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Pelo visto o mercado de entretenimento musical no Brasil não está tão bem assim. Prova disso é que a coluna Tv e Lazer, do jornal 'Extra', revelou que alguns dos grandes eventos que estavam prestes a vir para o país cancelaram suas apresentações por "instabilidade no mercado". Segundo a publicação, exemplo da situação é o festival alternativo espanhol Sónar, que cancelou as apresentações programadas para os dias 24 e 25 de maio, em São Paulo. De acordo com o jornal, a produção gerou boatos sobre um suposto desaquecimento no setor. Sobre o estado real do ramo de eventos no Brasil, a produtora do Rock in Rio, Roberta Medina, deu sua opinião à coluna: "O que está acontecendo é um simples ajuste à realidade. Houve um crescimento acelerado demais, que gerou expectativas muito ambiciosas". Ela disse ainda que, as marcas ficaram com mais cautela, afinal de contas o retorno previsto não aconteceu. Ainda assim, segundo o jornal, não haveria nenhum sinal de crise. Roberta explicou que o próprio Rock in Rio teve um aumento de 30% em sua arrecadação de patrocínios nos últimos dois anos. "O mercado é grande e pode crescer ainda mais se bandas e artistas se adequarem a valores mais realistas. Entre 2001 e 2011, o custo médio de um ingresso cresceu de R$ 35 para R$ 190. Esperava-se que o brasileiro estivesse disposto a pagar R$ 600 por um festival, mas agora se vê que essa não é nossa realidade. Valores cobrados por certos artistas estrangeiros também inviabilizaram alguns eventos", ressaltou ela. Já um dos líderes do Abril Pro Rock, Paulo André Pires, acredita que não houve desaquecimento no mercado de entretenimento musical. Segundo ele, a situação está igual aos anos anteriores, e a falta de patrocínio não deveria justificar o cancelamento de um evento, afinal de contas a dificuldade de captar recursos sempre existiu. "Se a 'instabilidade no mercado' citada pelo Sónar realmente significar 'perda de patrocínio', eu discordo dessa postura", afirma o produtor pernambucano, que por sinal fará um evento em Recife em apenas dois dias, neste ano, em vez dos tradicionais três. Na grade de programação, o público poderá conferir as apresentações de grandes atrações estrangeiras, como os grupos americanos Television e Dead Kennedys.
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"É mais digno você ter planos A, B e C. Faz menor, mas faz. É preciso ter compromisso com a cidade, com o público e, acima de tudo, com a música. Tem produtor que vê o festival apenas como uma oportunidade de ganhar dinheiro", completa. Para Vinícius Lemos, vice-presidente da FBA (Festivais Brasileiros Associados), é impossível que qualquer evento sobreviva sem patrocínio. "A lógica vale para os maiores e para os menores. A diferença é que os festivais grandes têm somas maiores e negociações mais complexas. Consequentemente, quando há uma perda, esta também é maior. Na cena independente, nós nos viabilizamos com a junção de ingressos, patrocínio e permutas. Mas a instabilidade é algo natural no ramo de eventos. Todos passam por isso", argumenta ele. Ele acredita ainda que, devido a quantidade de festivais, seja um dos principais responsáveis pelos recentes casos de cancelamento. De acordo com a publicação, há boatos de que o festival Planeta Terra, em São Paulo, possa deixar de existir em função da concorrência com o Lollapalooza. "É muita novidade e briga por um mesmo mercado. Não vejo crise, mas um reposicionamento. A organização do Lolla, com o seu know-how gringo de 20 anos, teve impacto no ramo e trouxe dificuldades para os demais, até para o Rock in Rio, que vai repetir atrações. Isso gera, a médio prazo, uma falta de novidades e expectativas. Quando um evento se torna lugar-comum, é natural que isso leve a um desinteresse do público e dos patrocinadores", completa Lemos.