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MÚSICA

Música: quebradeira é uninimidade na Bahia

Pagode domina na praia; fãs do ritmo não se conformam com 1ª lugar da MPB Fotos: Evandro Veiga

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22/08/2011 às 8:16 • Atualizada em 29/08/2022 às 15:25 - há XX semanas
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O CORREIO não lançou música, mas mesmo assim sacudiu muita gente na praia com a reportagem que revelou muito sobre o gosto musical dos soteropolitanos. Na orla de Amaralina, por exemplo, onde a trilha sonora que saía em alto e bom som dos carros era o pagode, ninguém se conformou com o fato desse ritmo ter ficado em segundo lugar na preferência dos soteropolitanos.
De acordo com a pesquisa feita pelo instituto capixaba Futura, o pagode foi apontado como o estilo preferido por 10,5% dos 601 entrevistados, ficando atrás da MPB, que liderou com 23,5%. “MPB? Está maluco? Salvador é só quebradeira!”, disse o auxiliar de escritório Magnum Silva, 29 anos. Ele curtia a tarde quente ao lado de vários amigos, comendo água e curtindo justamente a swingueira: “Vou te dizer o som do momento: é Saiddy Bamba!”, garantiu, lembrando do sucesso Sim, Sim, Sim, Não, Não, Não. “Essa é a música que fala sobre a maneira como a mulher diz que tá a fim do cara!”, explicou o fotógrafo Tiago Santos, dono do carro que fornece o som para a turma. O grupo liderado por Alex Max, e que na pesquisa do Instituto Futura aparece como o 4º grupo de pagode mais apreciado, foi um dos mais citados em toda a praia. Outros que estavam com a moral lá em cima ontem eram A Bronkka (em 2º lugar na pesquisa), Black Style (em 5º) e o Psirico (7º). O fato de o grupo Harmonia do Samba ter ficado em 1º lugar na pesquisa causou algum espanto, porém foi um resultado visto com respeito. “O Harmonia é o começo de tudo, e sem eles não existiriam as bandas de hoje”, disse Tiago.
Axé em queda - O resultado que mostra o axé em 4º lugar no gosto dos soteropolitanos, atrás do sertanejo, também causou alguma surpresa. Mas ninguém discutiu que o ritmo que já foi sinônimo de Bahia está bem defasado em relação ao pagode. “Até 2009, eu ouvia mais axé, mas depois foi só pagode mesmo”, contou a estudante Jarbileine Brasil, 19. “Hoje a banda que mais gosto é Black Style”. Como muitos outros jovens, Jarbileine disse que o pagode ganhou força por falar a linguagem das comunidades. “O axé parece que ficou coisa de gente amarela, classe média”, destacou a estudante Itailaine de Jesus, 22, que minutos antes de falar com a reportagem quebrava até o chão. “A swingueira é bem mais gostosa do que o axé”, garantiu. Ela também fez questão de protestar contra o projeto da deputada Luiza Maia, do PT, que pretende coibir a difusão de pagodes com letras consideradas ofensivas contra as mulheres. “O pagode faz sucesso porque a mulherada gosta. Algumas letras até agridem, mais curte quem quiser”, opinou. Previsível - Na avaliação do repórter especial do CORREIO, Osmar Marrom Martins, que acompanha o desenvolvimento do axé desde 1985, o enfraquecimento do ritmo não é surpresa. “O axé teve seu ápice de 1990 a 2005, e agora está em seu pior momento. É algo que preocupa empresários e produtores há algum tempo, e essa pesquisa detectou bem”. Entre os motivos que provocaram esse enfraquecimento está a falta de conexão do axé com a realidade dos guetos. “Antigamente, os produtores iam até as comunidades para ouvir o que os artistas do gueto estavam fazendo, e hoje isso não acontece mais”. Enquanto isso, os pagodeiros ocuparam esse espaço, produzindo músicas que falam a língua do povo. “O pagode também renova sua safra o tempo todo. Prova disso é que todo dia uma banda de pagode me procura para mostrar seu trabalho. É verdade que tem muita coisa sem qualidade, mas pelo menos eles estão se movimentando”. Na tentativa de reconquistar o gosto dos soteropolitanos, os grandes artistas também estariam buscando uma aproximação com os pagodeiros, se apresentando em suas festas tradicionais, como já fazem o Chiclete com Banana e o Asa de Águia. Para Marrom, porém, o axé também precisa se renovar e abrir espaço para novas bandas como 5%, TH, e Oito7Nove4. Considerado como ‘o pai da axé music’, o cantor Luiz Caldas preferiu não comentar o resultado da pesquisa. “Eu não tenho nada a ver com isso. Criei a axé music, mas não me prendi a ela. Apenas faço música e respeito o gosto das pessoas”.
Pesquisa publicada gera repercussão na internet - Não foi só nas ruas que a pesquisa publicada pelo CORREIO sobre o gosto musical do soteropolitano causou repercussão. Na internet, o assunto foi bastante comentado nas redes sociais como blogs, facebook, orkut e twitter. No microblog do CORREIO, a notícia foi a mais comentada e recomendada. Nas reações dos leitores sobraram ironia e bom humor. “O Axé na UTI. E agora? Os números não mentem”, escreveu Beto Vilella. “Certeza que essa pesquisa não foi feita em Aracaju, por engano? Ela está destruindo estereótipos rentáveis...”, disse George Lemos. “E teve boatos que a Bahia é a Terra do Axé!”, anotou Paloma Ayres, enquanto o leitor Thiago Aley garantiu que o resultado era previsível: “Cantei essa bola há algum tempo!”.
No orkut, o assunto entrou no fórum da comunidade Esporte Clube Bahia, que conta com 94 mil membros. “Harmonia sempre no topo. As outras são bandas passageiras”, escreveu um dos membros da comunidade, sobre o fato de o grupo de Xanddy ser o mais lembrado do pagode. “Achei estranho esse negócio da MPB estar na frente com 23% da preferência”, disse outro, que não acredita que o pagode esteja em segundo lugar no gosto do soteropolitano.

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