Quando apareceu de calcinha a primeira vez no Parafernalha, canal de humor em que atuava no YouTube, Carol Garcia viu sua imagem parar em vídeos de terceiros que a sexualizavam. Teve que brigar para tirar tudo do ar. E carregou consigo o receio do que estaria por vir ao topar fazer a prostituta Sabrina de “A dona do pedaço”.
— Por fazer uma garota de programa, eu esperava comentários mais “saidinhos” nas redes sociais, mas me surpreendi. Os homens que mandam mensagem só escrevem que morrem de rir comigo. E o público em geral só quer ver a Sabrina roubar todo o dinheiro do Otávio (José de Abreu). Fico tão feliz! — diz a atriz, de 29 anos, que faz sua estreia na TV.
Na trama das nove da Globo, a carioca também apareceu só de lingerie e está preparada caso precise surgir na telinha com cada vez menos peças de roupa.
— Não tenho problemas em ficar nua em cena, desde que seja algo que faça parte do meu trabalho e que se justifique. E aqui a equipe é muito cuidadosa. Na cena em questão, eles já estavam com um roupão para mim, desligaram o ar-condicionado… E a minha maior preocupação mesmo era o frio (risos) — diverte-se a atriz.
A loura faz piada aproveitando que está recuperada do vírus H1N1, que a deixou derrubada a semana toda, “tomando zilhões de remédios”. Melhorou exatamente no dia do ensaio para a Canal Extra, em que aparece radiante vestindo peças bordadas e moderninhas:
— Adoro costura e faço muita coisa à mão, como bolsinha, porta-canudo... É um hobbie no qual queria investir mais.
No mesmo dia, essa aquariana de 1º de fevereiro se desdobrou participando de um cortejo junino no Hemorio, do projeto Conexão do Bem, que leva arte aos hospitais.
— É muito emocionante ver a transformação dos pacientes. O que me deixa triste é ver a área de doação de sangue tão vazia. É uma bandeira que quero começar a levantar — diz Carol, que entregou o cansaço no fim do dia: — Fiquei destruída (risos).
Com o mesmo empenho para dar conta de tudo, a atriz, que já tinha interpretado uma prostituta no teatro, foi para as ruas de São Paulo conversar com as profissionais do ramo para trazer mais realismo a sua personagem. O primeiro baque foi derrubar os próprios preconceitos.
— É uma profissão estigmatizada. Conversando com as meninas, não tem como não humanizá-las. Encontrei mulheres que estão ali porque gostam, outras porque as condições da vida as levaram para aquele trabalho. Nosso papo durou tanto que teve uma que até me disse: “Carol, preciso me afastar só um pouquinho. Preciso trabalhar” — relembra: — Por mais que elas ajudem nas despesas familiares, quando parentes descobrem com o que elas trabalham, a maioria sofre preconceito, são expulsas de casa… Sabrina deve ter o mesmo medo, ainda mais por ter sido criada pelos tios (Eusébio, vivido por Marco Nanini, e Dorotéia, interpretada por Rosi Campos).
Mais do que fazê-la se impressionar com histórias de vida, o laboratório para a novela lhe rendeu dicas valiosas:
— A primeira coisa que me disseram foi: “Deixa eu ver suas mãos”. Passei a usar unhas postiças enormes por causa dessas mulheres. É que elas falam muito com as mãos, e eu incorporei. Outra coisa legal é que elas disseram que fazem um trabalho terapêutico. Olham para um cliente, o analisam inteirinho e sabem como ele gosta de ser tratado. Quando vou gravar com Zé (de Abreu), eu tento fazer o mesmo. A gente troca muito. É uma relação espiritual. Ele é apaixonado pelo trabalho, e nos divertimos muito juntos.
A sintonia dos atores é refletida em cena na relação de interesse que Sabrina tem com o dinheiro de Otávio (e ele com toda a beleza dela).
— Ela só queria alguém para sustentá-la e conseguiu. Eu pesquisei muito sobre essa relação de sugar baby e sugar daddy. Acho que, quando a relação de interesse é disfarçada, como Régis (Reynaldo Gianechini) faz com Maria da Paz (Juliana Paes), é algo horroroso. Mas, se todo mundo sabe o que está em jogo, eu não vejo problema. Claro que nunca faria isso, porque minhas escolhas são mais afetivas — reflete.
Há um ano e meio, ela começou a namorar o ator Eduardo Speroni (o dançarino Bebeto de “O sétimo guardião”).
— Batemos textos juntos, nos ajudamos, é ótimo — diz Carol, que mora com os pais no Grajaú, na Zona Norte do Rio, e não pretende juntar as escovas com o rapaz: — Quero morar sozinha primeiro, porque nunca tive essa experiência nem ele. E a gente já fica muito junto, é quase um casamento.
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Redação iBahia
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