco para encontros de amigos e ganham um colorido especial. Ao som do pandeiro, cavaco, surdo, cuíca, tamborim e/ou repique, os lugares fazem jus ao título de capital do samba. Fazendo um passeio pelos bairros da cidade, encontramos, de segunda a domingo, diversas opções de festas e rodas de samba. ”Minha dica é o encontro de sambistas que acontece todo primeiro sábado do mês, às 14h, no Clube Fantoches, no Dois de Julho. O evento é aberto e todo mundo que chega pode tocar. É muito bom, recomendo”, diz a cantora Sandra Simões.
"Porque o samba nasceu lá na Bahia / E se hoje ele é branco na poesia / Ele é negro demais no coração" (Samba da Benção, Vinícius de Moares)
Mestres bambas Entre os maiores ‘bambas’ baianos estão ícones como Nelson Rufino, Edil Pacheco, Ederaldo Gentil, Riachão (Clementino Rodrigues) e o falecido Batatinha (Oscar da Penha), nomes que permanecem presentes na memória da música brasileira e no repertório das rodas de samba - seja na Bahia ou em qualquer lugar onde se reúnam sambistas de coração. Cidade do Samba
Aconchego da Zuzu: feijoada, cerveja e encontro de amigos
No Centro Histórico, grupos de sambistas se reúnem e se revezam em diversos lugares - e até em igrejas centenárias - para abrigar rodas de samba. Um desses espaços é a Casa Branca, que promove festas ao ar livre, às segundas-feiras. No Terreiro de Jesus, ainda no Pelourinho, o samba também toma conta à noite no bar Fundo do Cravinho, que, como o próprio nome diz, fica situado atrás do Bar do Cravinho - famoso por comercializar um drink peculiar composto basicamente por cachaça, cravo, mel e limão.
Bar Fundo do Cravinho garante o sambinha no pelô
Seguindo até o bairro do Garcia, conhecido reduto do partido alto e onde mora o compositor Riachão, encontramos o Aconchego da Zuzu. O bar e restaurante, instalado numa típica residência do bairro, é comandado pela família da saudosa senhora, Zuzu. Outra opção no Garcia é a Casa de Pedra, no Espaço Legião Halbert e Nilton César. A alguns minutos dali, no bairro mais boêmio de Salvador, o Rio Vermelho, a galera pode curtir o melhor do chorinho na Casa de Dinha - tradicional restaurante da culinária baiana , ou ainda encontrar uma turma bonita e animada no São Jorge Botequim, que apresenta de segunda à sexta, o som contagiante do samba carioca; ou ainda encarar um cozido ao som do melhor do samba, ao meio dia, nos domingos, no Padaria Bar.
São Jorge Botequim tornou-se o reduto do samba no Rio Vermelho e vem atraindo muita gente bonita e animada
No outro extremo do mapa, seguindo até o cartão postal da Ribeira, os soteropolitanos têm vários motivos para aproveitar os finais de semana. O samba toma conta dos bares, botecos e casas de shows que ficam lotadas a cada apresentação de samba. Aí vão algumas dicas de lugares: Recanto do Boca, Let´s Go Kebab e The Best Beach. Para fechar o reduto do samba, o bairro do Tororó traz todas as sextas-feiras, os ensaios com a Velha Guarda do Samba do Tororó. “Nosso bairro é um verdadeiro celeiro de sambistas, de músicos consagrados e anônimos”, conta Batista Maia, dono de um boteco do bairro. ONDE CURTIR SAMBA EM SALVADOR