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Revelação da nova música da Bahia, Russo grava seu primeiro disco

Russo Passapusso, 30 anos, se declara um artista plural que absorve influências de diversas vertentes. Em parceria com o paulista Curumin, ele prepara o seu primeiro disco solo

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07/04/2013 às 14:39 • Atualizada em 02/09/2022 às 7:27 - há XX semanas
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Russo Passapusso
Quem vê Russo Passapusso, 30 anos, andando pela rua tende a imaginar que ele tem perfil de militante de alguma causa. “ O povo olha meu barbão e já pensa que sou revolucionário ”, brinca. Mas sua visão é justamente contrária a conceitos estereotipados. "Não gosto dessa coisa de me encaixar em militância. Não tô aqui só pra levantar bola de negão, por exemplo. Acredito em várias pessoas ressignificando tudo, mas cada um do seu jeito", explica. A filosofia de pluralidade não se encerra na personalidade. Na música, o compositor tem preferências, claro, mas prefere não estigmatizar. “Eu vou ficar falando mal do pagode? É preciso entender o contexto em que essa pessoa viveu e o que ela ouviu”, contemporiza. Gestando o soloProva disso é o próximo trabalho do cantor. Russo está em fase de produção do seu primeiro álbum solo, ainda sem data prevista de lançamento. Ele foi selecionado pelo projeto Natura Musical. O trabalho terá composições próprias com faceta mais autobiográfica, com referências diversas, se diferenciando dos projetos paralelos do músico. O resultado dessa capacidade de relativização também se reflete na carreira com o Bemba Trio e a bem-sucedida Baiana System, mas que em comum reúnem suas principais influências: dub e ritmos jamaicanos, samba-reggae e guitarra baiana O álbum está sendo construído em parceria com o paulista Curumin. “Essa parceria tem sido frutífera e criativa. Tem gerado música boa e feita de coração. É como se a gente fosse parceiro faz tempo”, afirma Curumin, 35. A dupla começou a parceria no último trabalho do paulista, Arrocha (2012). No album, Russo assina Passarinho e Afoxoque. Os dois se conheceram através do rapper carioca BNegão. “ Perguntei a ele (BNegão) quais as novidades musicais boas que ele estava vendo no Brasil e ele me indicou Russo”, lembra. DescobertaNascido em Feira de Santana, Russo peregrinou por várias cidades do interior, até que, aos 13 anos, se estabeleceu em Salvador. "Assim, logo de cara, conheci o samba-reggae e vi que era a minha”, conta. Do ritmo, o ainda adolescente foi descobrindo outras variaçõe e a afinidade com a carreira de músico. “Fiquei chocado quando mudei para cá. No interior, minha vivência era de música sertaneja e religiosa. Em Salvador fui conhecer e ouvir Edson Gomes, Riachão, Bule-Bule, The Doors... mudou tudo!”, diz. Em paralelo, conseguiu um emprego num sebo de livros e discos, aumentando a relação com a música. “Gastava metade do salário com discos. Quando fui demitido, meu chefe disse que eu devia fazer música e não vender isso". Tudo começou a mudar de fato quando surgiu o projeto Ministereo Público, que logo projetou Russo. Sua voz marcante, com forte influência do rap, se destacou no grupo: "Quando saí do Ministereo, minha ideia era fazer aproximar o nosso estilo das pessoas, ficar mais popular". Assim surgiu o Bemba Trio. Em parceria com Fael Primeiro e DJ Raiz, o grupo deu mais “suavidade” às potentes batidas do Ministereo: “Posso dizer que somos operários do sistema soundsystem (aparelhagem ligada à cultura reggae e criada na Jamaica) da Bahia. Começamos no Ministereo como um sonho”. CotidianoAs letras de Russo Passapusso buscam retratar o cotidiano da cidade, sobretudo o que ele classifica de arte da sobrevivência diária do soteropolitano: “Para andar em Salvador é preciso ter a manha. É uma cidade de muitos amores, mas, sobretudo de muitas dores". Para vivenciar a genuína baianidade, ele chegou a alugar uma casa no Pelourinho, que divide com seu parceiro musical Fael. “A gente queria viver a experiência da cidade longe da orla e sentir essa realidade cruel para poder falar”, confessa. A música Cidade Baixa, do Baiana System, por exemplo, é resultado dessa experiência: “Me diz em que cidade que você se encaixa/Cidade Alta ou Cidade Baixa?”. “Isso nasceu da visão de cima do Pelourinho. A gente sempre fica procurando onde se encaixar”, resume o cantor. Baiana System mescla guitarra baiana, dub e eletroA ideia de criação da Baiana System partiu do experiente guitarrista Robertinho Barreto, em 2009. “Eu já vinha pesquisando, junto com Marcelo Seco ( baixista da banda) sobre dub e soundsystem, inclusive gravando essas misturas com a guitarra baiana ”, conta. Dessas audições, Robertinho conheceu Russo e percebeu que ele se encaixava na proposta do projeto. “Não queríamos um cantor clássico. A ideia era uma pessoa que interagisse com a guitarra baiana e fizesse um som diferente”, revela. “ Eu mesmo não me considero o cantor. Só quero que as pessoas me ouçam e entendam o que estou dizendo à minha maneira”, explica Russo. A fórmula inovadora da Baiana ganhou destaque no cenário local e nacional, tornando-se uma agradável surpresa na música baiana. "Estamos sempre pensando em trazer novas misturas para o público para também não entrar na lógica do mercado de produzir rapidamente”, explica Robertinho. No Carnaval baiano desse ano, o grupo foi um dos destaques da festa atraiu um grande número de foliões pipoca."Após desse período de euforia, resolvemos nos reunir para reciclagem para não ficar sem assunto. Queremos voltar a fazer show com algo mais elaborado”, afirma Robertinho. A primeira apresentação da Baiana System depois do Carnaval será dia 19, no Pelourinho. Matéria original: Correio 24h Revelação da nova música da Bahia, Russo grava seu primeiro disco solo

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