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Daniela Mercury fala das novidades para o carnaval e sobre carreira internacional de Ivete e Claudia Leitte

Confira segunda parte da entrevista exclusiva para o iBahia direto de Nova Iorque

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09/10/2011 às 16:13 • Atualizada em 27/08/2022 às 23:54 - há XX semanas
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Na véspera de iniciar a turnê internacional de lançamento, Daniela Mercury bateu um papo com o iBahia. Na segunda parte da entrevista, ela fala sobre política, da carreira internacional das colegas cantoras, dos planos para o Carnaval 2012, do pagode e da música na capital baiana. "Salvador é movida a música". MT: Você acha que o Brasil vive esse momento internacional com Ivete, com Claudia Leitte, você acha que existe um interesse em escutar música brasileira? DM: Eu acho que as cantoras querem fazer isso e acho que os cantores sempre quiseram fazer isso. Mas não dá pra fazer todos os esforços do mundo. O Brasil é um país difícil de se trabalhar, é tudo muito distante, caro, o Brasil está muito caro. Então é muito desafiador. Nós somos empresárias de nossas carreiras. Já faz muito tempo que não existe investimento da gravadora, não tem mais isso. Não é que não tenha. Eu sou uma artista autônoma que vai fazendo com as gravadoras, mas ela tem apoiado menos do que historicamente apoiava. O mercado está muito sofrido. A indústria de música e de discos. Hoje mesmo morreu o Steve Jobs, ele que inventou esse mecanismo de se pagar a música pela internet. É um dia bem simbólico para o mundo, eu fiquei muito triste com a perda dele. Eu sempre fui fã dele, como empresário, como pessoa, como criador. Uma pessoa criativa, inovadora. Um profeta das comunicações, da modernidade. Então, eu acho importante que para o Brasil crescer, o Brasil precisa pensar que nós precisamos ser mais transparentes, mais éticos. Termos mais noção dos nossos direitos, mas de nossos deveres. A gente só vai construir um país forte com a qualidade que a gente quer se a gente fizer um esforço. Fortalecer nossos valores na sociedade. Eu acho que a gente tem que refletir sobre isso. Fica aí essa mensagem. Engraçado, uma vez no Festival de Verão eu disse: ‘Gente, pirataria não é legal’. Aí todo mundo me vaiou. Eu não estou entendendo. No Japão eles têm 10% de pirataria e têm vergonha disso. E a gente tem mais de 90% de pirataria no Brasil e não tem vergonha disso e ainda vaia quem reclama da pirataria. Toda vez eu falo que a indústria envolve dezenas, milhares de pessoas, desde o técnico, motorista, faxinerio, compostor, estúdios, pessoas que param de trabalhar na área de música porque está completamente falida. Adoro, amo a internet , acho espetacular, uma revolução inegualável na história da humanidade, mas acho que pra tudo o ser humano tem que achar um equilibro...Daí puxei esse assunto...Steve Jobs organizou a venda de música na internet, o sistema de comunicação, de computação, os Ipads e os Ipods, o Iphone, toda essa relação. Ele era uma pessoa muito humana. Eu acho que a internet está caminhando pra ser a verdade dentro da comunicação direta com o mundo, com as pessoas. MT: Mas voltando às cantoras... DM: Então a Ivete fez um esforço enorme pra vir, fez um trabalho admirável. Claudinha se esforça, luta, cresce, acho que também são pessoas admiráveis em suas carreiras, trabalhadoras, talentosas, cada uma do seu jeito. MT: Você se sente mãe delas? Porque você meio que abriu a trilha pra essa gente toda. Você é a pioneira... Você deve ter esse título de ‘rainha’ por isso. DM: Mas eu não me sinto. Eu me sinto lisonjeada. Ivete é sempre muito carinhosa comigo. Claudinha também e vários amigos artistas. Fico muito feliz, é um reconhecimento humano, de amigo, de quem tá perto, quem sabe o esforço. Às vezes quem está em outra área não percebe o esforço que a gente faz. A luta de cada um do dia-a-dia. E principalmente quando a gente começa a fazer a mesma coisa: Puxa, o outro fez esforço, dedicou seu tempo, quanto isso custa. Tempo de vida, de alma, de energia, de entrega e as horas de vida valem mais que qualquer coisa. Então, quantas horas de vida você colocou em função daquilo. (o assessor interrompe a entrevista controlando o tempo, Daniela tem uma agenda rigorosa de entrevistas até o dia da estréia) DM: Mas voltando no Brasil, eu acho que ele tá nesse momento, orgulhoso de si, querendo crescer, se vendo melhor, mais forte, mas, a juventude nesses últimos 25 anos de democracia estabelecida, ficou celebrando. Celebrando a estabilidade econômica, e eu dizendo: ‘olha gente, acabou a ditadura, mas tem muitas lutas equivalentes...’ MT: Aqui tem uma força nesse sentido...todo mundo parece estar trabalhando pra melhor as coisas coletivamente. DM: É. Eu acho que o Brasil é um pais que tem ganhado todos os prêmios de empreendedorismo no mundo, mas acho que a gente ainda tem que aprender sobre o empreendedorismo americano, a força de trabalho que a China tem mostrado, apesar de nós termos mais próximos em questão dos direitos humanos, mais democráticos, o Brasil tá na frente nesse sentido, mas a gente precisa realmente, militar na área da educação. Eu torço muito que a gente consiga fazer um ataque pesado em favor da educação de qualidade, um esforço absurdo, rápido e eficiente. O Brasil precisa se tornar eficiente rapidamente, gerar mais pessoas preparadas para assumir os empregos necessários, senão a gente vai ter que começar a importar mão de obra do exterior porque não temos técnicos, engenheiros necessários para o crescimento do Brasil. As escolas públicas brasileiras precisam realmente acelerar com eficiência o ensino de qualidade no Brasil. E o sentido ético de diminuir a corrupção no Brasil. Mas eu acho que a sociedade precisa participar pra equilibrar o poder com os gestores públicos. Ela precisa mostrar quem ela é. Se fortalecer eticamente. A sociedade precisar pensar o que quer para si porque essa história de jogar a responsabilidade em deus, no outro, no político, do que é seu dever, não funciona mais. Então não dá mais para celebrar só o equilíbrio econômico, nem tão pouco celebrar a democracia e achar que está tudo resolvido porque não está. E o Brasil é maravilhoso por isso, porque a gente tem muito o que fazer. E por isso eu estou aqui, porque tem muito o que fazer, nas artes, fora do país. Aqui é o centro da comunicação do mundo. Porque eu estou em Nova Iorque? Porque aqui é o centro de comunicação do mundo. Então você tem que conseguir vir aqui sempre. Não só aqui mas no resto do Estados Unidos e outros países importantes para você conseguir expressar sua arte, dialogar com o mundo e se fazer presente enquanto artista e fazer o meu país presente. MT: Para terminar, gostaria que você falasse um pouco sobre novos trabalhos, e claro, novidades para o Carnaval 2012. DM: Eu já estou preparando várias canções. Tenho música nova para o verão, vendo o que vai ser, começar a produzir quando eu voltar para o Brasil. O ano foi corrido gerindo esse mundo todo. Passei por tantos lugares esse ano, tantos países que às vezes eu troco até os anos. Nem sei que ano eu estou mais (risos). México, Canadá, já fiz Portugal, Espanha, vou para Alemanha fazer um programa de TV importante agora no final do ano. No Carnaval, o tema será Jorge Amado. Jorge é nosso amado, extraordinário, o imaginário de todos nós, não só dos baianos, mas dos brasileiros. Um dos escritores mais conhecidos do mundo, personagens riquíssimos. É o centenário dele e eu já estava atenta porque sou apaixonada por Jorge. E tenho uma novidade: o Camarote voltou para minhas mãos e de Lícia, a Contigo vai fazer seu camarote sozinha. Então, eu tô fazendo toda uma mudança estética, conceitual, de espírito, o camarote volta a ficar mais baiano, mais solto e vai ser bem gostoso receber muita gente lá. Têm novidades que eu não posso dizer ainda (risos), eu não posso dizer muita coisa. Eu quero dizer que vai ser um Carnaval exuberante e eu estou muito feliz, num momento muito feliz. Ano passado eu trouxe orquestra, esse ano vou trazer uma novidade tão relevante quanto os outros. Eu tenho que homenagear Jorge com tudo que ele tem direito. Eu vou fazer o trio sem cordas, domingo, segunda e terça no Crocodilo, mas tentando contribuir o máximo com minha cidade para ser sempre o lugar da antropofagia artística. Salvador já é assim. Salvador respira arte. Ela não racionaliza arte, ela é intuitivamente artista, isso é fantástica. Eu estou apaixonada pelo pagode, acho fantástico, adoro Psirico, Parangolé, adoro Harmonia, acho que tem uma turma talentosíssima, vejo esse momento como foi o momento do Olodum em 87, essa força do samba, essa meninada, essa cria do Olodum que fizeram essa mudança na música, que vez desde ‘É o Tchan’, desde o GeraSamba, TerraSamba, essa nova geração que bebe de todas essas fontes. Acho que estamos num momento de prosperidade musical, espero que a cidade, politicamente, e a sociedade também cresçam junto com todo o entretenimento e arte que movem Salvador. Salvador é movida a música. - Leia a primeira parte da entrevista exclusiva de Daniela Mercury ao iBahia, direto de Nova Iorque - Daniela Mercury faz show em Nova Iorque e inicia turnê nos Estados Unidos - Leia crítica sobre o show e veja os vídeos da apresentação em Nova Iorque

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